sábado, setembro 04, 2004

Íntimo e pessoal II

Eu tenho a estranha mania de comparar pessoas a desenhos animados e situações a cenas de filmes. Se há uma incompatibilidade de horários eu digo que vivo um "Feitiço de Áquila", se alguém me assusta, penso em um desenho animado com o qual a pessoa se pareça para me sentir à vontade. Se me apaixono, viro o gaguinho e tenho a mesma imbecilidade do coiote atrás do Papa-léguas.
Sou uma cebola, ou um ogro se você preferir, às vezes estou na porta do cinema, esperando alguém que, talvez, só apareça daqui a 15 anos, ou então, vá me deixar lá, assistindo ao filme que poderia ser minha sem mim.
Nada mais próximo de mim que Cabíria, nada mais sublime que ficar horas vendo os filmes do Fellini.
Tudo é sempre um filme, na maioria das vezes um filme de animação, tudo é como "Waking Life", um sonho do qual eu não consigo acordar, onde pessoas dizem várias coisas sobre o que é a vida para elas. Coisas que eu também penso ditas por quem não conheço. Um sonho do qual eu não consigo acordar.

Mas eu tenho o grande defeito de não saber ir embora no momento em que sobe os créditos. Eu tenho a teimosia de querer saber o depois do "felizes para sempre", do "The End".
É por isso que eu sempre carrego comigo "a leve impressão de que já vou tarde..."
Preciso aprender a ir embora no exato momento em que sobem os créditos finais.


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