sexta-feira, janeiro 02, 2004

Eu ajeito o meu caminho para encostar no 607:

No ano passado eu subi na montanha, não como anda o corpo, mas um sentimento. Doismiletrês foi o ano mais passional dessa dama que vos fala. Fui uma mulher apaixonada durante todos os dias desse ano que, aliás, foi o ano em que eu mais assisti novela.
Seu Sidinei me viciou em novelas: Betty, a feia; Mulheres Apaixonadas; Anjjo Mau; Chocolate com Pimenta; Celebridades - é tanto personagem que eu às vezes nem lembro de qual novela é, mas sei que é uma delícia comentar sobre a cena anterior e adivinhar tudo que vai acontecer no capítulo seguinte, pois elas são quase todas iguais, a diferença é a narração, bem como os comentários do Sid que sempre me manda ficar quieta, porque não tem legenda em novela ou faz comentários do tipo: "empresta seu óculos, não estou conseguindo ler a legenda..."
E foi uma delícia assistir novela ao seu lado, foi uma delícia estar ao seu lado.

No ano passado eu descartava os dias em que eu não via o Pedrinho, porque é sempre muito bom ver aquele menino de olhos tristes como os meus e sorriso singelo. Conversamos sobre tudo e todos, falamos sobre nossas emoções e pensamentos imperfeitos, fragmentos de discursos amorosos povoaram as manhãs em que acordávamos juntos, tomávamos café e assistíamos videoclipes. Eletro e eletrônicos, batidas sem fim de duas pessoas que adoram conversar sobre filmes, livros e papo de intelectual. Poesia e sextas - feiras das paixões, assistindo amp e discutidindo o fato de eu não ser índia!

No ano passado eu rodava as horas pra trás para que a segunda-feira não acabasse, para que eu e o Mémerson continuássemos recitando poesias, divagando sobre amantes passados, futuros amantes. Poemas, Pessoas, Drummond... Florbela Espanca e eu esquecendo milhares de problemas e dificuldades. "Deparei-me com meu medo, bem no meio da minha coragem" ouvindo-o recitar Elisa Lucinda enquanto bebíamos Fanta laranja com cachaça. Tudo em plena Segunda-feira, dia que todos odeiam e eu esperava como louca para chegar e por isso, "estranho seria se eu não me apaixonasse por ele". Amigo que está guardado para sempre!

No ano passado, a ação não valia se a performance não fosse do Dedé. Seja "a muçulmana", "a aleijada", seja ele imitando o Mémerson ou a Mara dançando, ou mesmo dançando Tati quebra barraco, sempre era um espetáculo. E Clarice é mais Clarice Lispector quando esse moço começa a ler algum trecho de um de seus livros.

No ano passado eu vivia a buscar Edy Carlos, porque ele me fazia ver estrelas e, distraído como ele só, esquecia que eu o estava esperando... Como sinto saudade de nossas conversas de surfistas nas madrugadas em que dormíamos no mesmo quarto. Monossilábica e genial. Falávamos de tudo, mas só nós entediamos...Arte, quadros e cores, tá certo que as cores não são as mesmas, mas Edy é colorido. Edy, o meu pé favorito!!! Edy, meu eterno marido, amigo. Edy, Talento!

No ano passado eu saltava as noites sem me refazer. Passava noites em claro rindo muito com o que a Márcia dizia. Como é engraçada, tem uma rapidez incrível para uma piada nova. Pessoa incrível e agradável que eu conheci fazendo prova da "Tati".
E eu surpreendia o sol, antes do sol sair, para não acordar o Marcelo, mas não adiantava, porque ele sempre acordava e eu quase não o via, porque trabalhava demais, trabalha demais.
E pela porta de trás, da casa vazia, eu chamava o Frank para ler a borra e nunca dava certo, porque ele, definitivamente, não sabe fazer café árabe. Divertido, bonito e simpático, esse mocinho me fazia rir, me confundia com suas aventuras amorosas e, principalmente, nunca fez nada que eu não quisesse!

No ano passado a Lica ficou surpresa por me ver dizendo umas coisas que eu li na xícara dela e quase chorou quando eu contei sobre a primeira vez que eu chorei de alegria. Não sei se ela lembra. E essa borra de café me garantiu mais uma amiga prevista no futuro.
No ano passado eu ingressei e mil dias antes de conhecê-las, já percebi que Camila, Mara e Adri eram geniais, maravilhosas e encantadoras! Mara, a sensibilidade. Camila, a atitude. Adri, a ternura. Lindas, maravilhosas. Mulheres em seu significado total.

Tudo isso num apartamento de número 607, a minha segunda casa. Praticamente moro lá, sou o "gatinho" - eles me deram leitinho, carinho e eu fui ficando... os donos se mudam, mas eu continuo lá conhecendo pessoas maravilhosas e recebendo carinho. E por isso eu sempre ajeito meu caminho para encostar no 607, para enconstar nessas pessoas maravilhosas.

Não poderia, portanto, deixar de homenagear, no primeiro post do ano, essas pessoas que durante todo o ano passado me deram força para conseguir suportar as dificuldades de 2003. Espero que 2004 seja um ano melhor, como disse, quero brincar de ser feliz, mas coisas boas aconteceram em 2003 e tê-los conhecido foi uma delas, sem dúvida alguma.
BEIJOS.

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