quinta-feira, julho 31, 2003

Você vai me seguir

Você vai me seguir
Aonde quer que eu vá
Você vai me servir,
Você vai se curvar
Você vai resistir
Mas vai se acostumar
Você vai me agredir
Você vai me adorar
Você vai me sorrir
Você vai se enfeitar
E vem me seduzir
Me possuir, me infernizar
Você vai me trair
Você vem me beijar
Você vai me cegar
E eu vou consentir
Enfim me apunhalar
Você vai me velar
Chorar, vai me cobrir
E me ninar


(Chico Buarque/Rui Guerra)

quarta-feira, julho 30, 2003

Pois é



Os bissexuais têm 50% a mais de chance de não ficarem sozinhos em casa num sábado à noite.
(Woody Allen)

Há 3 sábados que fico em casa e sozinha... Woody Allen tem razão.

Adriana, Bethânia e Fátima

Mesmo que gritem: "muda o disco", "coloca outra coisa", não adianta:de hoje até domingo, só ouço Fátima Guedes, Adriana Calcanhoto e Bethânia!

Vamos começar pela dona Calcanhoto:

Canção Sem Seu Nome
(Adriana Calcanhoto)


Eu vi você atravessar a rua
Molhando a sombra na água
Eu vi você parar a lagoa
Parada
Você atravessou a rua
Na direção oposta
Pisando nas poças
Pisando na lua
E a poesia ali me deu as costas
E pra que palavras
Se eu não sei usá-las
Cadê a palavra que traga você daquela calçada
Você atravessou a rua
Na direção contrária
E a poesia que meu olho molhava ali
Quem sabe não me caiba
Quem saiba seja sua
Ali atravessando a chuva
Toda lagoa parada
Você na direção errada
E eu na sua
Como fruta do conde
Um rio correndo pra foz
É como se a correnteza
Fosse parada
E tudo, mais tudo, mais tudo,
Fosse igual a nada



Na boa? Tô sofrendo de síndrome de "Peru". Sofrendo de véspera e já sentindo saudades!!!

Já disse que amo essa mulher?


Auto-ajuda

Estavam todos no salão sentados em cadeiras que formavam um círculo e rodeados por cartazes com frases do tipo: "Você é bom"; "Você pode"; Você faz", entre outras.
Marco chegou atrasado. Nunca chegava atrasado e as pessoas estranharam, sentiram sua falta nos primeiros dez minutos de reunião. Chegou todo de preto e interrompeu o depoimento de Lúcia, sua amiga de infância, que o apresentou ao grupo. Chamavam-se D.A, depressivos anônimos.
Logo que entrou, topou com o cartaz em que estava escrito: "Já disse que ama aquela pessoa hoje?". Teve um crise de choro. Todos correram para socorre-lo e Lúcia deixou que ele fizesse o seu depoimento, antes do dela.
- Olá, meu nome é Marco Antônio e eu estou deprimido.
Meu avô morreu e hoje foi o seu enterro. Estou triste, porque eu estava brigado com ele e nem fui visitá-lo no Hospital. Eu não disse que o amava. Ele morreu e..
Lúcia interrompeu e gritou:
-Ah, não! Você teve uma crise de choro por causa do seu avô?
-Ué, qual o problema?
- Todos! Você foi criado por ele e o velho só te batia. Te maltratava e o obrigava a trabalhar para sustentá-lo. Foi seu carrasco e ainda te obrigava a pedir "abenção" todas as noites, como se ele pudesse abençoar alguém. Marco, você está nessa droga de grupo por causa dele. Você se sentia obrigado a cuidar dele, porque ele fazia chantagem emocional, porque seus pais te deixaram com ele. Jogava na sua cara que seus pais te abandonaram. E agora você vem chorar por ele? Ah! Não.
Todos bateram palmas para Lúcia e a coordenadora do grupo disse que ela estava inciando a sua melhora.
Marco foi aconselhado a procurar ajuda médica, não estava bem. Seu caso era realmente grave, pois freqüentou por um ano o grupo e nunca tinha falado sobre a relação com seu avô.



quinta-feira, julho 24, 2003

Pergunta:

Por que será que tudo sempre tem que dar errado?

Outra notícia ruim e paro de ir "até o fim".

Pessoas, ele me entende também!

DEVE CHAMAR-SE tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade do que não deseja

Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.


(Fernando Pessoa)

Ei, Superid, desse poema você gostou? Avise-me, ainda vou te fazer gostar de poesia!!!

Lembrei dessa música:

Ao ler isso aqui, lembrei dessa música do Gil:

"Meu divino São José
Aqui estou em vossos pés
Dai-nos chuva..."


Procissão
(Gilberto Gil)

Olha lá vai passando a procissão
Se arrastando que nem cobra pelo chão
As pessoas que nela vão passando
Acreditam nas coisas lá do céu
As mulheres cantando tiram versos
Os homens escutando tiram o chapéu
Eles vivem penando aqui na terra
Esperando o que Jesus prometeu

E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver

Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao deus-dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isto tem que se acabar



(Gilberto Gil é... sem palavras! Ele já disse todas)

quarta-feira, julho 23, 2003

Ele me entende!




Tudo bem que Casablanca me faz ter alucinações com Rick Blaine, mas e daí, ele me entende, ele também guarda um segredo e vive de lembranças...
- Ei, Blaine, dá um pouco dessa bebida aí...

Você é tão bonita

Já perceberam como Caetano diz essa frase em "Você não entende nada"?
Entenderam a profundidade da frase, viram que vale mais do que qualquer declaração existente na face da Terra? Ele disse: "você é tão bonita" e ela estava com lágrimas de cortar cebola! Ela cheirava a cebola e ela ainda a achou bonita e disse daquele jeito!

Vocês entenderam?

Vocês não entendem nada, mesmo...
Nem eu entendo... TPM é uma droga!
Tá na hora de rever "Casablanca" e parar de ouvir essa música. Não está me fazendo bem...

Para dona Fulana:


"SOLIDÃO APAVORA
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando, agora, em mim
CANTANDO EU MANDO A TRISTEZA EMBORA..."

(Caetano Veloso)



Somos loucas e lúcidas querendo transformar tudo em música!

Receita de Bolo:

Li uma vez que as pessoas preferem receitas de bolo à poesias. Vai um bolo aí?

Quando a inspiração me arrebata
Deixo-a passar
Espero um pouco
Deixo a vontade à espera
como quem coloca fermento
e deixa a massa descansar.

Escolhos uns substantivos
prefiro os abstratos
para deixar um gosto
indefinido
inexplicável.

As medidas não sei
faço de olho
de reparo
Um Paulinho aqui
um Chico ali.
E de repente
um João.
Vários, aliás,
o Cabral, o Possível,
Gilberto para trilha.
E a Ana.
Não a esqueço, mesmo na ausência.
A língua
Dos Andrade na media certa
de um Mário, brasileiro, de outro, português.
Pessoas, todas. Álvaro mais,
Ricardo, sempre lembro.

Carlos não pode faltar
a bruxa por minha conta
a borra por Manoel.
os barros da minha vida,
vitrines de multidões
nas galerias de Baudelaire
nas retinas de uma paulista.

Não os misturo
apenas os sinto
na dor de um homem
a dor de Paulo
Fingindo.

Muito fingimento
levado ao forno
de muitos graus
Muito fogo.
E ao fim,
água
para acordar do sonho.

I don't want stay here. I want to go back to Bahia!!!

MÁRCIO, EU QUERO TOMAR SUCO DE MANGABA AÍ EM SALVADOR COM VOCÊ! EU QUERO!

Outras Palavras:

Hoje acho que estou "verborrágica".

(Davi, já disse que te amo? Já, né?)

Silicone pra quê?

Eu definitivamente não consigo entender porquê as mulheres insistem em colocar silicone nos seios.
Posso enumerar as desvantagens de ter seios grandes:

1 - Dores nas costas e problemas na coluna.
2 - Você nunca consegue achar um sutiã que sirva: ou fica grande nas costas ou os seios ficam metada pra fora.
3- Biquini nunca fica legal e você tem que ir em lojas em que você os monta, pois mesmo tendo a mesma medida do quadril, o sutiã é sempre muito menor .
4- A lei da gravidade é muito mais cruel com os seios grandes e atua muito antes do que esperado.
5-Você é obrigada a ouvir que não tem seios e sim um monte de apelidos idiotas, tais como: air bags, turbinas dianteiras, peitões, travesseiros, almofadas e por aí vai.
6- Eles não são nada fotogênicos e você sai milhares de vezes mais gorda nas fotos.

Agora, vantagem, eu não encontro nenhuma!!!

terça-feira, julho 22, 2003

Tem dias

Tem dias que a gente se sente seja como quem partiu ou morreu, seja, talvez, menos gente. Tem dias que a gente se sente assim... tem dias que a gente se sente só!

Eu odeio a internet, porque ela me aproxima de pessoas me afastando delas.
Eu odeio todos os países, estados e cidades onde estão as pessoas que mais amo!

Oh! GET ME AWAY FROM HERE I'M DYING!!!
(Belle&Sebastian)

Beijo



Não, não mexas aí
não toques nas minhas lembranças
deixe-as intocadas
deixe-te guardado
e não digas nada.
Tudo que disseres poderá manchá-las
tudo que fizeres:
Irá estragar-te.

Não, não mexas aí
quero sonhar-te sempre
preciso da idéia
da possibilidade
de guardar-te
como quem guarda
um segredo
dentro de uma caixa
pequenina como eu
e só minhas mãos
podem abrir
só meus olhos podem ver
só meus lábios beijar.

E quando beijo
não beijo-te
beijo as lembranças
o segredo
a idéia.
A possibilidade de amar.

Segredo nas árvores

Assisti um filme chamado "Amor à flor da pele". Um filme chinês muito singelo que tinha uma parte em que o protagonista dizia que os antigos quando queria guardar um segredo, faziam um buraco numa árvore, sussurravam o segredo e jogavam barro em cima. No dia eu guardava um segredo. Um segredo que ainda guardo. Um segredo que vem de um amor. O maior amor que já tive na vida, e começou no dia em que nasci.
Então fiz isso aí:


Amor à flor da Pele.

"Amor vem sempre seguido de uma rima pobre e cruel"
(Jovany Sales Rey)


Amor
Amor cega
Amor amarra
Amor espera
Amor perturba
Amor resgata
Amor dor
Amor
Amor
dor
dor
segredo
dor
dor
or
or
or
or
or


segunda-feira, julho 21, 2003

Fazendo vontade

Por hoje é só, pessoas. Vou me despendindo, fazendo vontade:




Viram o modo com que ela inclina a cabeça?
E a forma máscula com que ele a beija! Ai, deve tê-la pêgo pela cintura, trazendo-a para si... ai ai...

Acaso e Ana C.

O acaso é sempre bom. Escrevi uma vez sobre ele. Vou escrever de novo. Ao olhar meu contador, um blog diferente apareceu entre as referências. Fui ver e qual não foi a surpresa: um poema meu estava lá. Mais surpresa foi saber que o blog é todo dedicado à Ana Cristina César. Minha querida Ana Cristina. Vocês precisam conhecer mais sobre ela e eu gostaria de conhecer a pessoa que teve uma idéia tão maravilhosa. Entrem lá:

Inéditos e Dispersos


Outro acaso foi conhecer esse moço. Recebo uma mensagem sobre Beatles no icq e me deparo com um amigo da minha querida amiga Fulana Gauche..
E olha! ele tem blog. E nesse blog, duas fotos de velhinhos escrevendo que me emocionaram. Mais um jogador pra lista de amigos, afinal, amigo da Fulana, gosta de Beatles e tira fotos tão fofas, vai virar amigo fácil. Conheçam:

Superid


Ah, ele disse que meu blog é bonito e gay! - Disse que eu deveria mudar o fundo para rainbow... Até que é uma idéia. Estava pensando em mudar o layout mesmo.

Ah, Drummond!

Ah, meu velhinho cabisbaixo e pensativo, como tem invadido minha história nos últimos meses, nos últimos anos, nos meus 26 anos...
Ah, meu amigo, o que será que você quer de mim, mandando-me tantos avisos?
Aos nove anos de idade, mostrou-me que era proibido sonhar, aos 15 colocou-me uma pedra no caminho e aos 17 deixou-me sem graça sussurando erotismos.
Depois, por sua causa apaixonei-me por "Possibilidades". Seu amigo possível, tornou-se impossível, escancarou -me despudorado em Pça Pública, deixou-me a ver navios partindo, e você nem sequer me consolou. Ele se foi e só os versos ficaram. Só os nossos versos: os meus, os dele e o seus.
Ganhei uma filha da Minas que não há. Leva-me à essa Minas. Leva-me a você. Ela veio, mas se foi e agora vai pra mais longe. Cativou-me, guiou-me, ensinou-me o jeito mineiro de ser. Ensinou-me o amor de mãe e a tristeza de ter seu filho longe, de ter que se afastar. Ela se foi e ficaram os versos, o amor, a espera, a gravidez e um sentimento do mundo. E mais distância nesse meu "eu" que ama e falta.
No seu centenário, conheci um menino de olhos procuradores que odiava poesia e amava você. Como não amál-lo? Não é necessário gostar de versos para se apaixonar pelos seus, não é necessário ser conhecedor para encantar-se com seu conhecimento deles. Basta ter olhos que procuram a dor e a procurando, não há como não ir ao seu encontro. E mais um a nunca mais ver.
Nos últimos meses,ou melhor, nas segundas dos últimos meses, suas obras completas na minha mão, um amigo novo e querido na minha frente. Lindas afinidades poéticas, grandes amores compartilhados através dos versos. Os mesmos versos, em uma ocasião, o mesmo nome. E você, Drummond. Você, suas obras completas e uma das pessoas mais lindas que conheci na vida. E agora, ele também se vai. Fico me repetindo: Belém é logo ali. Mais um a se afastar e talvez nunca mais ver.
E agora, meu amigo, Itabira me invade. Uma fulana errada que me acertou em cheio! Amizade de infância, iniciada ontem. Coincidências bizarras, já diria alguém, nos fizeram próximas. Ela procurava você e achou a mim. Mais coincidência foi conhecer o amigo dela que procurava Beatles e esbarrou em mim, que acabou me mostrando invasões drummondianas na besouromania. Mais Itabira, mais gente que me remete a você. E como não ser guiada ao seu encontro, se todos os caminhos que pego chegam até você? E mais pessoas que talvez não veja nunca, que nunca mais verei.
É Drummond, mesmo quando me afasto, vamos de mãos dadas, porque me pediu: "Não nos afastemos/não nos afastemos muito". Todos se vão, mas você fica.
Ah! Drummond, eu tenho caminhado melancólica e vertical demais. As luzes têm se apagado e o meu grito continua aqui, preso na garganta, esse meu calcanhar de Aquiles. E só você o conhece, só você sabe dessa tristeza de amar no escuro. Mais ninguém saberá.
Será esse o aviso que tem me dado, colocando tantas pessoas que me levam a você? Será que quer me dizer que as luzes irão sempre se apagar e todos irão se afastar, mesmo os que chegaram agora, como os que já foram?
Ah! Essa cidade de São Paulo, 10 milhões de habitantes e eu nem precisava tanto! Precisava de amigo. Um amigo como você, Carlos.
Não nos afastemos, Carlos. Não nos afastemos muito.

sábado, julho 19, 2003

A Borra.

Quando morrer serei lembrada
A menina que lia borra
A borra do café
Adivinhava
E se tivesse fé
Acontecia

Quando morrer serei lembrada
A menina que andava
Andava a pé
às margens do rio Pinheiros
E se tivesse fé
a via.

Quando eu morrer serei lembrada
A menina que estudava
Estudava até
à beira da faculdade
E se tivesse fé
Enlouquecia.

Quando eu morrer serei lembrada
A menina que pensava
Pensava na Sé
Em frente às Catedrais
E se tivesse fé
Se convertia.


Quando morrer serei lembrada
A menina que versejava
Versejava no café
Versejava a pé
Versejava na Sé
Versejava até
às margens do rio Pinheiros
Em frente as Cadetrais
à beira da faculdade
E se tivesse fé
Acontecia

(Nice Skaff - ou seja, eu!)

Jogadores

Deixaram um comentário aqui e eu fui dar uma olhada no blog e gostei. Gostei bastante, aliás. Vai pros jogadores! Estava em dúvida onde colocá-la, decidi colocar entre os amigos.
Conhecam:


Dona do Palácio de Copas

Espera

Eu estou esperando. Como aquela velhinha do filme, eu tenho levado dois almoços, todos os sábados. Sentada no mesmo banco, eu espero. Quero dar-lhe novamente o outro almoço. Estou ali, esperando.
Talvez eu não o reconheça, e quando sentar ao meu lado eu lhe entregue, sem saber, o almoço que tenho levado, durante anos, para você. Pois eu nem sei mais quem é você. Não sei mais o que espero, ou melhor, espero uma possibilidade que sente ao meu lado e eu possa dar o almoço que preparei com tanto carinho.

Apaixonada


Vem me beijar na boca
Vem me fazer amor
Vem me livrar do medo
Vem ser meu segredo

Minha alegria

Vem visitar meus sonhos
Vem me fazer dormir
Vem me acordar num beijo
Num tempo futuro
Na primavera

Vem ficar comigo
Vem para sempre
Vem me seguir
E vem me guiar
Vem me olhar nos olhos
Vem, de verdade
Vem me dizer sim
Uma vez mais
Pra sempre sim
Assim
Assim
Assim

Vem navegar comigo
No verde-azul do mar
Vem caminhar na areia
Na ilha perdida
No oceano

Vem me alegrar a vida
Vem me trazer calor
Vem me curar as dores
De tantos amores
Tantas saudades.


(Ed Motta/Nelson Motta)

Andando amarrada

"A culpa de ser amado".

Depois que assisti "Dolls" fiquei com isso na cabeça. Fiquei pensando, andando, andando. Estranho. Uma tristeza, dessas que a gente não explica e chega como uma tempestade repentina, inundou meus pensamentos. Senti vontade de chorar, mas não consegui. Nunca consigo chorar. Parece que fica tudo empelotado nos olhos e as lágrimas não conseguem sair de lá. E depois vão para garganta dando um nó e descem para o peito causando uma dor, tão inexplicável quanto a tristeza, no lado esquerdo.

quinta-feira, julho 17, 2003

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza!
(Caetano Veloso)


Mover e Sofrer

Aeroporto Vira Copos, Campinas, São Paulo. Ali começou uma história de amor e terminou outra.
Voltava para o Rio de Janeiro, após uma entrevista para mestrado, na UNICAMP. Não me dei bem, como, aliás, já sabia. Fui para um suposto desencargo de consciência, ou para sair um pouco do Rio e esquecer minhas lamúrias habituais de economista frustrado. Deveria ter sido pianista, ou qualquer coisa do gênero, mas minhas habilidades musicais são tão mínimas quanto as minhas habilidades com as mulheres. Até hoje não descobri se sou eu que perco a graça quando começo um relacionamento, ou se são elas que, sem maquiagem, tornam-se mulheres comuns.
Fico criando teorias demais sobre isso, mas a realidade é uma só: corro atrás de coisas que só existem na minha imaginação. Ou melhor, corria.
Ela segurava em suas delicadas mãos uma passagem e uma bolsa pequena. Parecia não carregar as inúmeras coisas que as mulheres costumam levar. Seus olhos, lindos olhos negros, aliás, estavam cheios de lágrimas e seu rosto branco sem nenhuma maquiagem. Estava sentada em frente à sala de embarque e seu olhar fixamente direcionado ao portal de entrada do aeroporto. Não resisti e sentei-me ao seu lado.

- Olá.
- Oi- respondeu-me com uma voz meiga irresistível.
- Posso ajudar?
- Não.
Ficou em silêncio. Ficamos em silêncio.
Eu fiquei esperando o vôo de volta ao Rio e à minha vida que, segundo informaram, iria se atrasar devido ao mau tempo encotrado em São Paulo. Em outra ocasião, faria uma piadinha qualquer sobre a cidade da garoa, mas o simples fato de tê-la encontrado, fez com que eu, pela primeira vez, achasse a cidade perfeita. Aliás, algo me dizia que ela era paulistana. A pele branca denunciava. Talvez, se conseguisse arrancar mais algumas palavrinhas de sua boca, eu poderia ter essa certeza.

- Desculpe, percebi que está chorando, aconteceu alguma coisa?
- Você é insistente, hein?
Não pude acreditar quando a ouvi falar a frase. Seu sotaque, definitivamente, não era de uma paulistana. Minhas vindas a São Paulo me garantiam isso.
- Você é de onde?
- Do Rio de Janeiro.
- Estado do Rio?
- Também.
O coração bateu mais forte. Durante anos ela esteve na mesma cidade que eu e nunca a encontrei. Preciso ouvir mais minha consciência.
Ela não tirava os olhos do portão, parecia estar esperando alguém. Novamente o silêncio ficou entre nós por vários minutos quando foi quebrado por sua voz meiga.
- Você também é do Rio, né?
- Sou sim. Botafogo.
- Somos vizinhos. Ou quase.
Ela esteve perto o tempo todo. Comecei a ficar curisoso para saber de sua história. Olhei-a como quem perguntava o que ela estava fazendo ali e por algum motivo, resolveu contar-me:
- Acho que ele não vem. – olhou no relógio e a decepção tomou conta de seu semblante.
- Ele quem?
- Meu ex-noivo. – as lágirmas começaram a cair novamente e ela prosseguiu – Ele veio fazer mestrado em economia aqui. Estávamos para nos casar, mas há duas semanas, mandou-me uma carta dizendo que queria terminar. Mandei um telegrama, como última tentativa, dizendo que estaria aqui às 11h. e o esperaria até às 18h. Se ele não aparecesse, não o procuraria mais. São quase seis. Ele não virá.
Pensei em ser hipócrita o bastante para esconder a minha alegria por ele não ter chegado e dizer à ela que eram quase seis, ainda faltavam alguns minutos e essas coisas inúteis que a gente diz pra consolar alguém, ou então, partir pro ataque e começar a dizer como ela era linda.
Não fiz nada. Deixei meu silêncio falar por mim. Em um certo momento, confesso ter-me deixado lever pela emoção da situação e torcer para que, como nos filmes de Hollywood, ele chegasse no último minuto, quando estivéssesmo embarcando e poder ser testemunha ocular de uma cena cinematográfica. Mas logo deixei de lado esse rompante romântico, não tenho vocação para Rick Blaine. Queria estar com ela. Precisava dela. Ora! Sempre sonhei com uma mulher capaz de tudo por amor, até mesmo sofrer e entender que ele não a queria mais.
O aviso de chamada para o embarque do vôo foi dado. Outra vontade: uma mulher com voz de aeroporto. Mas logo passava.
Embarcamos e conversamos bastante. Ou melhor, fiz um monólogo enquanto ela chorava. Ofereci meu ombro. Segurei a vontade de beijá-la. Em alguns momentos contou-me sua aversão por praias e lugares cheios. Uma explicação para sua pele branca.
Ao desembarcarmos no Santos Dummond trocamos telefones e endereços.
Voltei ao Rio, à minha vida. A cidade estava mais bela do que o habitual. A cidade é linda, mas não reparava nela. Sabia de suas belezas, muito mais pelos programas de TV, do que pelas minnhas percepções diárias. Sonhei com a moça alva e bela. Sonhei acordado e, quando voltei do trabalho, no dia seguinte, não resisti ao impulso de ir procurá-la. Passei em frente ao seu apartamento em Botafogo. Engraçado, quase morei no mesmo prédio. Da varanda pode-se ver o Cristo, mas fui informado que iriam construir um condônimo em frente e a vista seria prejudicada. O mais estranho de tudo foi eu ter me importado com esse detalhe, afinal, eu nunca vou à varanda do meu apartamento e raramente reparo nos encantos do Rio de Janeiro.
Uma confusão em frente ao prédio chamou-me atenção. Fiquei curioso em saber o que havia acontecido.
- Olá, o que houve aqui? – perguntei a uma senhora que chorava muito.
- A moça do 304 se suicidou.
Ela se matou por amor. Não acreditei, ela foi capaz de algo tão Shakesperiano. Fiquei ainda mais apaixonado. Jamais conheci alguém tão sublime, tão apaixonado, tão século passado.
Com o coração ainda emocionado, resolvi andar na praia. Andar na praia, tão romântico quanto sua atitude. Sintia-me no meio de filme, podia ouvir uma música ao fundo. Quero dizer, não conseguia lembrar-me de nenhuma, mas a situação merecia. Eu quis chorar, mas uma moça caminhando em minha direção não deixou-me:
- Oi, tudo bem?
- T-t-t-udo. – ela não tinha se matado? pensei imediatamente.
- Praia! É bom andar e ver o pôr do sol na praia.
- Você disse que não gostava.
- Na verdade meu ex-noivo não gostava. Como vivíamos juntos, achei que eu fosse da mesma opinião.
- Eu passei no prédio onde você mora.
- Viu a confusão? A moça do 304 se matou.
- Você mora em que apartamento mesmo?
- No 404. E então, quer tomar um suco?

Ela não era quem eu pensava. Era uma mulher comunicativa, alegre e usava maquiagem. Não chorava o tempo todo e confessou-me que jamais seria capaz de um suicídio por amor. Mandou o telegrama e fez tudo aquilo, mais por um desencargo de consciência, pois seu relacionamento, segundo ela, já havia acabado antes da partida do noive para Campinas. Ficou triste, pois foram sete anos ao lado de uma pessoa. Além disso, sempre teve vontade de fazer algo diferente em sua vida, algo que pudesse contar a alguém e visse surpresa no olhar da pessoa. Sua vida andava comum demais.
Conversamos bastante e olhamos as estrelas. Ela tinha um conhecimento profundo sobre astronomia. Tão profundo que tirava o romantismo delas. Apaixonei-me.
É melhor começar um romance numa praia que em um Aeroporto.

Conclusão

Às vezes você quer que alguém venha contigo, mas ele prefere te esperar no portão. Todo dia.

quarta-feira, julho 16, 2003

Chega de Saudade

Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser diz-lhe numa prece
Que ela regresse porque eu não posso mais sofrer cChega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia que não sai de mim
Não sai de mim, não sai mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim colado assim calado assim abraços e beijinhos
E carinhos sem ter fim que é prá acabar com esse negócio de viver longe de mim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim...


(Tom Jobim/ Vinícius de Moraes)




terça-feira, julho 15, 2003

Para um menino só

"Ouça um bom conselho que eu lhe dou de graça: Inútil dormir que a dor não passa"
(Chico Buarque)

Essa solidão insistente
solidão de dor que não passa
esse nó da gravata
e a nossa avó já dizia: não faça.


Pessoas cheias de nós
cansadas de ouvir
ocupadas demais
Pra que insistir?

É, meu amigo.
Pra que insistir?
Por que fazer?
Tantos nós
sem gravata.
Tantos, tão sós
sem nós.



Contudo, Márcio, ainda temos a esperança e a "Saputara!"

domingo, julho 13, 2003

Um post sem título. Sem nada aliás. Apenas um relato de um domingo triste que amanheceu gelado e anoiteceu dormindo.
Não fiz nada. Mas sonhei. Sonhei o dia inteiro e comecei a noite sonhando. Chorei. Sim, ainda me sobraram lágrimas. Ainda me sobraram emoções. Pessoas fez-me companhia. Ele sempre preenche meu quarto nos domingos vazios.
Ouvi a voz do silêncio, o vento batendo nas folhas do jardim. O pequeno jardim de minha mãe. Suas plantinhas tão queridas sendo levadas para lá e para cá de forma tão grosseira. O inverno não sabe acariciar as plantas.
O inverno não sabe nos acariciar.
Senti um carinho frio vindo de outrora. Vindo de longe. De anos atrás. Um carinho frio que trouxe o gosto da saudade de ser criança e poder deitar no colo e receber seus carinhos frios.
Um carinho tão frio quanto as palavras que me fizeram sentir o gosto do desgosto. Da dificuldade de entender que a frieza era para o meu bem. Ainda não entendo esse bem. Não entendo a frieza. Não entendo esse gostar.
Talvez deva agradecer. Talvez chegue o verão e eu não sinta mais esse gosto do desgosto. O gosto da saudade fria, da casa vazia, do não entender.
Quem sabe o verão traga o desgostar de vez e eu fique sem querer entender. Eu finalmente me liberte dos carinhos frios e, principalmente, da vontade de me aquecer.

sábado, julho 12, 2003

Depus a Máscara



Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha


(Álvaro de Campos)

Esse poema me lembra uma pessoa...


Eu calço é 37
Meu pai me dá 36
Dói, mas no dia seguinte
Eu aperto o meu pé outra vez

(Raul Seixas/Cláudio Roberto - "Sapato 36")

sexta-feira, julho 11, 2003

Minha garganta, meu calcanhar de Aquiles

Se usar lógica, fica algo assim:

O peixe morre pela boca.
A Nice morre pela boca.
Logo a Nice é um peixe.

Não, não sou peixe. Mas a minha garganta é meu calcanhar de Aquiles. Falo demais, vivo com a garganta inflamada e fumo pra caramba. Uso e abuso da pobre coitada e ela tem o direito de reclamar. E reclama feio! Deixa-me com febre por alguns dias, fico sem poder falar por outros mais. Engordo pelo menos dois quilos, porque fico comendo toda hora pra "coçar" a garganta que fica arranhando.
Se tenho um ponto fraco, é ela. Implacável e mandona, domina meus atos e me obriga a ficar de molho por pelo menos 4 dias. Dias estes que são regados a chás, gargarejos com chá de romã (Argh!), mel, bolachas e litros de guaraná! Sim, eu não sei por que cargas d'água eu sinto necessidade de tomar guaraná quando estou com dor de garganta, mas desde pequena (pequena não é um bom adjetivo, eu ainda sou pequena), desde criança eu tenho esse estranho desejo.
Antibióticos eu não posso tomar, não fazem mais efeito.
A carência é elevada à enésima potência quando fico doente. Mas até que agora não. Estranho, acho que estou aprendendo a me virar sozinha... isso lembra uma música... ah, é! "Garganta".

quarta-feira, julho 09, 2003

Testamento

Acho que vou morrer. Estou com febre, estou doente, estou tendo alucinações. Até vi o Brad Pitt ao lado do meu pai. Meu pai segurava uma lata de atum e um abridor. Lembro-me disso. Lembro-me de ter gritado "mãe, cachorro quente!" em algum momento também. Rick Blaine saiu da TV e disse: "Ei, você assiste esse filme tantas vezes. Não quer vir aqui?"
Êpa, esse é outro filme, né não? Direção do Woody Allen. Ah, mas o Blaine também aparecia em outro filme. Nesse o Allen atuava. OH! Não me sinto bem.
Meu eu digital, ou será eu manual? Nossa, já passei para outro filme. Bem ruim esse novo aí. Mas o cara de preto é bonitão.
Enfim, o meu eu está morrendo. Acho que não resistirei até a primavera, ou se bem me conheço ficaria viva até o feriado de 7 de Setembro.
- Isso é "Malone Morre", Niti.
E daí, pode ser Nice Morre também. Febre alta, dor de garganta. Estou indo. Vou fazer meu testamento:
- Livros para Fabiana.
- CDs para Fabiana.
- Meu computador- para um museu.
Tenho algo mais? Ah, um sonho de ter um jeep. Mas eu ainda não tenho. Acho que não terei.
Vou ali.
Vou dormir.
Pra sempre.
Amanhã eu volto.

Divisão


- O CD Branco dos Beatles, não.
- Mas era meu!
- Você me deu, esqueceu?
- Esqueci, vou levar!
- Ah, o "Crime e Castigo", nem pensar!!! Eu ganhei!
- Daquele idiota por quem você era apaixonda, eu sei. Sempre tive vontade de queimar esse livro.
- E o que os meus CDs do Chico estão fazendo na sua mala?
- São meus CDs do Chico.
- Como são seus? Eram todos meus.
- Eu pedi uma prova de amor e você me deu.
- Quando?
- Quando a gente fez um ano.
- Pô, a gente ter feito um ano, já foi a maior prova de amor que eu poderia dar a alguém.
- Mas você me deu sua coleção do Chico.
- Eu devia estar bêbada, não lembro, o Chico fica!
- O Chico vai!
- O Chico fica!
- Então vai o Radiohead.
- Por quê?
- Porque era a sua prova de amor. Você tem que me deixar algo que gosta muito.
- E por quê?
- Porque eu queria algo que você gosta muito.
- Então leva o "Crime e Castigo".
- Esse eu quero pra queimar.
- Ah, você já tem algo que eu goste muito.
- Tenho?
- Você.
- É, eu sei.
- Até.
- Adeus. - volta-se para ela- Ele vem morar aqui?
- Não. E ele, vocês vão morar juntos?
- Vamos. Ele comprou um apartamento.
- Vem me visitar de vez em quando.
- Venho. E vê se vai no nosso chá/bar, viu?
- Tá.


Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde


(Chico Buarque/ Francis Hime -"Trocando em Miúdos")

terça-feira, julho 08, 2003

Saindo do Armário

Ontem recebi um e-mail sobre um site destinado à pessoas que desejam "sair do armário". É um site educativo e o meu amigo Sid disse que gostou bastante. Tem até um texto para amigos de homossexuais que não sabem como agir.
É, eu achei um exagero, mas tenho que lembrar que eu vivo num mundo diferente do da maioria e enxergo o ser, não a orientação sexual e é bem legal que as pessoas tenham acesso a esse tipo de informação.

Entrem lá:

http://www.armariox.com.br/

segunda-feira, julho 07, 2003

Pára Tudo!

Pára tudo!
Portshead, Radiohead, Belle & Sebastian.
Chico Buarque, Tom Jobim, Paulinho da Viola, Cartola.

E depois eu não quero ficar deprimida? Bah!
E ainda lendo e relendo isso:

A bruxa
A Emil Farhat

Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.

Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, julho 06, 2003

Genial

Leiam isso.

Pra vocês verem que piadinhas ofedem e muito!

sábado, julho 05, 2003

Hum...

Então,né? Sábado à noite em casa... a gente faz teste.
Aproveitando a minha decisão de arrumar um namorado, fui ver se realmente preciso de um. E não é que o teste é bom mesmo...


Como perder um homem

Estava, ou está passando um filme com esse título "Como perder um homem em 10 dias". Não fui ver, se estiver passando, acho que não verei do mesmo jeito. Além de ter uma lista de filme que quero ver em que esse não está incluído, eu sei fazer isso muito bem. Aliás, eu nem preciso de 10 dias, dois já tá bom.

É fácil:

1 -Diga que você gosta de filmes Russos com legenda em alemão. Sempre que vão ao cinema, escolha filmes chineses de três horas, ou filmes cult que ninguém, às vezes nem você, consegue entender.
2 -Converse sobre filosofia, dedique seu tempo ao lado dele para refletir sobre os por ques da vida. Olhe a sua volta e viva tentando emprestar uma história aos passantes.
3 -Marque os primeiros encontros em dias de TPM.
4- Não o deixe falar em nenhum momento, critique seus amigos e faça cara de saco cheio quando ele vai te contar uma história.
5- Sempre tome a inciativa.
6- Fale sempre da ex-namorada, ou daquela que ele mais gostou, e se possível, fale do seu ex também, principalmente se ele for o máximo.

Pronto! Ele desistirá de você rapidinho. Alguns insistem um pouco mais, mas é só continuar fazendo o mesmo por alguns dias e pronto!

(Sou obrigada a confessar que os números 1 e 2 eu faço sem ser intencionalmente. Até quando estou interessada em ficar mais de 10 dias com a pessoa. Os outros são realmente intencionais.)

APAIXONADA

Meu sobrinho disse que eu sou mais apaixonada do que qualquer casal. Não é à toa que sempre que ouço essa música do Eduardo Gudin e Aluízio Falcão, lembro-me dos nossos papos.
Vocês precisam conhecer meu sobrinho, ele é lindo!


Apaixonada
(Eduardo Gudin e Aluízio Falcão)

CD: Luzes da Mesma Luz
Gravadora: Dabliú
Ano: 2001

Ela me diz
O que um produz um sentimento
Onda feliz
Corre no mar do pensamento
Mágica, vertigem, lucidez
Calmaria, dor, insensatez
Na conta do amor
Todo errado fica certo

Ela não sabe
O que fazer pra ser querida
Mas quando é
Desfaz a lógica da vida

Vai ver uma lua de manhã
Dança toda nua com satã
Na conta do amor
Todo pecado fica lindo

Rindo,
Passa sua idéia
Canta,
Agita a platéia
Ai! Que bom te olhar
Tão apaixonada
Deixa tua risada
Solta pelo ar

SONHO

O CÉU É O COMEÇO!

Fulana

Escrevi o texto e esqueci de colocar link ali do lado. Mais uma jogadora para a lista.
Conheçam:

Para uma amiga

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


(Carlos Drummond de Andrade)


Vai, Niti! ser gauche na vida. Vai, Fulana! ser gauche na vida.
Vai e pega o bonde que está cheio de pernas, vai e ouça o que pergunta seu coração e não se importe se seus olhos não perguntam nada.
Não é fácil ser errado, dizem ser charmoso, dizem estar na moda. Mas se está na moda, não pode ser errado. Parece simples: coloque um piercing na língua, pinte o cabelo de vermelho, rosa ou azul, faça mil tatuagens e você está à margem.
Mas e a margem, e a sombra, e o bonde, e a fraqueza de não agüentar?
Tão difícil, tão árduo o olhar direcionar-se para outros lugares que não os convencionais. Tão penoso enxergar além e não conseguir entrar no meio da normalidade estabelicida. Seria mais simples se tudo fosse o piercing e/ou as tatuagens.

É Drummond, você estava certo!

“As atitudes inefáveis,
os inexprimíveis delíquios,
êxtases, espasmos, beatitudes
não são possíveis no Brasil


Não são mais possíveis no mundo. Tudo é perfeitamente engolido, vulgarizado, deixado de lado. E Che Guevara vira biquini, camiseta, jaqueta. Tá lá na novela, as meninas se gostam, vão imitar. E os olhos começam a perguntar. Mas o coração não pergunta nada.

Vai, Niti! ser gauche na vida. Vai tentar emprestar alma à multidão, vai descobrir que os homens das multidões são os gênios dos crimes perfeitos, porque não conseguem estar sós.

Ce grand malheur, de ne pouvoir être Seul” (La Bruyère) -

Grande desgraça de não poder estar só e sempre ter que procurar o outro.

É Drummond, você estava certo!

Os romeiros sobem a ladeira
Cheia de espinhos, cheia de pedras,
Sobem a ladeira que leva a Deus
E vão deixando culpas no caminho.


E quantas culpas nos caminhos de pedras, cheios de espinhos. Quantos espinhos e culpas colocaram no mundo, criando romeiros. Criando, também, os zombeteiros.

Vai, Fulana! ser gauche na vida. Vai tentar ouvir o coração que pergunta e os olhos que não perguntam nada.

Vai, pega o bonde que a gente se encontra lá. Olhando para as tantas pernas que ali vão estar, pernas diferentes, as minhas e as suas, mas pernas erradas, à margem, que não sabemos pra onde irão nos levar.

sexta-feira, julho 04, 2003

Balanço de Final de Semestre

Final de semestre. Vou fazer um balanço, afinal, pra que serve um blog senão para colocar suas frustrações e realizações? Se eu não fosse frustrada, não teria um blog, teria um site, uma editora, livros publicados. Se eu tivesse tudo isso, todo mundo já saberia das minhas realizações e eu não precisaria divulgá-las. Então vamos ao balanço, começando pelas frustrações que são as mais legais:

1-Ainda não publiquei porra nenhuma.
2- Continuo sem namorado.
( -Niti, você só começou a querer um namorado há uns dois meses, não é melhor deixar para frustração do final do ano?
Hum, não, deixaí mesmo, vai que eu mudo de idéia e isso vira realização de final de ano...)
3- Fiquei mais de 5 meses sem escrever nada.
4- Continuo sem conseguir me apaixonar.
5- Acho que vou ter que desistir de algumas coisas na faculdade.
6- Ainda fico sem conseguir pronunciar qualquer palavra inteligível diante da "escultura espartana" que vejo quase todos os dias na faculdade.
7- Não vou a Porto Alegre com o meu sobrinho pra ver o Edu.
8- Não vai rolar a viagem para o Congresso em Curitiba.
( -Isso ainda pode mudar
- Duvido muito)
9- Não ganhei na Mega -Sena acumulada.
10 - Aumentei a quantidade de cigarros consumidas por dia, devido as tribulações de outubro pra cá.

Agora as realizações:

1 - Consegui emagrecer vários kgs - tá certo que por motivos ruins, mas emagreci.
2 - Pela primeira vez na vida gostei de um corte de cabelo. E cortei o cabelo sem ser por crise de baixa auto-estima, mas porque tava precisando cortar mesmo.
3- Consegui terminar o semestre na faculdade, mesmo tendo sido obrigada a faltar nos primeiros dois meses, quando meus pais ficaram doentes e até raio caiu em casa.
4 - Consegui manter-me de pé, mesmo com as coisas totalmente bagunçadas, tendo que engolir a tristeza e mostrar-me forte, quando o que eu queria mesmo era chorar e desabar!
5- Minha mãe melhorou e meu pai também.
6 - Voltei a sonhar, pois depois de tudo, eu havia desistido.
7 - Voltei a achar que os meus problemas podem ser resolvidos
8 - Conheci uma pessoa que gosta do que eu escrevo e me fez voltar a achar que vale à pena continuar tentando escrever. (Kilvia, obrigada)
9 - Fiz grandes novos amigos.
10 - Conheci pessoalmente o Edu e a Fabiana. Duas pessoas que amo muito.


Já tá bom. Tem mais, mas vou deixar só os 10.

"Eu te amo"
Menina só, ouvindo "Eu te amo". Menina, só ouvindo "Eu te amo".
Não há vestidos enlaçados em paletós. Não há sonhos, desvarios, navios queimados. Só "Eu te amo".
Eu, menina, só ouço "Eu te amo". Eu, menina só, ouço "Eu te amo". Milhares de vezes.
Quero dar meus olhos pra alguém tomar conta. Eles não são mais inocente como antes. Ele não são mais ingênuos. São, segundo dizem, tristes. Mas quero dá-los para alguém tomar conta. Quero que esse alguém veja a vida através deles.
Quero ganhar um sorvete de chocolate, porque ele sabe que meus olhos brilham quando vejo um. Não porque eu pedi, mas porque ele sabe.
Quero caminhar com as pernas desse alguém, para que elas me levem para os lugares que ele gosta.
Quero, ao menos uma vez, não saber como partir.
Aprendi partir cedo demais.

quinta-feira, julho 03, 2003

Samira

Morena mulher minha mãe
Morena senhora dos enamorados
Mãe das ausências
Das carências
Da gota d'água
No copo transbordado

Morena mulher minha mãe
Morena senhora dos apaixonados
Mãe do esquecimento e do sossego
No amor
Que encontro em seus braços.

Morena mulher minha mãe
Morena senhora dos enamorados
Mãe da mãe da vitória
Da estrada em que estou perdida
Do estar em "samira"
Num deserto encantado.

quarta-feira, julho 02, 2003

Conversa digna de um estudo anatômico:

- Ele disse que não sabe ainda, menino... Tá na dúvida.
- Ah, é sim, Niti.
- Como cê tem tanta certeza?
- Ah, quando meu útero revira, batata!é gay.
- Útero????
- É, Niti, útero...