Saudade
Era uma vez uma beduína que vivia num deserto sentimental. Ela fazia versos e os jogava na areia, deixando-os como rastro.
Um dia, um marinheiro que também fazia versos e jogava-os no mar, atracara por ali. Encontrou o caminho poético e resolveu segui-lo. Ao longe avistou a beduína, olhou-a e a percebeu triste, então perguntou:
- Por que rimas tão áridas, cara beduína dos versos?
Ela olhou para o marinheiro e perguntou-lhe:
- Por que versos tão salgados, caro marinheiro?
Ele a tomou nos braços e a beijou. Foi embora e eles nunca mais se viram.
A Beduína continuou fazendo seus versos, mas agora jogava-os no mar na esperança do marinheiro encontrá-los.
O marinheiro deixou o mar e agora vive num deserto.
(Saudade docê, Jô)
sábado, junho 21, 2003
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