sábado, maio 22, 2004

Salve! Salve, simpatia!

Ao observar seus amigos mais próximos, já notou que há peculiaridades em cada um deles que são completamente impossíveis de explicar, que o deixam com vontade de vomitar, que o irritam absurdamente, mas que é exatamente isso que o faz gostar deles?
Um exemplo disso é a simpatia de E. C. e Adriana. Parece estar escrito em seus rostos: "aproxime-se".
E. C. é a pessoa mais devagar do mundo. Está sempre atrasado, porque, na maioria das vezes, esquece que marcou algo com você. Coisas que deixariam qualquer pessoa sem querer falar com ele por anos, mas é só chegar para tomar satisfações e deparar-se com um sorriso de quem não tem a mínima idéia do que você está falando, conta uma novidade qualquer e o faz esquecer na hora o porquê de estar bravo com ele. Afinal, percebe que ele realmente não sabia do que você estava falando, porque havia esquecido.
Só que a pior parte dos seus atrasos é se você vai buscá-lo em sua casa. Além de ficar esperando horas para que ele crie coragem de sair, o Sr. Simpatia pára e conversa com cada pessoa que o cumprimenta. Detalhe: é daqueles que se alguém pergunta, "tudo bem"? - ele vai explicar porque está tudo bem e o mais incrível é que essa é uma descrição típica de um "chato", mas ao contrário do que se espera, qualquer pessoa começa a se interessar, milagrosamente, por seu relato. Vai tentar isso, você, caro leitor, e ninguém jamais perguntará se está tudo bem, aliás, fugirão ao vê-lo num raio de dois quilômetros. Com E. C., não. Todos os seres humanos que cruzam por ele abrem um sorriso e param para conversar.
Com Adriana acontece a mesma coisa. Ela tem apenas um metro e meio de altura é percebida em todos lugares por onde passa, ainda que esteja numa distância quilométrica. Qualquer lugar onde entra, ouve-se alguém gritando: "Dri!" Chega ser enjoativo.
Pior ainda é aquele maldito celular que não pára de tocar um minuto. É só começar uma conversa e ela é interrompida, ou pelo toque do celular, ou por alguém gritando seu nome. Chega ser impossível conversar com ela mais de dez minutos, sem ser interrompido. Assim como E. C., demoram séculos para chegar onde se propuseram ir. Vão encontrando uma série de pessoas no caminho e o pobre coitado que os espera vai preparado para passar horas fazendo carão.
É incrível como apesar de coisas desse tipo serem extremamente irritantes em qualquer outro ser-humano, nos dois tornam-se peculiaridades fascinantes. Qualquer dessas pessoas que os param, fazendo-os se atrasarem, que interrompem suas conversas, também passam pelas mesmas situações dos que os esperam e são interrompidos. No entanto, ninguém deixa de procurá-los.
Mas vá tentar ser simpático como eles... seu celular não tocará, a não ser quando sua mãe liga ou em caso de engano, e ficará mais sábados à noite sozinho em casa, mesmo sendo bissexual e como disse Woody Allen, tendo 50% a mais de chance de não ficar.

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