sábado, maio 15, 2004

A quem interessar possa...

Hoje é aniversário de alguém tão especial para mim que me sinto com vergonha de não cuidar dessa amizade como deveria. Às vezes vislumbro-me com outras pessoas que, embora façam parte da minha vida, não ocupam um espaço tão grande em meu coração como esse meu amigo.
É bom quando o encontro nos corredores, porque me sinto em casa. Aquele lugar já não faz parte de mim, mas quando o encontro, sinto que voltei ao primeiro ano, quando tudo era festa, eu amava literatura e achava que queria passar o resto da vida ensinando as pessoas a gostarem de ler, escrever e, pensava, sobretudo, que seria uma grande escritora algum dia.
Eu deveria colocar o link do fotolog de sua banda, eu deveria escrever em camisetas "I love Rô", eu deveria fazer um tratado filosóficos sobre os vocábulos "filé", "chinelar" e "babe".
Nunca fiz nada disso. Mas deveria ter feito, deveria...

***


Ontem, sozinha no elevador, pensei em tudo isso. Subi pelas ruas desertas em que só se ouvia um triste samba canção e só se podia perceber uns poucos. Voltei me achando estranha e cheguei em casa preparada para o susto. Estava tudo igual, exceto pelo fato de que meu pai não agonizava de frio, não queria se cobrir e não me reconhecia.
Chegar em casa é estar preparada para o susto, mas nunca o preparo consegue amenizar a dor. Preparei-me para morte, mas não para vida.
Tenho me sentido sem casa, sem que ninguém consiga reconhecer-me de fato. Já diria Ana C., "não consigo passar minha ternura, minha ternura, entende?"

***


'Não sei, mas esse tal de
yogurte, às vezes, me faz lembrar o poema do Drummond:"Anedota Búlgara".

Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.


Quando meu cachorro Au Pacino finalmente aprender a teclar, não vou deixá-lo entrar lá não.

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