quinta-feira, fevereiro 05, 2004

A.C

Antes, eu nem imaginava que cartas eram poemas.
Antes, eu jamais pensei que pudesse conversar em versos
cortados, interrompidos e copiados de prosas alheias.
Antes, eu entendia marginal como derivado de margem
e não pensei que marginal fosse um prédio,
uma janela e um pulo.
Antes eu achava que poesia era ato de pudor
e não de despudoradas citações sem referências que
somente são descobertas nas últimas páginas.

Antes , não sabia que a imagem póstuma de um suicida
era algo a ser explorado.
Antes de Ana Cristina eu tinha certeza que suicídio era solução.



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