sábado, setembro 20, 2003

Se a justiça enxergasse, todo domingo seria legal.

Ei, amanhã poderá ser um domingo legal, pois o programa do Gugu Liberato até o presente momento continua suspenso do ar, obtendo assim, alguma legalidade nas tardes ilegais do primeiro dia da semana.
Eu, odiadora ferrenha das tardes dominicais, mesmo sem me aproximar da caixa imediata produtora de imagens sem qualquer imaginação, creio que todos os programas, com exceção de alguns documentários exibidos pela TV cultura e, claro, a exibição dos jogos do campeonato brasileiro, deveriam ser suspensos do ar aos domingos, pois só assim a TV aberta não cometeria nenhum atentado contra a inteligência do telespectador e poderia não ser indiciada por atentado violento ao pudor, sem contar nas inúmeras ilegalidades cometidas pelos tais programas populares que violam sobretudo os direitos humanos, transformando ignorância em audiência, miséria humana em espetáculo.
Mas ainda que isso acontecesse, os domingos só seriam legais no sentido de cumprir leis, porque não consigo achar nada de bom nesse dia tão entediante.
Domingo é dia de prostrar-se diante da TV, de preferência com ela desligada, para poder ouvir aquela angústia inesperada após o exagero alimentar provocado pelo almoço caprichado das mamas de todas as famílias. Sair ao portão e seguir com o olhar aquele papel de bala guiado pelo vento por todas as retas e curvas da rua completamente deserta.
Domingo é dia de ligar para o amigo, ao findar a tarde, para tirar sarro da cara dele porque time para qual ele torce, perdeu; ou tirar o telefone do gancho para que ele não faça o mesmo, caso tenha sido o seu time o perdedor. É dia de namorar, para quem tem seu par, de sentir a mais completa solidão, para quem não tem ninguém.
Dia de ir à loca caçar, de ficar em casa e sonhar.
Domingo é dia de se suicidar, de morrer ao final da noite e levantar na segunda-feira, novinho em folha, de mau-humor, mas com a esperança de ter uma semana diferente, embora saiba que será igualzinha a todas as outras.

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