segunda-feira, junho 30, 2003

Não resisti

ATÉ QUANDO???

Link

Novo link no pedaço. Pedrinho S., um jogador que, tenho certeza, vai mudar seus conceitos e pré-conceitos.
Conheçam:



domingo, junho 29, 2003

Declaração de Amor

Marta estava brava com seu namorado. Carlinhos não era mais o garoto romântico do início do namoro. Não fazia mais declarações, não dizia coisas bonitas de amor. Ela gostava das coisas bonitas de amor e ele deixou de falar e fazer. Brigou com ele. Disse que queria uma declaração bem bonita.
Carlinhos não sabia o que fazer. Disse que a amava, mas Marta não aceitou. Queria mais que um simples "Eu te amo". Ela falou que isso a gente pode dizer olhando no olho e estar mentindo. As outras coisas não. As coisas bonitas de amor a gente não consegue mentir, ninguém elabora coisas bonitas pra alguém que não ame. Eu te amo , homem diz até pra prostituta quando está com muito Tesão.
Foi à praia de copacabana, sentou num banquinho, cabisbaixo, quieto, com olhar perdido em direção ao mar. Uma moça passou e falou baixinho:
- Você me lembrou o seu Carlos.
- Quem é esse?
- É o dono da Versejaria ali da esquina, não conhece?
- Não.
- Ele vende os mais belos versos.
Carlinhos ficou feliz, agora era só passar na loja do seu xará e comprar uns versos e dar de presente pra Marta. Mas quando chegou na Versejaria, estava fechada. Seu Carlos havia deixado um bilhete, na porta, em que estava escrito:

FALÊNCIA.
TENTE A LOJA DE PALAVRAS
ESTRELA DA MINHA VIDA


A loja de palavras "Estrela da Minha Vida" era de seu Manuel. Homem bom, mas meio estranho, gostava muito da palavra morte. Devia ser por causa da tuberculose. E foi por causa da tuberculose de seu Manuel que Carlinhos deu com os burros n'água. A loja também estava fechada. O dono do bar ao lado informou que seu Manuel tinha ido fazer um tal de "Pneumotórax", mas os fregueses do boteco juravam que o tinham visto dançando um tango argentino no meio de um "Bacanal".
Carlinhos não estava muito interessado no paradeiro de seu Manuel, queria mesmo era encontrar um lugar pra comprar coisas bonitas de amor pra dar à Marta. Foi informado da prosaria de seu Assis. Disseram-lhe que era a melhor prosaria do mundo. O homem era sabido por demais. Gostava das coisas direitinhas, seus funcionários tinham que usar as vírgulas nos lugares certos e o traje na mais perfeita coesão e corência. E eram obrigados a falar difícil.
Carlinhos correu pra lá, mas seu Assis estava na hora do almoço. Deu de cara com a porta e aproveitou para ir almoçar também. Antes, passou no banheiro para lavar as mãos e lá encontrou um Sr. mulato, que estava diante do "Espelho" e se parecia com a descrição que fizeram de seu Assis. Foi perguntar:
- Oi. Tudo bom, o Sr. é seu Assis ?
- Sou sim.
- O Sr sabe onde eu posso encontrar uma loja que venda coisas bonitas de amor?
- Pra quê? "A melhor declaração de amor não vale um beijo" , meu jovem.
- É, vai falar isso pra Marta...
Saiu e foi atrás das coisas bonitas de amor. Passou na "Linguagem do Sertão" do seu Rosa, mas não entendeu quase nada que ele falou. Achou bonito, mas não era o que precisava. Foi à loja "Paulicéia" de um tal seu Mário, mas ele tinha ido a São Paulo dar aulas de piano.
Cansou de procurar e na volta pra casa, foi encontrar Marta. Estava com medo, não tinha encontrado nada pra dizer. Nenhuma coisa bonita de amor. Lembrou-se, então, das palavras de seu Assis e resolveu tentar:
Envolveu-a nos braços e como se desenhasse sua boca, contornava-a com os dedos. Fechou seus olhos e a beijou. Um beijo terno e furioso. Um beijo intenso como uma morte lenta. Um beijo que fica na boca mesmo depois que acaba.
Marta sorriu, entrelaçou sua mão na de Carlinhos e disse:
-Leve-me para onde quiser.

Pra dar um gostinho

Então, aí vai uma composição do Samba da Vela. Proceis verem que em Sampa tem Samba de boa qualidade!!!!!

A DONA DO SAMBA

(Graça/Paquera)

A dona do samba sou eu
Sou eu, sou eu
Nasci com o samba no pé
Um ato de amor e de fé
E seja o que Deus quiser

Se estiver no samba eu caio
Se manda sair não saio
Se manda calar, não calo
O não tem vaidade
Só traz a felicidade
Com ele eu canto a minha verdade
Deixa falar quem quiser
O samba
Reconhece de fato o valor da mulher






Samba da Vela

Hoje fui ver o Samba da Vela.

Muito legal. Foi a primeira vez que fui num show deles e me apaixonei. Descobri que eles tocam na Casa de Cultura de Santo Amaro toda Segunda-feira às 20:30. Puxa, pertindo de casa...
E ainda dizem que Segunda-feira é um dia morto. Tem Samba da Vela, galera!
Bom, eu sempre gostei de Segunda... um motivo a mais.
Ah, não deixem de entrar no site deles, é bem legal e vocês vão conhecer um pouco mais da Comunidade Samba da Vela.
www.sambadavela.com.br

sábado, junho 28, 2003

...

sexta-feira, junho 27, 2003

....

Feliz Aniversário Atrasado.

Dia 25 de Junho, minha querida amiga Seiva completou 25 aninhos. Não pude dar os parabéns no dia, pois desde segunda estive sem acesso à net.
Parabéns, minha querida. E como fazer 25 anos, para mim, é fazer Bodas de Prata com a vida, deixo um poema para você, homenageando suas bodas!

25 Anos
Numa tarde chuvosa
Diante do Espelho
Nem menina nem mulher
Uma espinha aponta a adolescência
Inacabada
Os olhos nostálgicos relembram
A infância adormecida.
A casa vazia, o barulho da chuva
O jantar por fazer.
O Cabelo emaranhado
O colo, os seios, a pele
Apontam a adolescência
Terminada.
Os olhos enxergam
A mulher escondida.
A casa vazia, o barulho da chuva
O jantar por fazer.
Diante do espelho
Nem menina nem mulher.

quinta-feira, junho 26, 2003

Aniversário

Hoje é aniversário do Gilberto Gil.
O mais engraçado é que fiquei sabendo disso porque um cara que conheci numa festa da faculdade, gritou hoje de manhã:
- Hoje é aniversário do seu querido Gil
Eu havia acabado de acordar, tava voltando pra casa depois de uma noite mal dormida na faculdade e demorei pra reconhecê-lo. Não havia entendido o porquê do "querido Gil", muito menos que ele fava do ministro. Só depois me lembrei que nessa festa, o DJ tava tocando umas músicas muito ruins e eu, já completamente bêbada, me meti a olhar os CDs do cara e vi que só tinha porcaria. Achei, então, um do Gilberto Gil e pedi pra que ele colocasse.
O rapaz, militante radical de algum partido desses que a gente nunca lembra a sigla, ficou me enchendo o saco porque eu havia dado a sugestão. Pediu pra tirar Gil e se ferrou! O DJ começou a tocar umas "bregamusics" americanas e foi obrigado a implorar para que ele voltasse a tocar Gil, dizendo:
- O ministério da cultura decretou que no dia de hoje é obrigado a só tocar Gilberto Gil

Bom, meu querido ou não, Gil é sempre bom de ouvir.

segunda-feira, junho 23, 2003

Amor
(Para agradecer as noites me ouvindo chorar, por ter sido meu porto-seguro, meu abrigo contra o mundo que me batia, por se preocupar comigo e do seu jeito, meio torto, me dar tanto carinho)

Eu tenho um grande amor. Não, não é um amor convencional, desses de folhetins e romances românticos. Não é assim que penso nessa pessoa. Já pensei, já sonhei em passar o resto da minha vida numa cidade do Espírito Santo ou em qualquer lugar do mundo, desde que fosse ao seu lado. Mas agora é diferente, agora eu só posso dizer que o amo muito, sempre vou amar e quero que ele esteja o resto da minha vida comigo, porque é, sem dúvida, o homem da minha vida, é, como disse uma amiga, o meu amor, a minha paz.
Dueto Chico Buarque/1979

Consta nos astros
Nos signos
Nos búzios
Eu li num anúncio
Eu vi no espelho
Tá lá no evangelho
Garantem os orixás
Serás o meu amor
Serás a minha paz


Consta nos autos
Nas bulas
Nos dogmas
Eu fiz uma tese
Eu li num tratado
Está computado
Nos dados oficiais
Serás o meu amor
Serás a minha paz

Mas se a ciência provar o contrário
E se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir
Em nos separar
Danem-se
Os astros
Os autos
Os signos
Os dogmas
Os búzios
As bulas
Anúncios
Tratados
Ciganas
Projetos
Profetas
Sinopses
Espelhos
Conselhos
Se dane o evangelho
E todos os orixás
Serás o meu amor
Serás, amor, a minha paz
Consta na pauta
No Karma
Na carne
Passou na novela
Está no seguro
Pixaram no muro
Mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor
'Serás a minha paz
Consta nos mapas
Nos lábios
Nos lápis
Consta nos Ovnis
No Pravda
Na vodca

domingo, junho 22, 2003

Eu quero é ir me embora
Eu quero dar o fora!
(Caetano Veloso)

Mel

Das abelhas mineiras nasceste
Nas pedras foste colhida,
aos besouros entregaste o doce
aos amigos entregaste o própolis.

Para que lhe entregassem a força que foges,
as asas que não quiseste conseguir.
Permaneceste aquém do que pode
Foste obrigada a tentar seguir

Pelas ruas e becos escuros
Onde teu gosto e tua essência
Sumiram da tua face
Do teu sorriso e da tua meninice

Mas a uma menina deste o amor
Deste a compreensão e todo teu Mel
Porque percebeste a sua inquietação
Seu medo da selva escura e dos becos mineiros.

Que comem quietos e não avisam o inimigo próximo.
Seguem sérios e não deixam-te dormir tranqüila.

Essa menina em retribuição
pediu-me a comprovação da minha existência
E a faço em forma de poesia
Para mostrar-te, também, que és doce
apesar das pedras atiradas.
És meiga, apesar da meninice arrancada.

És filha da minha filha
apesar da minha inexistência comprovada.

sábado, junho 21, 2003

Saudade

Era uma vez uma beduína que vivia num deserto sentimental. Ela fazia versos e os jogava na areia, deixando-os como rastro.
Um dia, um marinheiro que também fazia versos e jogava-os no mar, atracara por ali. Encontrou o caminho poético e resolveu segui-lo. Ao longe avistou a beduína, olhou-a e a percebeu triste, então perguntou:
- Por que rimas tão áridas, cara beduína dos versos?
Ela olhou para o marinheiro e perguntou-lhe:
- Por que versos tão salgados, caro marinheiro?
Ele a tomou nos braços e a beijou. Foi embora e eles nunca mais se viram.
A Beduína continuou fazendo seus versos, mas agora jogava-os no mar na esperança do marinheiro encontrá-los.
O marinheiro deixou o mar e agora vive num deserto.

(Saudade docê, Jô)

Procura-se

Perdi a identidade, quando por maldade
Já estava demitida, você também me demitiu.
Desempregada, mal-amada, fui entregue à própria sorte.
Eu quis voltar pro norte.
Mas nem pro ônibus, dinheiro você deixou.
Se a história foi de fadas,
o meu príncipe encantado
caiu do seu cavalo, veio a pé
Mas tão cansado
Eu acho que ele morreu!
Ai, ai meu Deus! Ele desapareceu...
Naquele brilho estranho
Paranóia e desengano, estavam a me aguardar
No olhar dissimulado de um músico safado
Que só fez me enganar.
Me fez subir num ônibus,
lotou minha mente de sonhos
E me trouxe para cá!!!
E eu ainda aqui estou
na mesma escadaria
Em que você me disse adeus.
Chorando todo dia, em frente à Aparecida
Esperando por você
Que desapareceu...

É AMANHÃ!!!

sexta-feira, junho 20, 2003

Invasão familiar

A minha mãe é tão legal que me deixa fuçar o blog dela. É como se fosse secretária e me deixasse brincar com o telefone quando a chefe não tá por perto.
Eu poderia postar um funk aqui, só pra tentar acabar com a reputação dela. Mas como ninguém iria duvidar que tinha sido uma invasão, nem me dou ao trabalho.

Beijo, mãe!

quinta-feira, junho 19, 2003

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão


(Cotidiano - Chico Buarque)

quarta-feira, junho 18, 2003

Edy e o meu contador:

Edy, obrigada pela visita... Meigo você ter o trabalho de ir a um site de busca, digitar jogo da dama nice só pra chegar até aqui.
É por essas e outras que eu ADORO você.

segunda-feira, junho 16, 2003

Quase

Fazendo uma retrospectiva da minha vida, acho que tudo ficou no QUASE...

Quase me casei,
Quase me apaixonei;
Quase fugi pra Europa;
Quase fui jornalista;
Quase namorei o meu ex- namorado;
Quase me matei;

Bah, é melhor eu parar por aqui, tô QUASE ficando deprimida...

Quase
(Mário de Sá Carneiro)

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tude se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... -
Eu falhei-me entr os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

..............................................................

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

domingo, junho 15, 2003

Nostalgia

Eu tenho saudade do tempo em que as brigas se resolviam com samba, poesia e bons textos.
Grandes pérolas do nosso samba foram compostas em cima das "pendengas" de Noel Rosa e Wilson Batista. Ou das brigas de namorados, ou da pobreza em que a pessoa vivia. Antes, o cara brigava com a namorada, fazia um samba. Hoje, o cara briga com a namorada e a mata.
Antes, a infância sofrida dava um bom livro, "Infância" do Graciliano, por exemplo. Hoje se mata os pais.
Acho que no mundo de hoje é mais fácil matar, atirar contra aquilo que te fez mal. Contudo, matar não é exorcizar, não é deixar de lado, pois mesmo morto, o problema não deixa de existir. Um dos Faraós do Egito, não recordo o nome no momento, uma vez disse que se ainda falassem dele depois milhões de anos de sua morte, ele ainda existiria. Então, a morte física de algo, não é a morte completa, pois a existência se faz no outro.

Deve ser por isso que ainda escrevo, porque o sentimento que me levou a escrever meu primeiro poema (muito ruim, aliás), pode ter morrido, mas não deixou de existir.

"Recomeçar, o que restou de uma paixão
Voltar de novo à mesma dor sem razão
Guardar no peito a mágoa sem reclamar
Acreditar no sol da nova manhã
Dizer adeus e renunciar
Vestir a capa de cobrir solidão
Para poder chorar..."


(Recomeçar - Paulinho da Viola/ Elton Medeiros)

Bakhtin, eu e a bondade alheia

Desculpem leitores
Incomodar sua leitura
Mas eu estou desempregada
E é melhor pedir do que roubar
Eu quero muito ir à XI Conferência sobre Bakhtin
Só que é em Curitiba
E eu não tenho onde ficar
Nem dinheiro para pagar hotel...

Estou pedindo uma contribuição
Ou um lugar na sua casa (se vc é de Curitiba).
Ficaria muito grata.


(Como raramente eu recebo respostas aos meus apelos, se houver algum leitor que vá à Conferência, peço que me mande notícias, pelo menos...)

Uma pequena declaração:

DAVI, EU TE AMO!
SMACKS!!!

Quer se emocionar?


Quer se emocionar com algo singelo, porém triste?

Clique aqui e leia "Fita Verde no cabelo" de Guimarães Rosa.
O que estão esperando? Entrem no site!

sábado, junho 14, 2003

Jogo

Alguns leitores perguntaram como jogar. Tá, eu só tenho uma meia dúzia de leitores e foram 3 que perguntaram, portanto, 50% do meu "leitorado".
Vamos lá:

Para jogar com a dama:
Pra jogar é fácil, ou você comenta ou você me manda e-mail. Essas coisas que fazem em blogs.
O e-mail está aí no canto esquerdo onde está escrito "jogue comigo" e os comentários no final de cada post.


Para ganhar a dama:

Para ganhar a dama já é mais difícil: você tem que ler Schopenhauer, Sartre, Platão, Kant, Nietzsche, Bakunin, Marx, entre outros.
Gostar de literatura francesa e italiana, ser apaixonado por literatura Russa, especialmente Gógol e Dostoievski, Tchékhov, sabendo pronunciar corretamente os nomes em Russo. Amar filmes Italianos, principalmente Fellini, e ser encantado por tudo que acontece a sua volta.
Achar Baudelaire maravilhoso e gostar muito, muito, muito de poesia.
Achar Machado de Assis o melhor e Fernando "Pessoas" um mestre; ter entre sua pessoa preferida do Pessoas, Álvaro de Campos. Drummond deve estar na sua lista dos "mais mais".
Ah, deve respeitar Clarice Lispector e ter se emocionado com a novela do Miguilim do Guimarães Rosa. Gostar de arte é um requisito fundamental.

Ou então ser heterossexual que já tá bom...

Músicas que cantávamos errado

No dia dos namorados, quem não tem namorado, bebe! Foi o que eu fiz e em um determinado momento começamos a lembrar de músicas que cantávamos errado. Não lembro de todas citadas, mas lembro-me de duas:

"Trocando de Biquini sem parar..."
(correto: "Tocando BB King sem parar "- lembro-me de alguém contestando e dizendo que a primeira versão era a correta)

"E aí, o amor pode acontecer de novo pra você, Alpiste..."
(correto: "E aí, o amor pode acontecer de novo pra você, palpite")

E você, lembra de alguma música que você teimava que estava cantando certo e errava feio?

sexta-feira, junho 13, 2003

Crise Existencial -
(Sexta feira 13 pode!)


Eu não sei se gosto do que faço.
Eu não sei se quero gostar do que faço.
Eu não sei se gosto de querer gostar do que faço.
Eu não sei se quero gostar de gostar de querer gostar do que faço.


Eu preciso começar a gostar de alguma coisa urgente!
Tô com 26 anos e ficando mais ranzinza que meu pai, aos seus 92...

Faltam quantos minutos pra meia noite?

Será?

Depois da conversa "frustrante", recebi um e-mail que está me fazendo achar que os meus amigos estão querendo me convencer que o homem ideal é gay e ou eu começo a tentar ter Tesão em mulher ou me conformo em ficar encalhada mesmo.

A Hora do Trem Passar
(Raul Seixas)

Você tão calada e eu com medo de falar
Já não sei se é hora de partir ou de chegar
Onde eu passo agora não consigo te encontrar
Ou você já esteve aqui ou nunca vai estar


Tudo já passou, o trem passou, o barco vai
Isso é tão estranho que eu nem sei como explicar


Diga, meu amor, pois eu preciso escolher
Apagar as luzes, ficar perto de você
Ou aproveitar a solidão do amanhecer
Prá ver tudo aquilo que eu tenho que saber


Por que isso, Niti?
Lembrei de uma pessoa...




Análise.

"Eu consultei e acreditei no velho papo do tal do psiquiatra que te ensina como é que você vive alegremente, acomodado, conformado de pagar tudo calado, sem bancar o empregado, sem jamais se aborrecer"
(Raul Seixas)


Cheia de problemas, sem querer sair da cama, decidi que deveria buscar ajuda de um profissional. Fui ao tal consultório que haviam me indicado, o nome da analista era algo que eu não conseguia decorar.
Cheguei, entrei e reparei que não havia um divã. Estranhei, sempre achei que nesse tipo de consulta era obrigatória a existência de um divã. Na mesa, várias caixas de bombons vazias e várias cheias. O consultório cheirava a chocolate, em todos os lugares se encontravam papéis de bombons ou bombons, muito facilmente.
Comecei a falar sobre o que havia me levado ao seu consultório e ela parecia prestar muita atenção. Tinha um sorriso constante no rosto, usava roupas coloridas e parecia ser muito alegre.
Quando estava terminando a terceira caixa de chocolate, perguntou-me:
- Namorado, você tem?
- Não.
- Por quê?
- Não sei.
- Deve ser porque você tem medo de se envolver. Quando foi a última vez que se relacionou?
- Há um ano.
- Por que acabou?
- Ele disse que não queria que eu me envolvesse.
- Hum... Você ainda consegue fazer as coisas do seu dia a dia?
- Sim, com dificuldade, pois não tenho vontade de sair da cama.
- É, você é bem forte. Como consegue com tantos problemas?
Achei estranho essa pergunta, afinal, eu achava que era ela quem deveria me responder.
- É que não penso muito neles, se pensar tento me matar pela quinta vez.
Ela arregalou os olhos, parecia ter ficado com medo de mim. Terminou a quarta caixa de bombom com uma rapidez incrível.
Ao final da sessão, não resisti e perguntei por que ela comia tanto chocolate.
- É que eu tenho 31 anos, dois filhos, sou casada . Meu marido não liga pra mim e eu me viro com chocolate.
Pela quantidade de caixas de bombons esvaziadas em 40 minutos de sessão, ela deveria estar na seca há mais tempo que eu.
- Você não come chocolate?
- Não, tenho alergia. Mas assim, você se conforma com isso?
- É, tenho que me conformar.
- Por quê?
Não respondeu, olhou o relógio e disse que havia acabado a sessão.



quinta-feira, junho 12, 2003

Elogio.

Hoje, um estrangeiro falava da beleza da mulher brasileira. Disse que as garotas da universidade são as mais bonitas e usou-me como exemplo. Meigo, né? Ganhei um elogio. É bom saber que alguém te acha bonita, principalmente quando você se olha no espelho e se acha o ser mais horrível do mundo.

Paulinho da Viola e dia dos namorados para quem não tem namorado:

Todo mundo que me conhece sabe que eu ADORO Paulinho da Viola. É, gosto muito. Só não tenho todos os discos, porque minha conta bancária é, digamos assim, temperamental.
Enfim, essa introdução é para dar dicas de músicas aos meus leitores que não estão namorando, assim como eu, mas têm alguém, guardado bem lá no fundo e que não contam nem pra si mesmos, e acabaram deixando escapar por bobeira, por não acreditarem que poderia dar certo, ou mesmo por não estarem em um momento bom de suas vidas. Ou então, para aqueles que estão apaixonados, mas a pessoa ainda não se deu conta o quanto pode ser legal tentar, ou tentar de novo. Para esses eu indico: "Ainda Mais", letra, claro, do Paulinho (com uma mãozinha na melodia) e melodia de Eduardo Gudin.
Já aqueles que têm medo de amar, de se entregar aos encantos e desencantos de uma paixão, eu indico: "Ame", Paulinho e Elton Medeiros
O dia dos namorados não será tão solitário e vocês terão uma esperança de poderem comemorar, realmente, o dia dos namorados no próximo ano.

Ainda Mais:
(Paulinho da Viola/Eduardo Gudin)

Foi como tudo na vida que o tempo desfaz
Quando menos se quer
Uma desilusão assim
Faz a gente perder a fé
E ninguém é feliz, viu
Se o amor não lhe quer
Mas enfim, como posso fingir
E pensar em você como um caso qualquer
Se entre nós tudo terminou
Eu ainda não sei mulher
E por mim não irei renunciar
Antes de ver o que não vi em seu olhar
Antes que a derradeira chama que ficou
Não queira mais queimar
Vai que toda verdade de um amor
O tempo traz
Quem sabe um dia você volta para mim
E amando ainda mais.


Ame
(Paulinho da Viola/Elton Medeiros)

Ame
Seja como for
Sem medo de sofrer
Pintou desilusão, não tenha medo não
O tempo poderá lhe dizer
Que tudo
Trás alguma dor
E o bem de revelar
Que tal felicidade
Sempre tão fulgaz
A gente tem que conquistar
Porque se negar, com tanto querer
Porque não se dar, porque
Porque recusar, a luz em você
Deixar pra depois, chorar pra quê



quarta-feira, junho 11, 2003

Momento menina dos olhos tristes.



Todo mundo diz que tenho olhos tristes. É, devo ter mesmo. Ou não, podem ser minhas olheiras, que chegam até o queixo, que dão a impressão de um olhar triste. O fato é que eu estou triste. Muito. A vida não tem sido muito legal comigo e sinto-me no meio de um tiroteio do qual não há como escapar.
Será que milagres existem? Será que um dia eu consigo ganhar o meu verdadeiro "jogo da dama"?
Tem horas que eu quero me dar um xeque-mate!
...
...
...
O Fluminense perdeu esse final de semana, né?

terça-feira, junho 10, 2003

Eu não sou só minha bunda!

É difícil entender os homens. Eles nem têm TPM, conseqüentemente não menstruam, e ainda assim você não consegue estabelecer um diálogo inteligível com eles.
Se você só quer sexo, é a galinha do pedaço, mesmo que eles se achem modernos e legais o bastante para entender. Pior ainda é se você não atende o telefone no dia seguinte, afinal, temos sempre que estar esperando o telefonema que eles não vão dar.
Se você quer relacionamento sério, eles dizem que não querem que você se envolva. E se você não quer se envolver, eles vão dizer a mesma coisa, pois um homem contou-me sobre um gene da enrolação, só existente em pessoas do sexo masculino, que torna necessária essa desculpa.
Agora, o mais difícil de lidar é com homens carentes, românticos e perdidamente apaixonados desde o primeiro encontro. Até que a gente gosta disso nas primeiras vezes, mas a bondade masculina é algo patético e chato.
Encontrei um tipo desses uma vez. Tinha uma bunda linda, gostosa de pegar, muito bem desenhadinha, uma delícia! Lembrava até a bunda do Brad Pitt naquele filme "Lendas da Paixão". Se você não lembra qual, não poderei ajudar, pois a única coisa que sei do filme é a cena em que aparece a bunda do Brad Pitt.
Rapaz delicioso, tinha ótimas mãos, sabia usá-las, o que é importante em um homem. Dedos ágeis e braços fortes. Não era muito bom com as palavras, mas eu não estava nem um pouco a fim de conversar. Final do encontro, destino inevitável: o meu apartamento. Ele ficou meio constrangido com o convite, tive que insistir bastante para que ele subisse, quase me ofereci para ligar pra sua mãe e ver se ela deixava.
Na primeira noite, fiz a besteira de deixá-lo dormir em casa. Porém, o rapaz havia se saído muito bem e a hesitação em aceitar o convite havia me deixado mais animada, não tive como mandá-lo embora naquela vez.
Contudo, na segunda vez, decidi levá-lo a um motel, assim seria mais fácil deixá-lo em casa e eu não teria que acordar com alguém baforando na minha orelha. Meu mau-humor não permite pessoas ao meu lado logo cedo.
Estávamos no motel, já no cigarrinho do depois. Eu, olhando pro teto, pois a "olhada pro teto" é necessária. Escolhi uma suíte com teto solar, pois gosto de olhar as estrelas e odeio espelhos. Nesse momento o rapaz começou a filosofar sobre química que une duas pessoas:
- É tão maravilhoso o que aconteceu entre a gente, Zu. Nossa, a colisão entre duas pessoas, a química que une duas pessoas que talvez jamais fossem estar juntas..
Ah, tanta baboseira numa frase só eu até aguentaria se estivesse apaixonada, mas no segundo encontro não rola, né?
- Eu preciso dizer o quanto estou apaixonado por você, Zu.
Chamou-me de Zu pela segunda vez, odeio que me chamem de Zu, minha mãe colocou Zuleika, não é um nome lindo, mas é o meu nome e gosto de ser chamada pelo nome, além disso, não tínhamos tanta intimidade assim. Naquele momento pensei que eles deveriam inventar cama de motel com catapulta. O teto solar estava ali, era só apertar um botão e o cara iria longe.
O garoto continuou falando e eu pensando: será que românticos apaixonados não dormem nunca?
Realmente não estava com vontade de levar o papo adiante, mas o rapaz era gostoso e bonzinho, não tinha a intenção de ser grossa com ele. Queria garantir uma próxima vez, né? Então, resolvi elogiá-lo:
- É. Falando em química, eu já mencionei que você tem uma bunda linda?
- Umas cinco vezes.
- Pois então, é porque você tem mesmo.
Nessa hora o garoto surtou:
- Você não presta atenção no que eu falo. Só fica falando que eu tenho uma bela bunda. Que droga! EU NÃO SOU SÓ MINHA BUNDA!!!
Vestiu-se e foi embora sem mim. Uma pena, ele calado era por demais interessante.

domingo, junho 08, 2003

Lembrança

Estava fuçando alguns blogs - aprendi a ler blogs durante a minha via sacra - e achei um Sarau Virtual. Então lembrei que um certo cabeludo havia me dito que iria organizar um Sarau na casa dele...
Estou esperando.
Que tal fazermos no final do semestre?

Eu levo vinho e tenho alguns livros legais aqui - juro que não torturo vocês com poemas meus!

"Agora eu sei... desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor por comissão.
Fim do carnaval... nas cinzas pude perceber
Na Apuração perdi você..."


(Dona Ivone Lara/ Jorge Aragão - "Enredo do meu Samba")

Lady Macbeth

Coloquei um anúncio para conseguir uma moça para trabalhar em casa. Não foi um anúncio de jornal, mas sim, um cartaz na ONG perto de casa. Algumas candidatas se ofereceram, mas uma, em especial, chamou-me à atenção.
Entrevistei-a na cozinha, lugar em que mais se trabalha nessa casa, para que se familiarizasse com a bagunça e tivesse certeza de que gostaria de trabalhar aqui.
Durante a conversa, a moça lavava as mão de forma compulsiva e as esfregava como se ainda estivessem sujas, mesmo após tê-las lavado. Era algo que eu não poderia deixar de reparar. Como tudo me dispersa, fiquei prestando atenção em suas mãos e no modo com que as esfregava, uma na outra, com movimentos sincronizados e repetitivos. Quando não as estava esfregando, as estava lavando. Os seus movimentos me dispersaram tanto que esqueci de perguntar as coisas necessárias para se contrar uma faxineira e prestar atenção no que a moça, com tanto fervor, dizia. Num determinado momento, não contive a vontade de fazer um comentário, aparentemente sem nexo para a moça:
- Você poderia fazer Shakespeare...
- Fazer o quê?
- Nada não...
- A Senhora falou um troço aí... Olha, a Senhora me respeita que eu sou moça de família e nem por quanto a Senhora vai me pagar eu faço esse troço aí...
Pensei em explicar-lhe, mas depois desisti. Seria pior, afinal, teria que dizer-lhe que eu a estava comparando com uma psicótica que lavava as mãos o tempo inteiro por ter matado pessoas. Não seria recomendado, e ela ficaria ainda mais ofendida.
Saiu enfurecida, dizendo:
- Esse povo estudado é tudo esquisito, quer a gente trabalhe e faça coisas de nome esquisito e nem diz o que é... fica calado, olhando pra gente, parecendo aqueles home que aparece na televisão que sai matando todo mundo.

Papo entre amigas

- Oi, soube que eu vou ser mãe/tia/madrinha.
- É, já te contaram, né?
- Anrã, você não conta, tenho que ficar sabendo pelo seu pai que meu BRIGADEIRINHO está chegando.
-Ah, mas é que fiquei com medo de perder pela terceira vez. Da primeira, escapei de você porque seus pais estavam doentes,
da segunda você fez que entendeu, porque foi culpa do médico...
- É, mas agora eu já tenho a solução.
- Qual?
- Vou trancar você e só deixar sair para fazer o pré-natal.
- E eu vou trabalhar como?
- Telepatia, já ouviu falar?
- Vou comer por telepatia também? Aí é que seu BRIGADEIRINHO não vem mesmo...
- É, tem razão... Rezar, acho que é uma boa né?
- Você sabe fazer isso ainda?
- Esqueceu que quase fui freira?
- Não, mas só você não sabia que não tinha vocação nenhuma.
- Hum... macumba?
- Sou de formação protestante, esqueceu?
- Eu não, você sim...


Esse texto foi só pra contar que meu brigadeirinho está chegando... Sete anos esperando com minha amiga do "Papo entre amigas", ela existe, acharam que não, é? Pois bem, a melhor crônista feminina, sem nunca ter escrito uma crônica, está grávida e dessa vez, espero que vingue! Torçam com a gente que assim que nascer, vou colocar as fotos do bebê mais lindo desse mundo!!!

sábado, junho 07, 2003

Contando Causo



Lá estava eu de novo, no mesmo lugar, na mesma hora e fazendo a mesma coisa. As pessoas começaram a acertar seus relógios no momento em que pedi o já tão sabido suco de pêssego. O dono da lanchonete nem perguntava mais o que eu iria querer, era só olhar para as minhas mãos levantadas, tentando chamar o garçon.

Sempre fazendo tudo igual, tornei-me uma cotidiana convicta. As mudanças me apavoram. Talvez seja porque sou mulher e, de certo modo, estou sempre tendo que lidar com mudanças no meu corpo e no meu humor. Não sei, não posso afirmar com certeza, mas posso reservar-me o direito de tentar controlar, ao menos, as minhas atitudes e o meu cotidiano.

No momento em que meu suco chegou, algo estranho aconteceu: um rapaz, com uma parte do rosto deformada, aproximou-se e pediu pra sentar ao meu lado. Seu rosto causava-me asco. Não conseguia olhar para ele. Era como se sua deformação deformasse também o meu cotidiano tão rígido e planejado. Insultou-me sua indiferença ao perceber que eu não gostei de sua presença e insultou-me quando resolveu conversar comigo:

- Olá.

Fiz um gesto com a cabeça.

- Olha pra mim, eu, por acaso, te assusto?

- Anrã.

- Você também me assusta...

Como ele poderia dizer isso? Por que alguém como eu causaria pavor em alguém como ele, deformado e horrendo.

- Faz sempre as mesmas coisas, os mesmos gestos. Chega no horário toda segunda, chega atrasada toda quarta. Pede o mesmo sabor de suco, lê sempre o mesmo jornal. Não conversa com ninguém, quando é perguntada sobre si mesma, foge do assunto, disfarça, mostra-se incomodada. Garanto que se ocorresse um crime nessa região eu suspeitaria de você.

Aquelas palavras me deixaram atordoada. E mais apavorada fiquei, quando ele disse:

- Seu cigarro está aí do lado e o isqueiro no bolso esquerdo da calça, como sempre, mas você sempre esquece. Vai, acenda. É o momento do seu cigarro, não é?

Era o momento do meu cigarro. Era o momento da procura. Ele tinha razão, o cigarro e o isqueiro estavam nos mesmos lugares de sempre. Respondi enfurecida:

- Tá, eu sou previsível, e daí? Eu odeio as pessoas, detesto as mudanças e acho um saco pessoas como você, sentarem ao meu lado, falarem sobre as minhas manias e ainda acusarem-me de psicopata! Tá, você pode suspeitar de mim se um crime acontecer, mas os outros vão suspeitar de você!

- É, eu sei...

Olhou-me de um jeito triste e se foi.

Dias depois o rapaz faleceu. Tinha uma doença que eu não sabia qual era e nem preocupei-me em saber. Não senti nada até saber que, antes de morrer, havia deixado um envelope para mim e pedido para ser entregue assim que ele morresse.

Estava escrito no envelope: Para moça das 16h, suco de pêssego e jornal.

Dentro não havia nada.

Piada

Não sei se vocês conhecem Samuel Beckett, um escritor Irlandês, autor de peças do chamado "teatro do absurdo", tais como "Esperando Godot" e "Happy Days" e romances com personagens, aparentemente, malucos como "Malone Morre", esse tem em Português com a tradução do Paulo Leminski.
Beckett sempre recorre a uma piada que me deu vontade de escrever aqui:

Um homem precisava de umas calças com riscas de giz. Foi a um alfaiate em Londres e pediu para que ele o fizesse:
- Preciso dessa calça em 15 dias, o Sr garante que estará pronta?
- Pode confiar.
Se foi e em 15 dias voltou:
- Perdão, é que o zíper ficou um pouco torto, prometo que em mais 15 dias estará pronta.
Apesar de injuriado, o Senhor aceitou voltar em 15 dias.
- Puxa, é que uma das riscas ficou torta, mais 15 dias e eu entrego.
O homem, não muito contente, aceitou novamente o prazo pedido pelo alfaiate.
E assim, todas as vezes que voltava, o alfaiate dizia que algo estava errado. Passou a Páscoa, acabou a primavera, quase seis meses nessas indas e vindas o homem estourou:
- DEUS CRIOU O MUNDO EM 6 DIAS! 6 DIAS! E O SENHOR NÃO CONSEGUE FAZER UMA CALÇA DE RISCA DE GIZ EM 6 MESES?
-Ah, mas olha o mundo e olha a calça que eu fiz!

Carência

Se você é uma pessoa de bom coração e quer fazer uma caridade, mande-me um e-mail. Não um e-mail encaminhado, com textos assinados pelo Drummond, Millôr, LFV, entre outros, que nunca são deles. Ou correntes e mensagens chatas de bom dia. Mande-me um e-mail que seja para eu ler, perguntando-me coisas, falando sobre você.
Estou carente, quero ler algo só pra mim. É triste abrir a caixa postal e só ver propaganda, mensagens edificantes de bom dia, encaminhadas, remédios e exercícios pra aumentar o pênis que eu não tenho...
Seja uma pessoa caridosa e faça essa dama carente feliz: mande um e-mail para o jogodadama@hotmail.com, falando sobre você, querendo saber sobre mim, trocando figurinhas...
Obrigada!

sexta-feira, junho 06, 2003

Jornal Banal

Lembro de uma música em que diz que "a dor da gente não sai no jornal" e de Manuel Bandeira com seu "Poema retirado de uma notícia de jornal". Os dois falam de suicídio, os dois falam de jornal . No primeiro é de um errado João que uma moça chamada Joana escolheu, e por causa dele tenta contra sua existência, e o outro de um tal João Gostoso que se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Como teria sido a manchete sobre a tentativa de suicídio de Joana? Como foi a manchete sobre o suicídio de João? Será que contaria, ou contava, as angústias vividas desses dois personagens?
Não, não haveria tempo pra isso. Não haveria espaço e a objetividade tão perseguida, a ilusão de distanciamento e imparcialidade seria mutilidada.
E todas essas buscas dos jornais passam a tornar banal as experiências de cada um...
O que é tentar contra a existência por um grande amor, escolhido errado, diante da notícia seguinte, que pode ser uma receita de frango à passarinho ou um atentado à prefeitura do Rio de Janeiro. O que é um homem boiando na lagoa Rodrigo de Freitas, cuja alcunha é João Gostoso, diante da propaganda de refrigerante vinda logo em seguida? E indo além, o que são os juros altos diante da nova mulher siliconada cuja foto é estampada na capa?
Claro que há a exploração da dor em outros jornais que a enfatizam milhares de vezes e essa tentativa de reavivar a sensibilidade alheia, torna ainda mais banal um homem boiando na Lagoa, uma mulher no hospital por causa de um grande amor.
O que é banal, afinal? O que é realmente importante?
Faça um teste e no mesmo dia leia um grande jornal: página policial e coluna social e assista um Telejornal. Depois vá a algum lugar que o lembre de sua infância, do seu primeiro beijo, do dia em que seu filho deu os primeiros passos ou que o ouviu chamá-lo de pai ou de mãe.
Pense consigo mesmo se há em alguma notícia a experiência do noticiado e se em você causou algum efeito. Pense no tempo dedicado a Ronaldinho, à vida sexual da Sandy, ao corte de cabelo do presidente e o tempo esquecido com suas iquietações, angústias, alegrias, encatamentos.
Será que não nos forçaram a entender coisas importantes como banalidades?

quinta-feira, junho 05, 2003

Sono

Insone

Insônia

Inso
 Sônia
 Som

Si


 Cigarro

Cinzeiro

Cinza
Sim
Si

Som

Sônia

Inso

Insônia
Insone

Sono

Esqueci...

Eu tinha várias coisas pra escrever hoje, mas esqueci...

Desculpem... é síndrome de final de semestre...



terça-feira, junho 03, 2003

Se/Sid

Hum...
Alguns versos do minha paródia do poema "Se" me lembraram o meu amigo Sid...

"Eu sofri demais quando partiste,
passei tantas horas tristes,
nem quero lembrar esse dia...


(Cadeira Vazia - Lupicínio Rodrigues/ Alcides Gonçalves)

O Jogo da Amarelinha

Esse livro de Julio Cortàzar foi a inspiração do nome desse blog. Não que tenha "idas e vindas" como o livro, também não é tão bem escrito, mas esse livro é também a inspiração do primeiro capítulo da minha primeira tentativa de escrever um romance: capítulo 3, em que Cortàzar descreve uma noite de insônia de seu narrador personagem.
Além disso, esse livro tem um capítulo só para a descrição de um beijo. Um capítulo que sei de cor, tanto em português, quanto no original em Espanhol. Um beijo de deixar qualquer beijo de filme no chinelo. Um beijo que eu gostaria de dar em alguém.
Eu gostaria de notar que a boca que desenho com meus dedos é a boca desse alguém e ter, nesse beijo, uma morte lenta e doce...

domingo, junho 01, 2003

Se

Eu brinquei de "Se" hoje. Então, lembrei do poema Se de Rudyard Kipling e da paródia feita por Max Nunes.

Aí, pensei: por que não fazer o meu? E fiz...



Se és capaz de sorrir e chorar
deixando as mácaras caírem
Diante de um simples olhar

Se és capaz de usar um salto
Manter a pose e ficar no alto
Sem medo do falatório

Se és capaz de usar tranças
brincar feito as crianças
E não ser contraditório

Se és capaz de ficar sozinho
Admitir teu medo e teu vazio
E toda a tua dor

Se és capaz de ler poemas
Perceber a beleza suprema
Causando-te tremor

Se és capaz de amar
e descobrir-te frágil
Diante de um luar

Se és capaz de ser suave
E ainda sim ser forte
Sem ser ditador

Serás um homem.
Um homem de valor!


Nomes

- Como é seu nome mesmo?
- Já esqueceu?
- É, não guardo nomes...
- Entendo.
- O meu você lembra?
- Para te falar a verdade, não...
- Tudo bem.
- Mas o que aconteceu entre a gente é mais importante. Já dizia Shakeaspeare, o que é um nome? Teria a rosa menos perfume se não se chamasse rosa?
- É verdade. Existem tantos sinônimos para tantas coisas...vários nomes querendo dizer uma coisa só...
- E às vezes não querendo dizer nada.
- É. Amor, por exemplo, às vezes não quer dizer nada.
- Ou quer dizer muito...
- Entramos em um papo tão filosófico...
- Tem razão e eu ainda não sei o seu nome...
- Nem eu o seu...

coração
PRA CIMA
escrito em baixo
FRÁGIL

(Leminski)

Brincando de "se"

Se eu fosse mais responsável, teria tido algum sucesso na vida.
Se eu fosse menos compulsiva, não fumaria tanto.
Se eu fosse menos passional, não estaria anestesiada.
Se eu falasse menos, me agüentaria mais.
Se eu sonhasse mais alto, iria atrás.
Se eu fosse mais objetiva, me entenderia.
Se eu não pensasse, não sofria.
Se eu esquecesse, não chorava.
Se eu me lembrasse, sorria.
Se eu dormisse, acordava.
Se eu gritasse, perderia a vontade de falar.
Se eu não soubesse escrever, não me iludia.
Se eu soubesse amar, não perderia.
Se eu sobesse odiar, ganharia.

Aos Domingos.

Aos Domingos eu não faço nada. Eu não saio de casa, não vou à missa, não vejo gente, não ligo pra ninguém, não marco nada.
Eu separo os domingos pra fazer meus trabalhos de faculdade, pra arrumar meu quarto, e ainda assim, eu não faço nada disso. Eu até entro na net, escrevo umas baboseiras no blog e vejo se tem algum amigo no icq ou no messenger. Contudo, não consigo conversar direito.
Alguns amigos me ligam, a gente conversa e eu nem fico muito tempo, porque, como é domingo, já disse meu amigo Jovany, a loja de palavras está fechada e não deu tempo de comprá-las.
Aos Domingos eu espero a Segunda-feira chegar.
Eu gosto de Segunda-feira. Gosto muito mesmo. Eu odeio domingo. É um ato quase religioso odiar Domingo.

Oci Ciornie




Um filme com um dos mais bonitos e melhores atores de cinema: Marcello Mastroianni.
Baseado em contos de Tchékhov, o filme tem como protagonista o arquiteto Romano, um italiano bufão que relata a um Russo a sua paixão pelos Olhos Negros (Oci Ciornie) de uma linda Russa.O diretor é um Russo com um nome complicado demais pra escrever inteiro, então, dou uma de "íntima" do diretor e o chamarei apenas de Nikita, seu primeiro nome.
O filme é falado em Italiano, datado de 1987. Vale à pena dar uma conferida, Mastroianni está realmente maravilhoso no papel.