sábado, outubro 04, 2003

Soneto


Na estante guardava o retrato em branco e preto
Na orelha de um livro e no meio da estrada
Mas à coleção ainda faltava um detalhe, quase nada
Alguns versos derradeiros para formar o soneto.

Debrucei-me nas palavras sem achá-las de momento
Substantivos, adjetivos: as frases saiam forçadas
Faziam-se complicadas, fugiam-me entre os dedos
Tombavam pela boca e no ar encontravam-se paradas.

Tentei roubá-las num assalto vão à Possibilidades
Pegar emprestado as de Carlos Drummond de Andrade
Retornei à renascença e apelei a Camões e Petrarca

Nenhuma resposta obtive nem nas formas arcaicas
Nas cantigas ou sonetos só o amor que tive
Hoje meu amor reside em cantos de amizade.

Nenhum comentário: