sábado, janeiro 31, 2004

Conversas de um sábado de manhã:

Eram onze horas da manhã e estávamos ouvindo Cássia Eller cantar "Palavras ao vento". De repente o verso "palavras momento" me fez perguntar sobre o prazo de validade das palavras.
As palavras. para mim, têm prazo de validade e esse prazo é expirado imediatamente após serem ditas. Um "Eu te amo" é verdadeiro naquele momento e não importa se no momento seguinte não há amor, no anterior houve. A palavra escrita é diferente, é mentirosa, é tentativa de eternizar o momento do amor, mas torna o momento falso, pois é muito mais fácil escrever que amo alguém, mas não saberia dizer isso para a mesma pessoa estando próxima. Além disso, passamos por sentimentos contraditórios e às vezes odiamos alguém que amamos e só odiamos, justamente porque amamos.
Os sentimentos são contraditórios e as palavras são palavras, palavras momentos, ditas com verdade naquele instante e já não valem mais depois. Por isso as cartas de amor são ridículas, pois o amor é ridículo aos olhos de quem não ama. Já tentou ler aquela carta de amor que recebeu de um antigo amor?
Hoje há um embrulho no estômago parecido com aquele que sentiu quando recebeu a carta, contudo, quando recebeu, o embrulho no estômago era de alegria, o de hoje é de vergonha em tê-la recebido.


Pois é, eu tenho conversas assim de manhã cedo. Meu caso é de internação!

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