quarta-feira, maio 07, 2003

O Amor é cego, surdo, mudo e velho!

Na semana santa, meu cachorro, Al Pacino, foi namorar. Muito educado, gentil, preferiu conhecer melhor a cadelinha com quem iria ter a sua primeira vez. Não quis chegar "junto" logo de cara. Passearam, brincaram, conversaram. Um namoro à moda antiga, sem clima, nada à meia luz, tudo às claras e de forma muito respeitadora. Embora, mais experiente que Al Pacino, a cadelinha manteve-se discreta e não deu investidas, aceitou a côrte, mas sem dar muitas esperanças ao jovem cachorro. (Modéstia à parte, um lindo e jovem cachorrinho.)
Nesse sábado, sentindo a tristeza de Al Pacino, resolvemos levá-lo para visitar sua amada. Chegando lá, a decepção foi imediata. Lilica estava com outro. Não deu a menor bola para o pobre Al Pacino que, nem havia completado um ano, já tinha sua primeira desilusão amorosa.
Ela havia preferido o cachorro que morava ao lado, um Sr de idade que já havia perdido a audição, a visão e o latido. Sim, ela preferiu um vira-lata cego, surdo, mudo e velho.
Eu, embora revoltadíssima pela tristeza do meu bichinho adorado, entendo a cadela. O amor é assim, é cego, surdo, mudo e VELHO! Pelo menos, para o Al, há como dizer que ele vai encontrar uma cadela que o mereça, pois já estamos providenciando uma nova namorada que queira ter horas agradáveis ao lado do meu bebê. Contudo, para nós seres-humanos, é impossível dizer que iremos encontrar alguém assim, tão imediatamente. É necessário que consigamos ficar cegos, surdos, mudos e, principalmente, abertos para que, em um momento de insanidade, alguém queira cegar, emudecer, ensurdecer e envelhecer ao nosso lado.

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