Um post realmente autobiográfico
Durante muito tempo usei o pseudônimo de Zilda. Ele surgiu pela dificuldade dos porteiros de prédio e recepcionistas entenderem meu nome.
Como passei a chamar-me Zilda em quase todas as ocasiões sociais em que não se precisa de RG, acostumei e já me imaginava protagonizando uma paródia da personagem de Rita Hayworth, a Gilda. Pensei até em escrever uma pseudo-autobiografia chamada: "Nunca houve uma mulher como Zilda". Seria a glória contar sua vida pra lá de fascinante: uma mulher bonita, culta, inteligente e, principalmente, muito sexy e interessante ao olhar masculino.
Algum tempo depois, percebi que Zilda era tudo que eu gostaria de ser e não teria a menor graça escrever a biografia dessa mulher, porque ela era perfeita. Não há nada mais chato do que alguém perfeito, afinal, não foi à toa que crucificaram Jesus Cristo.
Quando Zilda passou a ser intragável, precisei de outro pseudônimo para as ocasiões sociais e também para povoar a minha imaginação com idéias mirabolantes sobre os seres humanos. Nesse momento virei Zuleika Macbeth. Claro que nunca ousei dizer o sobrenome escolhido aos porteiros e às recepcionistas, apenas o utilizei num "conto" erótico que me encomendaram e jamais publicaram.
O nome surgiu por causa de uma moça que eu entrevistei para trabalhar em casa, história até já contada aqui, mas para não obrigá-los a abrirem outra página, vou resumi-la.
A moça lavava as mãos a cada pergunta que eu fazia e se chama, pela graça dos deuses do nome, Zuleika. Digo pela graça dos deuses, porque tenho obsessão por nomes iniciados pela letra "Z".
Contudo, ela não era uma doméstica, seu perfil fora inventado pela pessoa que me encomendou o conto e era mais ou menos assim:
Zuleika Macbeth é jornalista e escreve contos de macho para revistas femininas ou contos femininos para revistas de macho. Ela nunca sabe dizer...
A Zu era legal, gente boa para conversar no bar, falar de homem e futebol. Uma mulher pra lá de moderna que não suportava frescura e ia direto ao assunto, mas era tão direta e sincera que chegava ser insuportável para uma convivência mais íntima. Sua carreira na minha fértil imaginação durou pouco, apenas o tempo de escrever o tal conto e algumas outras coisinhas.
Quando estive fragilizada, Beduína dos Velso pareceu-me ser alguém legal para expressar-se por mim. Achei que seria uma mistura de Gibran com Drummond. Meu lado oriental, cristão e profético somados à tristeza, descrédito e passionalidade que me invadiram na ocasião.
Esse nome me foi dado por um grande amigo quando, digamos assim, estávamos namorando.
Contudo, Beduína dos Velsos tornou-se um disco riscado na minha doente cabecinha. Não estou falando sobre os momentos em que escrevo coisas introspectivas nessa página, porque nada do que eu digo aqui deve ser levado a sério. Estou falando sobre a decadência de alguém que nasceu para correr nua no deserto e desafiar as areias que cegavam seus olhos e acabou tornando-se melosa e romântica demais. Um ser que anda na rua de cabeça baixa e cicatrizes nos pulsos.
Definitivamente, Beduína precisa morrer, só me falta um novo nominho para povoar meu quarto e para eu escrever mais uma pseudo-autobiografia.
Alguma sugestão? Aguardo respostas.
terça-feira, julho 06, 2004
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