domingo, junho 27, 2004

O amor depois do "Felizes para sempre"

Fiquei sensibilizada com o final de "Celebridades", porque achei a história da Laura e do Marcos a mais bela história de amor que já vi nos folhetins globais.
Acabei lembrando de uma conversa com o Mms, sobre um livro que ele estava lendo, acho que era do Rubem Alves (depois me passa o nome, Mms?), que dizia que o nosso problema é acreditar no amor como em "Romeu e Julieta","As Pontes de Madison" e " O Amor nos tempos do cólera".
Esse amor eterno que todo mundo precisa acreditar, que nos emociona ao lermos:

"- Y hasta cuándo cree usted que podemos seguir en este ir y venir del carajo? - le perguntó.
Florentino Ariza tenía la respuesta preparada desde hacia cincuenta y tres años, siete meses y once días con sus noches.
-Toda la vida-dijo."
(Gabriel Garcia Marquez)


Não sei, mas eu percebo que geralmente o amor do cotidiano é sempre deixado de lado por todos nós e procuramos a eternidade de algo que só sobrevive na impossibilidade.
Os amores vividos são menos belos, porque somos filhos de "O Banquete" de Platão, herdeiros do mundo ideal e das comédias românticas que terminam no primeiro beijo do casal.
Já repararam que quando nos apaixonamos, fazemos isso por nós mesmos? Geralmente gostamos da imagem da pessoa e ela estraga tudo sendo ela mesma, pois, geralmente, é o contrário do que esperamos. Sempre esquecemos que imagem é o contrário...
Talvez, por isso, eu tenha me sensibilizado com um amor que todos diziam não existir. Acho que aquilo é amor, tá certo que as personagens não tinham um pingo de caráter, mas se perdoavam, passavam por cima de tudo que nós jamais perdoaríamos e só morreram, porque em novela o crime não compensa.
Somos pouco toleráveis com relacionamentos, queremos sempre a perfeição do outro e isso só pode ser alcançado quando o amor não se realiza. Somente casais imperfeitos, que se unem na imperfeição, conseguem sobreviver a toalhas molhadas, cara de travesseiro e tédio. Como Marcelo Camelo disse numa entrevista, o problema é que a vida da gente começa nos créditos, logo depois que o mocinho beija a mocinha no final.
Infelizmente o amor dura mais quando não pode ser vivido, pois a pessoa não estraga tudo, muito menos você...

sábado, junho 26, 2004

Até o fim?

Uma semana e acontece tudo. Uma montanha Russa de sentimentos e eu cansei até de ficar preocupada.
Preciso de alguém que não me conheça e que eu tenha certeza que nunca mais irá me ver. Alguém se habilita?
Eu pago a conta, você só precisa me ouvir. Pode ser?

sexta-feira, junho 25, 2004

Um poema feito pra mim...

Pela primeira vez alguém escreve um poema especialmente pra mim.
Já me mandaram um e-mail em verso, um amigo já escreveu um poema e me ofereceu, mas não eram especialmente pra mim.
Eu já fui namorada de um poeta e ele mal me escrevia e-mails. Sempre achei que não levava jeito para musa, contudo, Mil Faces me elegeram como musa:

Luar, distante Luar
por ti um poeta chora
como um Lobo que uivasse para a Lua

Chora porque te sabe distante
Porque te percebe triste
Porque te pressente desconfiada

Chora, porque tua beleza
ao mesmo tempo que resplandescente
parece-lhe inatingível

Por ti choram os lobos e poetas
porque sabem que nunca pousaram sobre ti
em teu Mar da Tranquilidade
(Mil Faces)

Para quem não sabe, também me chamam de Luar - só pra constar.

Seiva

Queria falar com a Seiva. Queria sentar num boteco qualquer, seja no Rio ou em São Paulo, e ficar horas trocando impressões com essa moça que nunca vi, mas que é uma amiga a quem eu reservo um carinho muito grande.
Essas coisas são malucas mesmo. A gente conhece alguém através de outro alguém que é importante pra gente e esse alguém se torna mais ou tão importante quanto. É mais difícil de compreender do que as aulas de botânica para quem detesta biologia, como eu. Nunca consegui guardar qual tipo de seiva conduz o Xilema ou Floema.
Mas Seiva eu guardei, seja a elaborada, ou a bruta, guardo com carinho, aqui, na minha caixinha de boas lembranças. Meu bem mais precioso e, felizmente, é difícil alguém tirá-la de lá, a não ser a própria, mas ainda que ela faça de tudo para sair, precisará de argumentos fortes como colocar a mãe no meio.
Hoje, essa mocinha, sósia da Gisele Büdchen, faz aniversário e eu não poderei comemorar a depressão da velhice ao seu lado, mas posso dizer que há muito tempo atrás, uma eternidade aliás, eu tive a idade que ela está fazendo e posso dizer que não é tão ruim assim. O problema será quando ela chegar na minha, vai ficar enlouquecida ao ver que já está com 27 anos e se pegará dizendo: "Ah, que saudade dos meus... 26!"


Parabéns, moça! Espero que nosso "reconhecimento" seja breve, já que da última vez, rolou um desencontro.

quinta-feira, junho 24, 2004

Telas Rápidas

Vi um Shrek de pelúcia tão fofo, mas tão caro. Queria ver um gato de botas. Não tinha na loja.

***


Quem vai ver Pelé?
Depois de Madame Satã e Cazuza, constatei que cinebiografia não é a praia do pessoal do cinema nacional. Eles deveriam ter aulas com o Milos Forman!

***


Moça com brinco de pérola é um daqueles filmes que a gente tem que ver, mesmo que não entenda ou não goste de História da Arte.

***


Só pra constar, eu não tive uma crise de choro ao ver "My life without me", o que eu escrevi me surgiu após assistir ao filme, mas não é uma autobiografia. Recomendo que assistam, é triste e delicado. Na minha opinião, uma mistura de Almodóvar em "Tudo sobre minha mãe" com os filmes da Meg Ryan.

***


Não tem pra ninguém. De todos os filmes que vi esse ano, o melhor é Dogville. Nem "Adeus Lenin" que eu gostei bastante ou "Mate a biu vol 1", que estão na lista dos melhores até agora, superam minha opinião sobre esse filme. Digam o que quiserem: "3 horas com o mesmo cenário", "teatro filmado" ou qualquer outra coisa. Dogville é um dos melhores filmes dos últimos tempos!

quarta-feira, junho 23, 2004

Morrer arruma tudo:

Leonel Brizola passou de esclerosado a romântico apenas num fechar de olhos.

Isso é Brasil e imprensa brasileira!

Tá certo: gente boa é gente morta, Roberto Marinho que o diga!. Se for político, então, melhor ainda! Tenho calafrios em pensar na morte de ACM - esse vira Santo na Bahia, com certeza. Num dou um ano (pós morte), para começar a fazer milagre.

PS- O Brizola não era tão do mal diante dos meus olhos, não pensem isso, por favor. Só estou constatando um fato.

terça-feira, junho 22, 2004

Cenas, frases e silêncios...

Na minha opinião, "O Poderoso Chefão" tem alguns dos melhores silêncios cinematográficos de todos os tempos. Revi o segundo ontem e ainda visualizo a cena em que Michael (Al Pacino) entra com o irmão daquele que vai acusá-lo no tribunal. É sensacional! Nada se diz e tudo se entende. Outra cena que me agrada muito é quando matam Fredo e seu irmão, sozinho, ouve o tiro e abaixa a cabeça. Silêncio absoluto. Não importa quantas vezes eu veja, sinto um nó na garganta e um certo mal estar.
Também gosto muito de algumas frases saídas da boca de Dom Vito Corleone (Marlon Brandon), e acho o máximo quando Michael, querendo matar Roth, o que parecia impossível, diz: "... o que a gente aprendeu com a história, é que se pode matar qualquer um."
Eu poderia falar de outros exemplos de frases geniais e assustadoras, como a de Wall Street (Oliver Stone): "Quer um amigo? Compre um cachorro." Porém, vou ficar por aqui hoje. Não estou muito inspirada e pretendo rever alguns filmes do Fellini para recarregar-me do diretor italiano.

domingo, junho 20, 2004

O pai que eu posso ter

Dorme, meu pai, sossegado.
Teu sono eu tenho velado
ainda que não possas saber.

Dorme, meu pai, sossegado
que eu fico aqui do teu lado
até chegar o amanhecer.

Dorme, meu pai, sossegado.
Eu ficarei ao teu lado
a velar o sono
do pai que eu pude ter.

(uma pseudoparódia da música que não sai do repeat do meu aparelho de som.)




sábado, junho 19, 2004

Diálogos dos Mortos

Terminei de ler essa obra do escritor Luciano de Samosata, ou Samósata como o tradutor da minha edição preferiu. Samósata, para quem não sabe, é uma cidade, na margem do Eufrates velho, lembrada, sobretudo, por esse escritor do século 2d.C.
Profundo conhecedor da cultura e da língua grega, levou uma vida de "conferencista profissional" - o que nos dias de hoje seria uma espécie de acadêmico com o salário da Fernanda Young.
Sua obra é irônica, inteligente e deliciosa. Menipo, a personagem principal de "Diálogos dos Mortos" é um homem que ri de tudo e de todos além túmulo. Engraçadíssimo.
Vale conferir. LEIAM! LEIAM!

terça-feira, junho 15, 2004

A fita

Tive uma crise de choro após o filme. Não consegui esperar o final dos créditos para ouvir a musiquinha e não atendi aos gritos do porteiro acostumado a comentar a película comigo, após a sessão. Saí correndo em busca de um café isolado e com no máximo duas ou três pessoas além do garçon.
Sentei e torci para que o garçon não me perguntasse nada além do que eu queria, pois estava difícil segurar as lágrimas. Muita sorte ele trazer um café, sem nem olhar para o meu rosto, completamente deformado e inchado de tanto chorar. Após trinta minutos, quando finalmente consegui controlar o choro, sem ter tocado no café, pedi a conta. Resolvi andar um pouco e pensar. Enquanto andava pelas galerias atrás de alguma coisa boba que me fizesse esquecer os motivos do choro, encontrei-o. Dessa vez estava sozinho.
- Oi, menina. Cê tava chorando? Aconteceu alguma coisa, seus olhos estão vermelhos e inchados.
- Nada demais, tive uma crise de choro após um filme.
- Que filme?
- Minha vida sem mim. Sei lá, de repente percebi que vou fazer 30 anos, daqui a poucos dias, e não tenho ninguém para deixar uma fita.
Nessa hora olhou-me assustado, jamais me imaginaria chorando ao ver um filme desses, jamais me convidaria para ver um filme assim. Só lembaria de me convidar para ir ao cinema, se fosse para ver um filme russo com legenda em alemão, mesmo assim para tentar me impressionar, e só me imaginava em cinematecas assistindo mostras do Fellini ou Trufaut.
Mostrou-se preocupado, nunca havia me visto tão transtornada, que até pegou na minha mão e convidou-me para irmos à sua casa, tomar um achocolatado e ouvir Chico Buarque.
Apesar de esperar por mais de um ano para encontrá-lo sozinho e ter sonhado com esse convite, não aceitei. Abaixei a cabeça e disse que era melhor ir embora.
Ele só conhecia 10% de mim e ainda assim não conseguiu me amar...

sábado, junho 12, 2004

Versos
(Para você, por me dar versos sem saber)

Na metade diluída na lágrima
um verso
Na metade escondida no olhar
um gesto.

Da metade resumida num verso
um outro gesto
Da metade alcançada num gesto
um outro verso.

Na outra metade escondida no gesto
o outro verso que se perde
na metade diluída na lágrima
e se esconde no outro gesto
que se cala ao recitar
um simples verso.

Para todas as formas de Amor:

"O amor que move o sol,
como as estrelas"
O verso de Dante
é uma verdade resplandecente,
e curvo-me ante a sua magnitude.
Ouso insinuar,
sem pretensão a contribuir
para que se desvende o mistério amoroso:
Amar se aprende amando.
Sem omitir o real cotidiano,
também matéria de poesia.

(Carlos Drummond de Andrade in: "Amar se aprende amando").

***
Se se morre de Amor
(...)
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!

(...)
(Gonçalves Dias - clique e leia o poema inteiro)

****

Aceitarás o amor como eu o encaro?
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.


(Mário de Andrade)

***


Toulouse-Lautrec, O beijo


Para quem está só, recomendo a leitrua de "Os remédios para o Amor" de Ovídio. Não adianta muito não, mas é uma leitura agradável.
Um feliz dia dos namorados para todos.

Quem está em SP e vai à Parada Gay, a gente se encontra por lá. Quem sabe um dia todos os dias qualquer maneira de amor seja aceita, afinal, qualquer maneira de amor vale amar, não só no dia dos namorados, nem no dia do orgulho gay. Todo dia é dia de orgurlho de ser o que é, todo dia é dia de namorar!
Beijos.

sexta-feira, junho 11, 2004

Momento bem feito!

Depois da festa de ontem por conta da vinda do morador de Belém mais esperado dos últimos meses, eu dei uma cochilada no sofá do nosso mais que querido 607.
Nesse momento de sono, pela primeira vez em minha vida, tive um sonho com história: começo-meio, só não tinha fim ou o fim era o começo, talvez.

Negro Anjo, o maior organizador de festas, como sempre acontece, estava todo atordoado com os preparativos do meu velório.
As pessoas, em vez de flores, traziam caixas de cerveja e eu, do caixão, assistia a tudo enquanto procurava o meu nariz.

Definitivamente eu preciso parar de ler Machado de Assis, Luciano di Samosata e Gógol. Ah, e parar de invejar as pessoas que têm sonhos com histórias...

quinta-feira, junho 10, 2004

I Don't Know What I Can Save You From
(Kings Of Convenience )


You called me after midnight
Must have been three years since we last spoke
I slowly tried to bring back
The image of your face from the memories so old
I tried so hard to follow
But didn't catch the half of what had gone wrong
Said "I don't know what I can save you from"
I don't know what I can save you from

I asked you to come over, and within half an hour
You were at my door
I had never really known you
But I realized that the one you were before
Had changed into somebody for whom
I wouldn't mind to put the kettle on
Still I don't know what I can save you from
I don't know what I can save you from

I don't know what I can save you from
I don't know what I can save you from
I don't know what I can save you from
I don't know what I can save you from

sábado, junho 05, 2004

E veio aquele beijo...aquele beijo...*

Machado de Assis, no conto "O Espelho", revela que a melhor definição de amor não vale um bejio. Pensando nisso resolvi aproveitar a semana dos namorados para falar do beijo. Confesso que não foi só isso que me levou a querer falar no assunto, meu esmalte novo tem forte influência na escolha, pois chama-se "deixa beijar".
Além de Machado de Assis, outros autores deram ao beijo um status além das palavras, já que as definições não compreendem o amor, pois são palavras, não sentimento, assim, retomando o mesmo conto, os fatos explicam melhor os sentimentos: os fatos são tudo. O beijo é um fato.
Cortázar, por exemplo, dedica um capítulo inteiro para a descrição de um beijo. Qualquer definição do amor, feita em páginas literárias, até mesmo "O Banquete", Platão, não deixaria o leitor tão ávido por encontrar alguém quanto aquele capítulo 7 de "O Jogo da Amarelinha. Nesse capítulo, uma ação com referência imediata na realidade é descrita: a imagem do beijo vem à mente. É como quando alguém diz o nome de um prato de que gostamos bastante e começamos a salivar.
Por esse motivo, não é no beijo em si que se encontra o amor, mas, apropriando-me do verso de Drummond, "no breve espaço de beijar". Não é quando as personagens se beijam, mas nos minutos que antecedem o beijo em que a vontade é descrita. Vontade que é o sintoma principal do amor, "paixão" principal da vida, que nos move e que nos faz agir. Assim, o beijo é a ação do amor que ao ser realizada pode provocar o tédio - o que acontece geralmente quando o sujeito entra em conjunção com o objeto -, ou aumentar a vontade - o que acontece quando o casal ainda está nos primeiros meses do relacionamento.
Por isso a prostituta cobrava mais com beijo, pois beijar não é necessidade fisiológica como o sexo, é vontade, é desejo cultural, não natural. Afinal, qualquer bicho faz sexo, mas eu nunca vi um beijo de dois elefantes nesses programas sobre a vida animal.

Não quero, contudo, mitificar o ato de beijar, o romantismo só faz parte do meu cotidiano quando o assunto é Chico Buarque, porém quando a boca que idealizamos coincide com a boca que está a nossa frente**, a frase de Machado de Assis faz mais sentido, os versos de Drummond deixam de ser apenas versos e amor não é mais só uma palavra...




* Verso da música Fotografia de Tom Jobim.

** Cortàzar, J, cap. 7.

sexta-feira, junho 04, 2004

Felicidade

Hoje eu vou comprar a felicidade, se por acaso demorar a voltar não se preocupem. Por enquanto fiquem com essa bela citação:

"Para muitas pessoas tamanho não é documento,
mas também para muitas pessoas dinheiro não traz felicidade.
Acho que quem inventou isso era pobre e tinha pau pequeno."

(Duílio Ferronato em coluna especial
para revista TPM de Julho de 2003)

quarta-feira, junho 02, 2004

A lamentável história dos namorados*


Estava conversando com minha mãe sobre o dia dos namorados que em quase o mundo inteiro é 14 de fevereiro, dia de São Valentin, e no Brasil dia 12 de Junho, um dia antes do de Santo Antônio.
Perguntei a ela em que data se comemorava o dia dos namorados no Líbano e ela repondeu-me que não se lembrava de ter tal data.
Brincamos que árabe não namora, casa, mas na época dela e, principalmente na do meu pai, não namorava mesmo Aliás, no mundo inteiro, namoro é algo novo.
Em algumas línguas, a palavra namorado é designada pelo pronome possessivo na frente da palavra amigo. Namorado, consequentemente, é um amigo do qual temos uma certa posse.
Comecei a pensar, então, nessas instituições e nomenclaturas que o mundo foi criando para poder trepar sem culpa (imposta pela igreja) e dividir a grana sem medo (imposto pela elite).
Na evolução dos comportamentos, casamento sempre foi um negócio, mas como era um negócio arriscado, inventaram o noivado, para os pais terem certeza do investimento de seu dinheiro e para os interessados, especialmente o homem, terem certeza de que daria para encarar o contrato sem a rescisão do mesmo, que no mundo cristão era proibida. Nos países de cultura islâmica, sempre pôde rescindir o contrato, e por isso, o noivado é mais curto, apenas o tempo de pagar a metade do valor da noiva - a outra metade vem no divórcio, porque árabe sabe fazer negócio e divórcio.
Quando permitiram o divórcio, no mundo cristão, casamento tornou-se ainda mais arriscado, porque os homens teriam que sustentar suas esposas pelo resto da vida, ainda que arrumassem outra. As mulheres, por sua vez, ficariam faladas e de Senhoras de respeito passariam à prostitutas apenas pela rescisão. Por isso a amante que já era instituição, passou a ser necessidade.
Resolveram, então, parcialmente o problema, inventando o namoro, ainda não como é hoje, mas também não como o famoso: "só podíamos trocar olhares e pegar na mão", que seus avós, ou bisavós, contavam. (Digo seus, porque os meus avós são do século XIX).
Mais tarde veio a liberação sexual, surgiram os contratos pré-nupciais e as mulheres divorciadas ganharam mais status que as solteiras pós 30 anos, ainda mais porque o divórcio passou a ser um ótimo negócio para elas. Quem não se lembra da frase do filme "Clube das desquitadas": ?Não fique raiva, fique com tudo.?
O mundo, a partir daí, foi caminhando para o sexo casual, o casamento sem papel e as amantes perderam sua utilidade, tornando-se dor de cabeça por conta da lei do concubinato e do teste de DNA. Estão aí os pagodeiros e jogadores de futebol que não me deixam mentir.
Já os amantes (tanto das mulheres quanto dos homens que não têm coragem de sair do armário), que antes eram os mais escondidos e candidatos prováveis a terno de madeira, incorporaram-se na sociedade com o nome de personal trainer, a profissão do futuro: salário fixo e sexo garantido.
Agora pergunto, depois de toda a mudança dos costumes, o namoro como fica? E aos namorados que sucede?



*Nome do poema de Drummond citado. Infelizmente não consegui achar o poema inteiro na net. Está no livro "Amar se aprende amando" - se você quiser ler inteiro, só pedir, como sempre.

terça-feira, junho 01, 2004

Se Javé é por nós
Allah será contra nós? (ou vice/versa)


De um lado: os filhos de Isaque, herdeiros da "Terra Prometida", oriundos da Alemanha, Polônia, Itália e alguns outros países da Europa, pós SGM - liderados por alguém que acredita ser Moisés, ou Davi, é homônimo de estrela de cinema e jura que é o mocinho do filme.

Do outro: os filhos de Ismael, irmão de Isaque e filho bastardo de Abraão, o patriarca de todas as religiões de tradição judaico/cristã, que mudaram de posição pós SGM , viraram os "sem - terra" da História e criaram a religião que mais cresce no mundo - liderados (?) por alguém que passou de terrorista a candidato ao prêmio Nobel da Paz, de candidato ao Nobel a enfeite.

No meio: uma cerca de 1 bilhão de dólares, muitas bombas, suicidas, fanatismo e os discursos de George Bushinho contra o terrorismo, que pelo que eu saiba, ele não tem nada a ver com o Al Corão, nem com o velho testamento.


Foi de lá que vieram as "peças" para a "montagem" da minha pessoa... e ainda me cobram coerência...

E se a gente fizesse o que tem vontade?

Acordei com vontades insólitas. Deve ter sido o horário; acordar cedo me deixa com vontades insólitas.
A primeira foi sair com uma camiseta escrito: TAMANHO É DOCUMENTO E HOMEM REPARA EM CELULITE SIM! - até aí, nem tão insólito, mas as vontades foram ficando mais esquisitas, quando fui acompanhar mamãe ao geriatra. Durante todo o trajeto de ida e volta, outras idéias chegaram e instalaram-se em minha doente cabecinha.
Uma moça, muito bem vestida, passou ao meu lado. Segurei-me para não atender aos apelos do diabinho sentado no meu ombro e cochichar em seu ouvido, como se fosse fazer uma declaração de amor, que sua meia estava desfiada do calcanhar à coxa.
No bazar ao lado da clínica, um anjinho pediu para que eu perguntasse o nome da vendedora, mas o diabinho voltou e a moça chamava-se Jocicreuza. Não dá, ter que segurar o riso é muito difícil. Esses pais deveriam ser processados por colocar nomes assim em seus filhos.
Depois da consulta, eu e mamãe fomos almoçar no Shopping. Dessa vez, não sei quem sentou em meus ombros, mas tive vontade de pegar o suco da moça na mesa ao lado, beber e sair como se nada tivesse acontecido, passar na outra mesa, cortar um pedaço da lasanha do rapaz, comer e até jogar um beijinho para ele.
Após pensar sobre essas coisas, tive vontade de contar para minha mãe. De todas as vontades, foi a única que eu realizei e ela, rindo, disse:
- Você não pode acordar cedo mesmo, filha. Fica de mau - humor.

Mas eu não estava de mau - humor. Hoje eu acordei feliz. É sério, fazia tempo que não me sentia assim: "do bem..." Só que eu tive vontades insólitas... todo mundo tem, não?

Not in blue. Just blue.

Para Adriana que tem a paciência de ouvir as minhas vontades insólitas!

Eu quero um homem azul
Azul da psicanálise
Azul do céu, da minha boca
que reflete em água cristalina
Um homem azul
Azul dos olhos da menina
a menina dos meus olhos.

Um homem azul.
Not in blue. Just blue.

Eu quero um homem azul
que faça do meu jazz , bossa nova
do meus pés, o barquinho
as mãos, que venham... que passem
num doce balanço
do macio azul do mar...

Eu quero um homem azul.
Not in blue. Just blue.

Cujo único violão
Eu.

(Zilda Catharina*** in: "Coisas que não precisavam ser escritas")

Um recado à minha filha:

Vai por aqui, porque meu e-mail tá dando pau:

Você me fez chorar de emoção, fez com que eu me sentisse útil. Além do trabalho que eu te dei, você me escreve aquilo? Eu desabei a chorar como uma besta.
Eu vou explodir Minas Gerais! Ô terra pra ter gente maravilhosa!

Só que você não poder ser humana, não pode! Porque em ti, eu acredito. Acredito de verdade! Caramba, eu te amo, sua chata que me deixa toda sentimental!