Um dia em Macondo
Resolvi sair da toca e dar umas bandas por Macondo. Coloquei minha toquinha, ganha no meu aniversário, que me deixa parecendo um cogumelinho e segui o caminho das pedras. Primeira parada : locadora! - Fui andando e revendo as árvores. Conversei com a minha favorita, a que fica atrás do muro em que está escrito "O Senhor é meu Pastor e nada me faltará". Eu a chamo de Salmo e ela está ali desde que tenho 3 anos de idade. Confesso que o Salmo não está ali há tanto tempo.
Depois, nas favelas, no senado.. opa! senado não, porque eu não moro em Brasília, quem mora é outra pessoa. Voltando, nas favelas, alguns ex- alunos que ainda sobrevivem e me reconhecem, me chamam pelo nome. Alguns, mais engraçadinhos, passam umas cantadinhas, afinal, eles não são mais garotinhos, já estão com 21, 22 anos.
Parei para saber um pouco sobre suas vidas. Contaram-me que o meu guri favorito, tinha 11 anos na época e hoje 18, fugiu para Bahia por ter se envolvido com uma mulher casada. O marido corneado o jurou de morte.
Um dos outros "meus guris", ou melhor, outra, mas ela jurava que era um garoto, estava namorando com uma menina que não sabia que ela é ela. Eu perguntei como e eles não souberam me explicar direito, só souberam dizer que a menina era de "responsa" - deve ser o jeito deles de dizer que a guria, além de boba, é virgem. Despedi-me dos garotões e segui em frente. No caminho, algumas rodas de samba, cultos evangélicos - como tem igreja em Macondo! só da minha casa até a locadora são 5, fora a católica que fica do lado da minha casa.
Após locar meu filminho, resolvi passar na casa da minha grande amiga. Tá gostosona minha nega! Emagreceu 45 kgs desde que perdemos nosso bebê. Uma festa de arromba e ela completamente bêbada me abraçava e fazia declarações de amor às 17h. Estava bebendo desde ontem à noite. Não pude ficar muito tempo, estava sóbria demais para o papo sobre o cara que estava apaixonado pelo Javali que apareceu no morro semana passada. Beijei o povo e dei pista.
Última parada do passeio: Supermercado. Carrinho, produtos e um maluco correndo e gritando - "menina linda"! - veio em direção a mim, me abraçou, me deu um beijo no rosto como se fôssemos velhos conhecidos e eu jamais tinha visto aquele rosto em toda minha vida.
Depois foi a vez de um velhinho me interceptar e fazer um relatório sobre minha infância, quero dizer, sobre a infância da tal de Cláudia que ele jurava que era eu. Deixei-o pensando que sim.
Cheguei em casa com a sensação de que tudo em minha vida voltara ao normal.
sábado, abril 10, 2004
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