Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função
Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar
Querer casar
Pedir a mão
Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi "infeliz"
Criar raiz
E se arrancar
Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir
Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem-querer
O turbilhão
Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar
Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus
(Chico Buarque - Edu Lobo)
terça-feira, fevereiro 24, 2004
Coordenadas antes do Game Over
Meu e-mail sempre esteve ali do lado, meus queridos amigos:
jogodadama@hotmail.com
É só esccrever pra mim e pedir o que quiserem que eu faço. Menos favores sexuais porque sou uma mulher árabe e recatada. ;-)
Quando meu querido amigo, a quem chamo de marido, assinar sua autorização, Pâmela & Paloma estarão entre vocês.
Enquanto isso, conheçam meu lado homem:
Possibilidades
Na verdade Paolo não é meu lado homem, é personagem do meu amigo Jô (não o Soares), que me deu de presente e eu comecei a viajar nele, parando quando minha vida se enrolou ainda mais. Contudo, voltarei a brincar com ele. Não sempre, porque dá um trabalhão e quando começamos a idéia, o dono do Paolo também iria escrever. Enfim, Paolo voltará, já em terras brasileiras, quando poderei usar finalmente os meus conhecimentos do Tupi.
Bem, é isso. Aos que quiserem um contato mais íntimo (ui!), mande um e-mail que eu passo endereço do msn, icq, yahoo messenger e outras coisas que usamos para comunicadores virtuais. Aos que quiserem um contato pessoal (hum...), é fácil me encontrar pelas Augustas da vida, nas gays canecas, nos clubes de inidie, nos cinemas de rua, em mostras do Godard, ou de filmes chineses e japoneses que não têm lutas marciais, ou filmes russos com legenda em alemão. Podem me encontrar em peças de teatro experimental ou em Shows do Wando e Elimar Santos. Também freqüento rodas de samba, samba da vela e o pagode aqui de Macondo que é sempre mais animado que as rodas de intelectual.
Já os que preferem um contato lírico (ai ai...), estou por aí, olhando nos cantos, nos gestos e procurando o verso que caiba no momento, seja para recitá-lo ou escreve-lo...
Enfim, meus leitores possíveis, volto no final de semana para o adeus definitivo. Torçam por mim, como eu torço para o Fluminense: mesmo não adiantando nada, eu continuo lá, firme e forte esperando meu Flu vencer!
Beijos.
Aos que têm meu telefone, como a Turmalina, façam o favor de ligar, tá?
té.
domingo, fevereiro 22, 2004
Cara de Palhaço! Pinta de Palhaço até o fim...
"You had to sneak into my room
just to read my diary it was to see
All things you knew
I'd written about you
(Morrissey)
Não é brincadeira, nem marmelada. Também não é palhaçada, porque "não sei ser engraçada, a crueldade é meu diadema".(AnaC.)
Sim, meu jogo está chegando ao seu GAME OVER! Mas isso não significa que vou parar de escrever.
Assim como meu maridão, eu não quero usar mais o blog como forma de terapia cibernética. Eu não quero dizer sobre minha vida, pra ninguém, nem pra desconhecidos que não poderão me fazer nenhum mal, como disse Rubem Fonseca, nem quero mais "depender da bondade de estranhos" dentro de um bonde chamado desejo...
Também não quero mais falar sobre minha vida para conhecidos que podem me fazer mal, que podem usar minha fragilidade contra mim.
Quero escrever coisas que, embora saiba que as pessoas não vão ler, tenham a minha ficção, minha fantasia. Minha vida pessoal não interessa a ninguém além de mim e de algumas pessoas que eu escolhi para fazerem parte dela. Passei um ano difícil em que a fragilidade tomou conta de tudo que vivi. Não quero mais expôr-me seja em palavra escrita ou falada. Não sou só isso, não sou densa, tensa, ao menos não o tempo todo.
Eu gosto do meu jogo, gosto das pessoas que conheci através dele, gosto das pessoas que me fizeram sorrir ao mandar e-mails dizendo que liam meus poemas, que achavam que eu escrevia bem. Sinto-me feliz por gente que nunca vi na vida, retirar uma parte de seu tempo para me ler, mesmo que nunca tenham me dito nada, eu sei que me visitavam.
Mas essa é, com certeza, a última semana do Jogo Da Dama. É, também a última semana em que a Beduína dos Velsos vos fala, uma parte querida de mim, a minha parte mais frágil batizada por alguém a quem confiei toda minha fragilidade, todo meu lado escondido e nesse jogo exposto.
Não por acaso esse blog teve seu primeiro post (com exceção dos testes feitos no dia 4 de maio), um dia depois de seu aniversário e o título do post era "O amor é cego, surdo, mudo e velho!".
Sempre serei grata ao meu grande amigo que é o motivo por eu nunca desistir de escrever poemas, mesmo sabendo que quase ninguém iria ler, mas ele sempre os leu. É o motivo por eu me sentir poeta. É dele a Beduína dos Velsos.
Contudo, meus (possíveis) leitores, não é um adeus, só um até mais ler. Durante essa semana dou as coordenadas a quem quiser se corresponder comigo, ler outras coisas e alguns endereços onde dou os meus pitacos...
sábado, fevereiro 21, 2004
Contando Causo
Olhos negros como a noite, pele branca e sorriso de criança. Seus lábios hipnotizavam todos a sua volta. Ninguém podia resistir àquelas palavras vindas de lábios tão sedutores e musicadas com uma voz tão suave que parecia um canto de sereia.
Os olhares a seguiam, a buscavam. Como um imã, atraía todos que estavam por perto. Sonho de mariposa, realidade borboleta. Mais linda que qualquer tentativa de poema, ou mesmo de cartas de amor. Nenhuma metáfora poderia chegar próxima de sua beleza.
Olhos castanhos escuros. Quase ninguém notava sua presença, a não ser quando pedia desculpas por ter derrubado algo, pois não tinha noção de espaço. Inteligente, ninguém podia negar, mas nada que pudesse atrair atenção ou mesmo que o fizesse ser notado. Tinha seus atrativos, mas nem ele conseguia enxergá-los. Vivia só, acostumou-se a isso e preferia sonhar. A realidade não o importava, mas seus sonhos não incluíam ser notado, aparecer ou estar sempre rodiados de pessoas. Queria estar só, queria poder estar só com seus sonhos de mariposa.
Seus olhos se encontraram numa noite terna e cheia de romantismos. Parecia que ela finalmente havia encontrado uma paixão. Era a primeira vez que o via, porém ele já a havia visto por vezes. Era a primeira que ele era notado. Os holofotes a seguiam. Ela se aproximou, passos curtos e lentos que não o deixaram perceber que ia ao seu encontro.
Quando notou que a musa de seus sonhos, e de todos os que a viam, se aproximava: afastou-se.
Tristeza pé no chão
(armando gonçalves mamâo)
Dei um aperto de saudade no meu tamborim
molhei o pano da cuíca com as minhas lágrimas
dei meu tempo de espera para a marcação, e cantei
a minha vida na avenida sem empolgação
Vai manter a tradição
vai meu bloco tristeza e pé no chão
Fiz um estandarte com as minhas mágoas
usei como destaque a sua falsidade
do nosso desacerto fiz meu samba-enredo
no velho som da minha surda dividi meus versos
Vai manter a tradição
vai meu bloco tristeza e pé no chão
Nas platinelas do pandeiro coloquei surdina
marquei o último ensaio em qualquer esquina
manchei o verde-esperança da nossa bandeira
marquei o dia do desfile para quarta-feira
Vai manter a tradição
vai meu bloco tristeza e pé no chão
Máscaras
Todo carnaval faço uma visita à essa peça do Menotti Del Picchia, principalmente para ler "Sonho de Pierrot". Ah, eu amo esse trecho:
É tão doce sonhar!... A vida , nesta terra, vale apenas, talvez, pelo sonho que encerra. Ver vaga e espiritual, das cismas nos refolhos, toda uma vida arder na tristeza de uns olhos; não tocar a que se ama e deixar intangida aquela que resume a nossa própria vida, eis o amor, Arlequim. , misticismo tristonho, que transforma a mulher na incerteza de um sonho....
Leiam tudo! Leiam! É lindo! Tá AQUI!
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
O Desejo Feminino no Olhar masculino
Não é de hoje que a mulher tem sempre aquela pergunta inconsciente: "o que ele vai pensar de mim?"
Também não é de hoje que nós mulheres assustamos os homens com a demonstração do desejo.
Na idade média, por exemplo, Rabelais já discutia o desejo feminino e o medo masculino em seu livro "Pantagruel". Pobre Pantagruel, mulherengo e malandro, vive o dilema entre se casar ou não. Se casa, tem a certeza de que leverá um belo par de chifres porque sabe não ser capaz de satisfazer o desejo feminino, mas se não casa morrerá sozinho, bixiguento sem ter quem cuide dele.
No livro o seu dilema é insolúvel, mas a partir do Renascimento os homens resolvem esse problema transformando as mulheres em musas inatingíveis, em virgens imaculadas. O amor, de sexual, vira ideal. Platão e seu "Banquete" regem o apetite feminino e os mais atentos ao seu patrimônio agradecem.
Séculos se passaram e quando Machado de Assis coloca uma morena dissimulada com olhos de ressaca narrada por um homem perturbado, no século XIX, todos julgavam Capitu. Foi necessário uma feminista americana para colocar em dúvida a narração desse homem assustado por essa morena que ele mesmo reconhece ser muito mais mulher do que ele era homem. Não só nessa obra, o genial Machado, coloca em xeque a visão masculina que não entende e não aceita de bom grado o desejo feminino. Você pode encontrar o susto nos contos "Singular Ocorrência" e "Missa do Galo" também.
Contudo, apesar disso, só leitores, melhor dizendo, algumas leitoras, pós invenção do anticoncepcional e queimas de sutiens, é que conseguem ver o despreparo masculino diante das mulheres decidas, não só com relação a sua sexualidade, mas em todos os sentidos. E, apesar de toda luta, revistas femininas até hoje trazem aquele velho e batido dilema: "Ir ou não para cama no primeiro encontro".
E a resposta na maioria das vezes vem de psicólogos homens que dizem não ser um bom caminho ir pra cama no primeiro encontro, afinal, mulher é diferente de homem e não deve tentar se igualar a ele na parte sexual e aquelas coisas de diferenças entre macho e fêmea.
Até hoje comentários como: "aquela ali é fácil, é só chegar e comer" - são mais comuns do que nós pensamos. E quantas mulheres que tentam deixar seus hormônios falarem mais alto, não costumam ter relacionamentos em que o homem não consegue assumi-la e não quer amá-la, porque para amar, a virgem e imaculada é a que a certa? Mas também não querem admitir que podem ser apenas um amigo sexual, porque ela pode querer só sexo, desde que seja só com ele.
Durante a faculdade de jornalismo fiz um trabalho sobre isso. Entrevistei 100 homens, de idades e grau de instrução diversos, com a seguinte pergunta: "Quando é ela que toma a inciativa o que você faz"? A maioria dos homens disseram que eles até topariam, mas não para um relacionamento sério. Os outros disseram que nem levariam adiante porque gostam é de ser o caçador e não a caça. Nenhum disse que gostaria de que ela tomasse a inciativa.
O pior é que a gente sempre os ouve falarem que o problema da mulher é que tem que ficar conversando, levar para jantar e essas coisas antes de finalmente conseguir o que querem.
Fiz esse trabalho há um bom tempo, mas duvido muito que isso tenha mudado. Só não entendo porquê. Será que é uma questão biológica, afinal, mulher não precisa desafiar a lei da gravidade... Enfim, depois dizem que mulher é que é complicada.
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
Eu tinha tanto a dizer...
Eu tinha várias coisas a dizer. Poderia dizer sobre a festa, mas não há nada que interesse a vocês.
Poderia falar sobre a vinda do Márcio e o quanto é bom estar com ele, mas vocês também não têm nada a ver com isso.
Poderia falar de "Encontros e Desencontros" que eu não gostei, embora a história tivesse tudo para me tocar, já que o homem da minha vida, aquele que não vou esquecer jamais, o conheci em plena crise de meia idade e a nossa história foi exatamente igual a do filme.
Podria falar de "Adeus, Lenin" que me fez chorar o filme inteiro e que eu amei, mas não quero dar uma de crítica de cinema.
Poderia falar da minha auto-estima que está no pé, mas minha choradeira não interessa a vocês.
Poderia falar do livro maravilhoso que estou lendo, das músicas do The Smiths que eu adoro, do disco do Sonic Youth que o Pê me emprestou, do Show maravilhoso que eu vi desses caras e de como eles misturam literatura beat nesse disco. Mas também não quero.
Eu poderia dizer que tenho entrado em seu quarto para pegar o seu diário e ler as coisas que escreveu sobre mim, mas só encontrei as que escrevi para você...
domingo, fevereiro 15, 2004
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
Dicionário Pâmela&Paloma
HT - hetero
Bagaceira- alguém que age como eu.
Bicha lexotan - Já foi em alguma balada indie? Então você sabe o que é uma bicha lexotan. - Se nunca foi, vá e saberá.
HTML- Hetero meio lésbica
HTML2- Hetero muito lésbica.
Latina acusativa- Alguém que fala como a personagem da Louise Cardoso em "As Presidiárias" no TV Pirata. Vc não viu TV Pirata? Que pena, era um programa ótemo.
Atender: o mesmo que fazer.
Fazer: o mesmo que atender.
Depois eu coloco outras pralavrinhas.
E aguardem, em breve a tetralogia das irmãs Pâmela e Paloma num cinema longe de você.
Esperando Godot
Minha peça favorita: uma peça que não acontece nada duas vezes, porque Godot não vem!
Apaguei, porque minha choradeira não interessa ninguém, nem a mim.
Post novos só daqui a uns 5 dias.
Márcio voltou a SP .
Tem bota fora do meu dono. (Miau!)
Enquanto isso entrem no Grupo de discussão, taí do lado. Custa nada, né?
Enquanto isso babem com o post anterior, olhando os meus dois amigos lindos!
quinta-feira, fevereiro 12, 2004
Se eu fosse Deus a vida bem que melhorava...
Se eu fosse Deus os príncipes e princesas encantados existiram. Eles estariam a mão de quem quisesse se apaixonar e se acaso não fossem o que pensávamos, virariam pizza, ou no meu caso, batatas fritas.
As camas viriam com catapultas e os quartos teriam teto solar. Se não foi bom, só lançar a pessoa pelo teto e assistir o espetáculo.
Todo homem viria com manual de instrução e garantia com tempo indeterminado para troca.
Existiria auto-estima em cápsula.
Os programas de TV aos domingos seriam extintos. Aliás, Domingo seria extinto do calendário.
Fidelidade seria um doce vendido em confeitaria, quem quisesse comprava.
Paixão seria um sentimento só acionado quando apertássemos um botão e pressionando novamente o mesmo botão nos "desapaixonaríamos". Assim, fácil, indolor. Olhou, gostou, aperta o botão e se apaixona. O outro não quis, aperta o botão e "desapaixona!"
Todos os momentos da vida viriam com trilha sonora, assim como nos filmes.
Livros de auto -ajuda jamais existiriam, afinal, se tem auto- estima em cápsula, pra que essas baboseiras.
Não seriam cobradas as passagens de avião. Nem pro Lula, depois que ele virar ex-presidente, afinal, tadinho, vai estar acostumado a viajar...
Chico Buarque faria show sempre. Chico Buarque moraria na minha casa. Chico Buarque seria meu escravo sexual!
hum... pensando bem, eu não saberia ser Deus...
quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Beat Bom!
Não sou alguém que ama a literatura beat, contudo o Pê lembrou-me um nome que eu gostava muito. Desde que fiz um curso com Jorge Mautner, apaixonei-me por Allen Ginsberg, quando Cláudio Willer apareceu com uma tradução de "O Uivo".
O Pedro disse: "Allen Ginsberg, aquele que beijava o Kerouac".
Citou o primeiro verso de um dos poemas mais legais já escrito:
"America I've given you all and now I'm nothing."
Em seguida o poema inteiro retornou à minha mente, cada verso revisitado e um pensamento:
Por que quando esse povo cita literatura beat, nunca cita Allen Ginsberg?
Leia o poema, se você não conhece, chama-se "America". Vale conferir. É fácil achar na net, mas se quiser economizar tempo, clique aqui.
As mulheres de Picasso
As obras de Picasso são em sua maioria dedicadas às mulheres, suas mulheres. Em quase todas as mulheres de Picasso, notei uma fragilidade, um sussurro silencioso de quem clama por ajuda. Uma dor de quem sofre por amor e lança-se ao seu carrasco, pede ao Minotauro para ser devorada. Mintauro que, aliás, é outra obsessão de Picasso e talvez sua versão mitológica.
Contudo, uma mulher chama à atenção. Uma sucessão de quadros retratando uma mulher forte, sem olhos que imploram, apenas um olhar doce de quem compreende que, apesar do amor, é melhor sair do labirinto. O quadro, mais belo da exposição, na minha opinião. O quadro de uma mulher que eu quis conhecer e soube que foi a única que disse adeus ao pintor. A única que se cansou do labirinto e se foi. Jaqueline.
Infelizmente não achei na net a réplica do quadro que vi na exposição, achei um outro quadro de Jaqueline, semelhante ao que vi na OCA.
O único problema de Jaqueline é que ela foi mulher de Picasso. Escreveu sobre sua vida com ele. Não gosto disso, gosto de mulheres que foram mulheres e não mulheres de alguém. Gosto de Simone, ela foi mulher, foi além de ser mulher do Sartre.
terça-feira, fevereiro 10, 2004
Terça ao cubo ou "Encontros e Reencontros"
O ser do bem que eu conheceria no domingo, não voltou para o seu avião natal e ficou na garoa de esquina famosa. Acabamos fazendo hoje o que teríamos feito domingo. E Picasso continua lá, na OCA que mais parece um Iglu de tão gelada. Dia cheio de arte, entre as fases e as mulheres de Picasso, nós e pessoas, monólogos tão longos quanto os de Selton Mello em Lavoura Arcaica, vindos de mim, claro, pois devo ter nascido falando, e entrevistas para TV que eu não quis dar, porque no vídeo eu sempre fico parecendo uma pintura de Picasso, totalmente assimétrica, já que meu rosto torto é ressaltado.
Silêncios e tombos, dois tombos num mesmo dia. Caí embasbacada e enganada por um pé bobo que me acompanha há anos. Caí diante dos dois homens que me conduziram ao matador mítico que foi Picasso. Caí logo na primeira vez que vejo o rapaz, se a primeira impressão é a que fica, eu deveria ter ido, mas fiquei na Av. Paulista para levar outro tombo, agora não na frente de quem me via pela primeira vez, mas do namorado da minha melhor amiga que é fanático por Picasso, tanto que o estuda, e, por coincidência, encontrei após me despedir pela primeira vez do meu acompanhante no labirinto do Minotauro.
E ao me despedir do fã fervoroso do piintor cubista e namorado de minha amiga, encontro novamente aquele que ninguém conhece e que eu havia acabado de conhecer e me despedir. Ser tão do bem que tem nome de anjo; tal qual os anjos fala pouco e tem as bochechas rosadas. Layout de bom moço. Aguentou-me firme e forte das 11h40min até as 17h. Nem eu consigo ficar comigo tanto tempo.
Cada um fez sua opção e a minha foi voltar para casa, porque meu pé estava pedindo ajuda. Enrolou-se numa faixa e descansa ao som do disco que ganhei do amigo que mora num avião e tem por hábito queimar índios, mas não os convencionais, só aqueles que juram ter chegado ontem da Inglaterra e adoram bandas da Lituânia que misturam guitarras "retorcidas" com eletrônico da extinta Berlim Oriental.
E se eu pudesse dar uma trilha sonora ao dia de hoje, esta seria Disritimia do Martinho da Vila, por dois motivos:
O meu mais novo amiguinho disse adorar essa música.
O namorado da minha amiga, grande músico e chegado numa roda de samba, sempre tocava essa música para ela.
segunda-feira, fevereiro 09, 2004
Não Sei Dançar
(Alvin L.)
Às vezes eu quero chorar
Mas o dia nasce e eu esqueço
Meus olhos se escondem
Onde explodem paixões
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista p'ro mar
Ou outra coisa pra lembrar
Às vezes eu quero demais
E eu nunca sei se eu mereço
Os quartos escuros pulsam
E pedem por n?s
E tudo que eu posso te dar
É solidão com vista p'ro mar
Ou outra coisa p'ra lembrar
Se você quiser eu posso tentar mas
Eu não sei dançar
Tão devagar p'ra te acompanhar
Mudança de planos
Por que tentar manter o Marabá? Por que só tentar manter o Marabá?
Por que não discutir filmes, trilhas sonoras, marcar sessões de cinema e discutir sobre todos os cinemas que ainda não viraram igreja, bingo ou não cheiram manteiga?
Então amigos, entrem no nosso grupo de discussão!
Afinal, Deus está em todo lugar, vocês não precisam do cinema para orar!
Taí do ladinho, acabou com meu layout, mas beleza... é só digitar seu e-mailzinho.
PS- Adri, bóra tirar umas fotinhos dos cines do centro?
domingo, fevereiro 08, 2004
Domingo no Parque
Um dia que tinha tudo para me fazer amar o dia de domingo. Eu ia ver Picasso, passaria o Domingo no Parque e conheceria um ser do bem, pessoalmente.
Voltaria para casa cheia de inspiração pelas obras do pintor cubista e ansiosa, esperando um e-mail com uma notícia boa.
Mas hoje não teve Parque - ê José
O sorvete na mão derreteu- ê João
Minha mãe acordou passando mal e fomos ao Hospital- fiquei numa sala de espera por horas. Antes liguei para desmarcar o Domingo no Parque.
Talvez não veja mais quem conheceria, deve ter voltado, não consegui ficar sabendo porque meu telefone ficou mudo de repente.
Ainda faltava um e-mail que me daria notícias boas.
O e-mail veio, mas as notícias eram as piores possíveis.
E não tem mais brincadeira- ê José
A roda Gigante não sai mais do chão - ê João.
Eu continuo ODIANDO Domingo.
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
E por falar em cinema, globo filmes... Cidade de Deus!
Será que agora vai? Será que o Brasil ganha uma estatueta feia, mas muito importante para os brasileiros sei lá por quê?
Enfim, eu daria todos os prêmios para a edição de Cidade de Deus. É, ao meu ver, uma das melhores edições do cinema mundial e aquela cena da galinha é realmente GENIAL!
Não gosto do roteiro, acho discutível socialmente falando, mas não tiro o mérito do filme.
Contudo, a minha torcida maior no Oscar é para "Procurando Nemo" - achei tudo de bom!!! - A Dory deveria ser indicada para melhor atriz coadjuvante!
Estranhamente Dogville não teve nenhuma indicação, nem para melhor atriz. Por que será? OH!
Porque somos mamíferos...
Há uma discussão sobre a captação de recursos para as produções do cinema nacional. Quem paga a produção é o Estado, seja por filme feito pela produtora da esquina, seja pela Globo Filmes. A diferença é que esta se vale do poder do Grupo Globo e sua capacidade publicitária para produção de seus filmes. Empresário não vai escolher a produtora da esquina para colocar seu nome e seu rico dinheirinho. Vai deduzir do imposto de renda, mas quer algum retorno.
Não condeno a Globo Filmes, pelo contrário, acho ótimo levar milhares de pessoas para ver "Sexo, Amor, Traição", só que devemos rever as formas de captar recursos para os filmes.
Essa discussão deve estar com alguma força, porque o Jornal Nacional vem mostrando uma série de reportagens sobre TV brasileira, cinema brasileiro...
Ninguém quer perder seu leitinho, não é mesmo?
Taí a Parmalat que não me deixa mentir...
quinta-feira, fevereiro 05, 2004
Sharon Stone lê Umberto Eco
A protagonista da cruzada de pernas mais genial do cinema mundial é uma mulher extremamente culta. Soube que faz doutorado em alguma área de lingüística ou comunicação, não posso dar certeza.
Soube também que é comum em suas entrevistas uma citação de semioticistas como o italiano Umberto Eco, bem como uma explicação para que o jornalista a consiga entender, afinal, os jornalistas de hoje sabem 2 minutos de tudo, julgando que em sua maioria, os entrevistadores de Sharon são nascidos no país sem nome, eles sabem 1 minuto de tudo.
Ela, é claro, não é a única gostosa do cinema que tem mais que dois neurônios. Algumas Divas da década de 50 eram mulheres inteligentíssimas de fazer inveja a qualquer estudioso dos tempos de agora, tamanha a carga de leitura e conhecimento de diversas áreas.
Contudo, o cérebro de Sharon, nem das grandes Divas do cinema, tem a menor importância, e assim como Jaguar será lembrado por algo que ele nunca disse e Ziraldo por nunca ter brochado, a bela atriz será lembrada por Instinto Selvagem e a sua calcinha que nunca apareceu.
Quem foi mesmo que disse que o mais interessante de uma mulher é o cérebro?
A.C
Antes, eu nem imaginava que cartas eram poemas.
Antes, eu jamais pensei que pudesse conversar em versos
cortados, interrompidos e copiados de prosas alheias.
Antes, eu entendia marginal como derivado de margem
e não pensei que marginal fosse um prédio,
uma janela e um pulo.
Antes eu achava que poesia era ato de pudor
e não de despudoradas citações sem referências que
somente são descobertas nas últimas páginas.
Antes , não sabia que a imagem póstuma de um suicida
era algo a ser explorado.
Antes de Ana Cristina eu tinha certeza que suicídio era solução.
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
Lucy
Ultimamente a minha relação com o mundo tem sido como a da Lucy e o Schroeder.
Eu me deito e fico fazendo planos, achando que ele me ama, que iremos casar e ter filhos e vou falando, falando, falando como sempre faço e o mundo lá, tocando seu piano, nem aí pra mim.
Em momentos de lucidez, raros momentos, quebro seu busto do Beethoven para ver se o mundo presta atenção em mim, mas indiferente, abre seu armário, onde guarda milhares de outros bustos iguais ao que quebrei, coloca-o novamente em seu piano e continua a tocar, como se eu jamais o tivesse quebrado ou mesmo estado ali.
terça-feira, fevereiro 03, 2004
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
e-mail
Você clica em "enviar" e vai metade das suas forças, um bocado de sua vida e todo seu orgulho é deixado de lado. Você relutou em enviar, pensou duas vezes antes de começar a escrever, mas quando se deu conta, já havia clicado em "enviar".
Acessou sua caixa quase vinte vezes para ver se obtinha resposta e não encontrava nada. O ar já começou a faltar e tudo estava ruim e triste. Choveu o dia inteiro, uma chuva maior que a tempestade que deu hoje na cidade de São Paulo. Choveu nos seus olhos, a tempestade não era nada perto da sua tempestade por encontrar a caixa vazia.
De repente, você acessa novamente , vai naquele seu e-mail antigo que você não usa mais porque foi invadido por pessoas que insistem em querer melhorar sua vida sexual aumentando seu pênis e lá estava ele. Lá estava a resposta que tanto esperava. E você fica impressionada como dois anos depois, a sensação de receber um e-mail com aquele remetente ainda deixa o seu dia mais feliz.
O dia anoiteceu com sol!
Favor carioca
Eu preciso fazer uma coisa que só um carioca, ou morador da cidade do Rio de Janeiro, com tempo disponível ou que seja caridoso pode fazer por mim.
Se algum leitor meu, aí da cidade maravilhosa quiser me ajudar, é só dizer.
Não posso dizer o que é, assim, publicamente, mas fique tranquilo, não tem nada a ver com fantasia sexual.
domingo, fevereiro 01, 2004
Fofo!
Eu sempre disse que não vou a casamentos, nem ao meu. Contudo, no ano passado fui madrinha de um casamento e foi legal.
O Mais legal é que hoje a minha "afilhada" acaba de entrar no mundo das mamães. É uma menina.
Parabéns pra ela. Parabéns pra mim que estou me acostumando com a idéia de que todos os meus amigos de infância se tornaram senhores e senhoras de respeito, casados e a sua maioria com filhos.
Menos eu.