Com Fantasia
Colocou roupinhas femininas. Usou as maquiagens que ganhou da mamãe. Ficou horas no cabeleireiro e por fim o salto.
Ficou linda! - disseram.
Olhou no espelho: não era ela.
Levaram-na para jantar em um restaurante que seus pés nem sonhavam pisar. Deram-na um anel que seus dedos jamais imaginaram colocar.
Vale um carro. - disseram.
Olhou no espelho: não era ela.
Havia chegado o momento. Foi criada e educada somente para esse momento que seria único e o único, pois talvez não tivesse outra oportunidade:
- É como fruta, tem que colher na hora do amadurecimento, senão apodrece. - disseram.
Olhou no espelho: não era ela. Não era para ela. Precisava se cumprir.
Dez anos depois, não se cumpriu. Apodreceu.
domingo, janeiro 25, 2004
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