Eu não queria...
Eu não queria ter que tocar no assunto, porque acho que isso aqui é um blog, visitado geralmente por amigos, pois eu raramente divulgo e muitas vezes até prefiro não ser "linkada" por outros blogs, justamente para que a coisa fique entre amigos mesmo. E como é uma coisa entre meus amigos, não precisaria passar por essas situações, afinal, quem me conhece ou teve vontade de me conhecer, sabe da minha vida e se não sabe, pelo menos sabe que tem a liberdade de perguntar qualquer coisa que eu não me ofendo em responder.
Também não ligo se me façam críticas (desde que assinem para que eu saiba quem está falando, não precisa expôr-se no blog, mas para mim sim. - Ah, nem adianta me mandar ouvir Sandy&Junior porque isso não rola, como já fizeram aqui, uma vez).
Pode falar mal de mim e até me xingar, desde que eu entenda o motivo, mas o que aconteceu foi ridículo. Recebi alguns e-mails ofensivos, com endereços diferentes, mas com textos iguais. Não vou transcreve-los, pois são de extremo mau gosto, mas adianto que falavam sobre a minha orientação sexual de forma vulgar e cheia de preconceito. Eu nunca falei aqui sobre a minha orientação, poderia dizer que omiti porque ninguém tem nada a ver com isso, o que é verdade, mas tenho um blog e de certa forma deixo uma parte da minha vida exposta aqui. O fato é que nunca falei disso, porque iria parecer aquele quadro do Casseta e Planeta onde um cara que frequenta a sauna gay fica repetindo: "Eu não sou gay".
Eu sou heterossexual, porque gosto de pessoas do sexo oposto, no caso, homens. Mas o fato de ter uma orientação sexual que não enfrenta preconceito, não me dá o direito de achar que está tudo bem, pois não está. Todo mundo tem o mesmo direito - e isso é garantido por lei - por isso que faço propaganda de sites que lutam para que todos tenham o direito de amar, de se relacionar e de demonstrar carinho em público.
Fora isso, frequento bares gays, vou todo ano na parada do orgulho gay e tenho amigos homossexuais. Meu primeiro emprego na área de jornalismo foi em um site de baladas gays (o projeto não foi pra frente, infelizmente) e visto a camisa da causa. Contudo, não separo meus amigos por orientação sexual, a maioria é homossexual, sim, mas antes disso, são meus amigos e com quem eles se relacionam não faz a menor diferença, o importante é que eu gosto muito deles e sei o quanto é difícil enfrentar preconceitos, pois eu também os enfrentei, em todas as suas faces, afinal, venho de uma cultura diferente, sou da periferia de São Paulo e sou uma mulher "bicha", como ressaltam alguns. (Só não sou corinthiana, mas aí já é demais, né?)
Eu gostaria de viver em mundo em que não fosse preciso fazer campanhas para que as pessoas aceitassem a diferença. Gostaria de não estar escrevendo esse post e, principalmente, gostaria que as pessoas fossem julgadas por sua honestidade, sinceridade e caráter, não por sua orientação sexual.
Esses e-mails me ofenderam, não por me chamarem de lésbica (não foi esse o termo, aliás), mas pelas ofensas contidas porque a pessoa achou que essa fosse a minha orientação sexual. Não é, mas e se fosse, porque as ofensas e a indignação dessa pessoa? O que isso interfere na vida dele ou dela, seja lá quem for ? Qual o motivo de tanto ódio?
A única resposta que eu encontro é que pessoas assim são tão covardes que odeiam quem tem a coragem de se aceitar, o que não acontece com alguém que ofende os outros por serem homossexuais e nem tem coragem de assinar, quanto mais se aceitar.
Desculpem, meus amigos, eu nem ia tocar no assunto, mas comentei o fato com meu mais que AMADO amigo Negro Anjo e ele achou que eu deveria falar sobre isso, como ele também falou sobre o assunto em seu Folhetim.
É isso, espero não mais receber tais e-mails e já aviso, qualquer comentário de homofóbico nesse blog será apagado. Eu respeito a liberdade de expressão, mas não respeito preconceito.
quarta-feira, outubro 29, 2003
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