terça-feira, junho 10, 2003

Eu não sou só minha bunda!

É difícil entender os homens. Eles nem têm TPM, conseqüentemente não menstruam, e ainda assim você não consegue estabelecer um diálogo inteligível com eles.
Se você só quer sexo, é a galinha do pedaço, mesmo que eles se achem modernos e legais o bastante para entender. Pior ainda é se você não atende o telefone no dia seguinte, afinal, temos sempre que estar esperando o telefonema que eles não vão dar.
Se você quer relacionamento sério, eles dizem que não querem que você se envolva. E se você não quer se envolver, eles vão dizer a mesma coisa, pois um homem contou-me sobre um gene da enrolação, só existente em pessoas do sexo masculino, que torna necessária essa desculpa.
Agora, o mais difícil de lidar é com homens carentes, românticos e perdidamente apaixonados desde o primeiro encontro. Até que a gente gosta disso nas primeiras vezes, mas a bondade masculina é algo patético e chato.
Encontrei um tipo desses uma vez. Tinha uma bunda linda, gostosa de pegar, muito bem desenhadinha, uma delícia! Lembrava até a bunda do Brad Pitt naquele filme "Lendas da Paixão". Se você não lembra qual, não poderei ajudar, pois a única coisa que sei do filme é a cena em que aparece a bunda do Brad Pitt.
Rapaz delicioso, tinha ótimas mãos, sabia usá-las, o que é importante em um homem. Dedos ágeis e braços fortes. Não era muito bom com as palavras, mas eu não estava nem um pouco a fim de conversar. Final do encontro, destino inevitável: o meu apartamento. Ele ficou meio constrangido com o convite, tive que insistir bastante para que ele subisse, quase me ofereci para ligar pra sua mãe e ver se ela deixava.
Na primeira noite, fiz a besteira de deixá-lo dormir em casa. Porém, o rapaz havia se saído muito bem e a hesitação em aceitar o convite havia me deixado mais animada, não tive como mandá-lo embora naquela vez.
Contudo, na segunda vez, decidi levá-lo a um motel, assim seria mais fácil deixá-lo em casa e eu não teria que acordar com alguém baforando na minha orelha. Meu mau-humor não permite pessoas ao meu lado logo cedo.
Estávamos no motel, já no cigarrinho do depois. Eu, olhando pro teto, pois a "olhada pro teto" é necessária. Escolhi uma suíte com teto solar, pois gosto de olhar as estrelas e odeio espelhos. Nesse momento o rapaz começou a filosofar sobre química que une duas pessoas:
- É tão maravilhoso o que aconteceu entre a gente, Zu. Nossa, a colisão entre duas pessoas, a química que une duas pessoas que talvez jamais fossem estar juntas..
Ah, tanta baboseira numa frase só eu até aguentaria se estivesse apaixonada, mas no segundo encontro não rola, né?
- Eu preciso dizer o quanto estou apaixonado por você, Zu.
Chamou-me de Zu pela segunda vez, odeio que me chamem de Zu, minha mãe colocou Zuleika, não é um nome lindo, mas é o meu nome e gosto de ser chamada pelo nome, além disso, não tínhamos tanta intimidade assim. Naquele momento pensei que eles deveriam inventar cama de motel com catapulta. O teto solar estava ali, era só apertar um botão e o cara iria longe.
O garoto continuou falando e eu pensando: será que românticos apaixonados não dormem nunca?
Realmente não estava com vontade de levar o papo adiante, mas o rapaz era gostoso e bonzinho, não tinha a intenção de ser grossa com ele. Queria garantir uma próxima vez, né? Então, resolvi elogiá-lo:
- É. Falando em química, eu já mencionei que você tem uma bunda linda?
- Umas cinco vezes.
- Pois então, é porque você tem mesmo.
Nessa hora o garoto surtou:
- Você não presta atenção no que eu falo. Só fica falando que eu tenho uma bela bunda. Que droga! EU NÃO SOU SÓ MINHA BUNDA!!!
Vestiu-se e foi embora sem mim. Uma pena, ele calado era por demais interessante.

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