quinta-feira, maio 29, 2003

Hoje eu morri, e daí?


Hoje eu morri ao ver seu olhar de indiferença. Morri ao sentir que o seu silêncio era fruto do desprezo. Morri quando atirou contra mim todo o seu descaso, demonstrando que toda a importância que dei era um erro mortal. Ao me desarmar você se armou até os dentes e atirou sem piedade em um coração que, se antes mal batia, agora, já não bate mais.
Sim, eu morri. Cheguei ao fim das esperanças, perdi os desejos, as vontades e todas as minhas representações. Não há mais significados para signo algum. Não consigo enxergar vida e apaixonar-me por ela.
Cansei de esperar e nunca alcançar, cansei de tentar entender que o meu amor é uma via de mão única.
Hoje conversei com a morte e ela respondeu-me que o melhor a fazer é decretar o velório dos meus sentidos. Não quero ver, ouvir, falar, tocar, cheirar, sentir gosto.

Não quero nada!

Só peço que ao sair, apague a luz, ainda tenho a minha photophobia. Apague a luz, deixe-me onde me encontrou: no escuro. No escuro, porque hoje eu morri, e daí?

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