Deixa eu brincar de ser feliz
Que no ano que vem brinquemos muito de ser feliz...
Tudo de bom para todos vocês.
Feliz 2004 e em Janeiro tô de volta e quero muitos paparicos nesse mês, porque é o mês do meu aniversário, hein pessoas?
quinta-feira, dezembro 25, 2003
terça-feira, dezembro 23, 2003
segunda-feira, dezembro 22, 2003
Oh!
Eu gravei uma música...
Sim, eu fiz isso, mas a sorte de vocês é que eu não tenho um provedor para colocá-la e ela está no computador de um amigo meu, o músico que me acompanhou na saga de gravar "A Mariposa" do Wilson Batista.
É uma marchinha de carnaval, linda... triste... tragicômica, eu diria...
Quem sabe até o Carnaval eu a coloco aqui.
Mas o fato de ter gravado foi legal, perdi a vergonha de cantar na frente dos outros e assumo: no peito dos desafinados não bate um coração! Eu fui extremamente insensível fazendo isso... tsc tsc, coitada da mãe do meu amigo, foi obrigada a ouvir esse ser com voz de taquara rachada...
sábado, dezembro 20, 2003
Natal
Natal é nascimento e durante essa época se espalham desejos de paz, felicidade, bons sentimentos.
Os assaltos não diminuem, mas você pode ouvir do ladrão: "Feliz Natal, aí".
A fome não acaba, mas sempre tem gente distribuindo uma cesta básica, tão básica, que dura até o dia seguinte.
É tão lindo ver o sentimento de solidariedade das pessoas comprando vários brinquedos na 25 de Março para distribuir no dia de Natal. A rua fica cheia e cada vez mais crianças recebem brinquedinhos. Algumas, às vezes, nem engolem aqueles carrinhos e bonecas do tamanho do polegar. Coisa ínfima.
E as promoções? Maravilhosas! Tudo tão mais caro, mas você pode ganhar uma lata e economizar no pacote, pode ganhar uma bola de plástico e até uma máquina fotográfica ou uma camiseta, ambas nada à prova d'água, mas tudo bem, a primeira chuva de verão é só no começo de Janeiro.
Tão lindas aquelas árvores gigantes que dão a impressão que vão cair a qualquer momento, tamanha a quantidade de enfeites que colocam nelas. Papais Noéis com roupas quentes, morrendo de calor, com várias crianças no colo pedindo uma bicicleta e um video game. Natal é realmente uma época que os bons sentimentos afloram nas pessoas, afinal, em que outra época alguém colocaria uma roupa dessas num calor de quase 40 graus, não é mesmo? Salvo Dom Pedro II, claro.
E as favelas? Só quando o Natal se aproxima as matérias sobre as favelas não falam sobre o tráfico de drogas, nem sobre os assassinatos, mas sim sobre o bondoso homem que se vestiu de Papai Noel e alegrou as criancinhas. E quando esse bondoso homem é alguém do lugar, as lágrimas rolam nos telespectadores que não entedem como alguém que também mora nas mesmas condições que os outros, guarda um pouquinho do nada que tem para fazer um gesto tão sublime. Claro que durante o resto do ano, esse bondoso homem é odiado, as pessoas atravessam a rua se o vêem se aproximando e quase nunca consegue um emprego quando dá o endereço de sua casa. Mas no Natal ele muda, ele nos emociona, porque estamos todos tomados pelo espírito natalino.
A tradicional sopa não pode faltar. Necessário dar sopa numa noite quente de Natal para a multidão de mendigos que durante o ano os filhos deles quiseram queimar, chamaram de bebum duma figa e tantos outros adjetivos. A sopa é tradição.
Eu gosto tanto desse espírito natalino. As pessoas ficam tão mais simpáticas, felizes, caridosas, solidárias. Natal é a data da comunhão, deve ser por isso que Papai Noel usa roupa vermelha.
Sublime...
sexta-feira, dezembro 19, 2003
quinta-feira, dezembro 18, 2003
Procura-se Desesperadamente:
Cão macho mestiço de Husky siberiano, com 3 patas.
Atende pelo nome de BLUE.
Desaparecido desde 11/12/03 (quinta-feira) do Campus da Cidade Universitária da USP.
Encontrava-se sob tratamento de quimioterapia.
Gratifica-se a quem encontrá-lo.
Qualquer informação entrar em contato comigo no e-mail: jogodadama@hotmail.com ou ciamartins@bol.com.br com Márcia
Se alguém encontrar, o telefone está na coleira, por favor ligue. Estamos todos desesperados atrás do Blue, se você mora nas mediações da Cidade Universitária, viu um cão com tais características entre em contato conosco. Por favor, não deixe de nos avisar e isso é sério, sem brincadeiras, pois o cão encontra-se em tratamento médico e a dona está desesperada.
Se você tem blog, site ou qualquer coisa e puder colocar esse apelo, ou mandar para sua lista de e-mail, ficaria grata.
segunda-feira, dezembro 15, 2003
E quero que você venha comigo:
Não importa quem seja você, eu quero que venha comigo...
Vem comigo? Tem coragem?
Vamos emprestar histórias para a multidão de passantes, fazer poemas para aquele sentado no bar esperando alguém que não chega, brincar de palavras associadas aos dois rapazes que acabaram de sair daquele banco.
Vem comigo? Tem coragem?
Vamos juntar nossas solidões e enquanto você canta uma música eu leio um livro. Enquanto procura a lua, eu conto quantas janelas estão acesas naquele prédio que a esconde.
Vamos brincar de contar os azulejos coloridos nas calçadas da Paulista e pular amarelinha nas paredes da Gazeta.
Vem comigo? Tem coragem?
Vamos tomar um café na Praça da República e conversar com aquela Drag vestida de "Xica" da Silva. Vamos recitar a parte do Romanceiro da Inconfidência sobre a Dona do Palácio do Tijuco.
Andar sem pressa pelo centro velho, olhar a arquitetura abandonada, algumas reformadas.
Vem comigo? Tem coragem?
domingo, dezembro 14, 2003
Chico Buarque em Macondo
Era quase 9h. da manhã quando ouvi: "Te perdôo, por fazeres mil perguntas..." - aí pensei que precisava curar essa minha obsessão por Chico Buarque, além de sonhar com ele, já estava ouvindo as músicas nos sonhos. Então novamente ouvi:" Ilusão...Ilusão...Veja as coisas como elas são..." - Hum... será que deixei meu som ligado? É a seqüência do CD... já estava estranhando muito. Por alguns instantes um silêncio e logo começou a tocar "Sem Fantasia".
De onde viria o som? Aqui em Macondo é humanamente impossível ouvir Chico Buarque de outro lugar que não seja minha casa, pois eu geralmente acordo ouvindo "Morango do Nordeste" ou alguma do "É o tchan". Tanto que às vezes ouço alguns gritando: Tira essas músicas de aposentado! Não dá pra ouvir algo mais alegre que essas músicas de mulher abandonada?
Minha mãe entrou no meu quarto e disse: "Nice, não está muito cedo pra ouvir Chico nessa altura? "
Quando descobriu que não era eu, também achou estranho. Fomos procurar de onde vinha aquele canto de Sereia - sim, Chiquito me deixa hipnotizada. E não é que era do meu vizinho ? Mas eram outros vizinho... dois moçoilos casados que se mudaram para cá há um mês. Que bom! Macondo chegou no seu centésimo ano de solidão e há um mês está sendo habitado por pessoinhas que me entendem... Tomei um chá com eles, ouvimos Chico até o meio dia, conversamos e talvez iremos numa baladinha na semana que vem. Legal! Amiguinhos no bairro... eu percebi que há um mês eu não ouvia a tal da "Morango do Nordeste" e nenhuma música do "É o tchan" invadia minhas manhãs de domingo.
Ah, eles disseram que o volume alto é porque pensaram que não iriam incomodar já que durante várias horas do dia me ouviam ouvindo Chico Buarque, e realmente não incomodaram, apenas Chico pode me acordar... qualquer outra coisa me deixa com péssimo humor, mas Chico pode tudo.
sábado, dezembro 13, 2003
Dez livros, dez discos, dez filmes e dez poemas
Não estão em ordem de preferência, mas em ordem de lembrança.
Os livros:
1 - Memórias do subterrâneo - Dostoiévski
2- Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
3- O Banquete - Platão
4- Grande Sertão: Veredas. - Guimarães Rosa
5- Ulisses - James Joyce
5- Decameron - Boccaccio
6- Avalovara - Osman Lins
7- O Jogo da Amarelinha- Julio Cortàzar
8- Fausto - Goethe
9- O Processo - Kafka
10 - O Capote e outros contos - Gógol
Os Discos:
1- White Album - Beatles
2- Magical Mistery Tour- Beatles
3- Chega de Saudade - João Gilberto
4- Construção - Chico Buarque
5- Chico&Bethânia ao vivo.
6- Imitação da vida - Maria Bethânia
7- Bebadosamba - Paulinho da Viola
8- Ok Computer - Radiohead
9 - Ópera do Malandro
10- Calabar - Chico Buarque
Os Filmes
1- Noites de Cabíria - Fellini
2- La Strada- Fellini
3- O Leopardo - Luchino Visconti
4- Deus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber Rocha
5- Último Tango em Paris - Bertolucci
6 - Amor à flor da Pele - Wong Kar-Wai
7- Manhattan - Woody Allen
8- Morangos Silvestres - Bergman
9 - Era uma vez na América - Leone
10 - Underground - Kusturica
Os poemas:
1- Bacanal - Manuel Bandeira
2- A uma passante - Baudelaire
3- Explicação - Drummond
4- A Bruxa - Drummond
5- Não Digas nada - Fernando Pessoa
6- Alone - Edgard Allan Poe
7- Um beijo - Ana Cristina César
8 - Madrigal Melancólico - Manuel Bandeira
9- Lisbon Revisited (1923 e 1926)
10- Farewell y los sollozos - Pablo Neruda
Poetas
Alguém pode me dizer o que é essa mulher recitando Fernando Pessoa?
E Jim Morrison recitando Baudelaire e Rimbaud?
Aliás, alguém pode me dizer o que são esses três poetas? Três não, porque Pessoas é vários...
Quando ouço o Morrison recitando e Betha dando vida aos poemas, eu sinto vontade de apagar esse blog, de deletar meus escritos e nunca mais tentar escrever um verso sequer! Vou te contar, esses caras me fazem sentir raiva de mim mesma...
Gente, como conseguem criar versos tão sublimes?
E eu nem vou falar de Drummond... odeio esse meu amado velhinho!
Pretensa Beduína, se jogue na areia...
Amores possíveis...
Ai as possibilidades... as impossibilidades... os amores impossíveis que por alguns momentos se tornam possíveis quando a gente sonha.
E o sonho parece real, parece que dá pra tocar, que se pode pegar.
Mas não pode.
É sonho. É realidade paralela que se cria com gosto de chocolate. Libera o prazer irreal, a sensação, o momento de felicidade instantânea, como suco artificial à venda em supermercado. Tem gosto de fruta, o aroma da fruta, mas não é fruta.
É sonho de amar.
É querer por não querer estar só, mas somente só é que se realiza. Via de mão única, estrada sem curva para chegar mais perto. Presença da ausência que só ausente se aproxima.
É festa que só você participa.
É dançar sozinho, dançando junto.
Parece ser. Nível profundo: quadro semiótico incompleto. É não-ser.
...
..
This is just a sorry lament.
E já rolou a Festa!
Produção impecável.
Pessoas fofas.
E eu não ganhei prêmio de NADA!
Boicotaram-me.
Enfim, eu era a mulher mais odiada da festa mesmo... Senti isso...
Niinguém manda estar acompanhada, quero dizer, MUITO BEM acompanhada pelo homem mais gato da festa, né bio?
Depois seleciono fotos pra vocês verem...
Antes de terminar, um detalhe: Negro Anjo é o melhor! Ainda não entendi como esse homem lindo, gostoso, simpático, legal, maravilhoso está solteiro! Os homens realmente são muito burros... muito mesmo!
E do meu Menino Experimental eu nem preciso falar nada, eu vivo falando dele: LINDOOOOOO!
quinta-feira, dezembro 11, 2003
Indecisão:
Não sou gay.
Não sou hetero.
Não sou bi.
Não sou PAN
muito menos PAM
Não sou mina
Não sou Paty
Não sou intelectual
Não sou comercial
Não sou menina
Não sou velha
Não sou frágil
Não sou forte
Não sou boa
Não sou ruim
Não sou legal
Não sou chata
Não sou triste
Não sou feliz
Não sou poeta
Não sou inteligente
Não sou burra
Não sou nada
Não sou TU-DO!
Sou o quê?
quarta-feira, dezembro 10, 2003
Rapidinha
Falei no filho do homem, lembrei de Beatles.
Teve gente que prometeu gravar um lance deles pra mim e depois sumiu, nunca mais deu notícias...
Promessas... sempre promessas...
Tudo bem.
Tom Zé versão Remix
Na onda do eletrônico - más influências - estou ouvindo um CD do Tom Zé "Postmodern Platos"- Remixes de: Amon Tobin, The High Llamas, John Mcentire, Sacha Frere-Jones e Sean Lennon.
Achei a melhor: "O olho do Lago" - remix by Sean Lennon, o filho do homem.
Gostei do disco.
terça-feira, dezembro 09, 2003
Guia São Paulo by me
Começando pelos bares:
Opção - banker's bar - todo mundo que vai lá tem cara de bancário, bom mesmo é ficar na parte de cima e curtir a vista.
Prainha- pós-expediente e confraternização - todo mundo parece marcar encontro de net, pós-expediente e confraternizações em geral. As pessoas gritam .
Café Creme - Professores da Cásper Líbero.
Puppy- Bancários e alunos da Cásper Líbero.
BH - Galera cult pobre que passa ali antes de assistir um filme no Espaço Unibanco. Garçon gente fina, é barato, mas o banheiro é um lixo!
Internet Point- O cyber café mais "estilo" do mundo. Quem tem rinite alérgica é melhor não ir, o lugar é brechó e sebo ao mesmo tempo. Quintas, Sextas e, às vezes, aos sábados tem DJ'S e o espaço é legal.
Bar Brahma- É bonito, não dá pra negar, mas às vezes tem umas bandas horríveis. Outras, tem uns velhinhos tocando bossa-nova sem cantar, o que é melhor ainda, porque dá pra conversar.
Sujinho e Padaria na Vila Madalena - Demoram a te atender, as garçonetes parecem estar de mal com a vida, mas é barato e é bom pra final de balada também.
Bar Du Bocage- Pequeno, quase nunca tem mesa, mas o filho do dono é gato, o garçon é gente boa e a galera é divertida.
Hertz- O Som é alto, o lugar ainda não sabe se é bar ou "boate" gay, mas o garçon também é muito gente boa e o caixa é uma delícia.
Riviera- Decadente! Tentaram reanimar colocando samba, a Sociais em peso ia pra lá, mas virou samba de intelectual.
Frevinho- Quase nunca tem ninguém. Só tem chope. Para uma coisa a dois é bom, porque é vazio e fechado, dá pra papear e as pessoas, quando tem pessoas, não gritam, parece que nem falam.
Cachaçaria - Eu e meus amigos fomos expulsos de lá por causa do beijaço e o povo ficou meio horrorizado. Os cantores geralmente são péssimos, ainda bem que tem a opção de ficar na parte de baixo, contudo, você ouve a música do mesmo jeito. As cachaças são boas.
I'm not as sad as Doestoevsky
Primeiro: Belle&Sebastian fala Dostoiévski certo! Como em Russo! (Sim, pessoas, a pronúncia correta é Dastaiévski).
Show!
Mas vamos ao que realmente me interessa nesse momento: Pré-Natal! Quero ganhar prêmio de hetero! Estive ali, o ano inteiro, batendo ponto e me expondo como a HT mais Gay desse mundo. Eu mereço!
E no mais, tudo indo e vindo e voltando como o Sol, a Lua e de vez em quando as estrelas...
Ah, pessoas, o cardiologista novo da minha mãe é um gato! Gente!!! Ao menos uma coisa boa no fim das contas...
Hoje foi dia meio trevas meio sol. Foi dia bom pra pensar e ler novamente Rayella - já li 6 vezes e ainda sinto um enorme prazer em ler cada parágrafo.
Papai está fraquinho, fraquinho... estranho ver o homem mais forte do mundo ser carregado. É, são as leis naturais... Queria saber que congresso a aprovou para poder brigar.
Belle and Sebastian
Quem lê esse blog sabe que eu ADOOOOOOORO essa banda e quem lê esse blog sabe que eu Adoro a Adri, my sexy girl.
Nesse momento estou aqui, no meu quarto melancólico feliz, ao som de "This is just a modern rock song" lembrando do final de tarde em que passamos juntas.
Não sei como explicar, mas o vão do MASP, aquela vista, aqueles bancos de concreto cheio de casais se agarrando, aquela lua linda - aquilo tudo era tão Belle and Sebastian... Eu sou tão B&S... tão melancólica acompanhada por uma melodia feliz...
"This is just a modern rock song
This is just a tender affair
I count "three, four"
And we start to slow
Beacuse a song has got to stop somewhere"
Obrigada, Adri, pela noite agradável. Obrigada pelo CD...
segunda-feira, dezembro 08, 2003
Fool On The Hill
(The Beatles)
Day after day, alone on the hill,
The man with the foolish grin is keeping perfectly still.
But nobody wants to know him,
They can see that he's just a fool.
And he never gives an answer .....
But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.
Well on his way, his head in a cloud,
The man of a thousand voices, talking perfectly loud.
But nobody ever hears him,
Or the sound he appears to make.
And he never seems to notice .....
But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.
And nobody seems to like him,
They can tell what he wants to do.
And he never shows his feelings,
But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.
E não é que é a minha cara mesmo!
domingo, dezembro 07, 2003
Papo entre amigas
Estava olhando minhas coisas antigas e achei uma conversa com minha amiga. Acho que a mais genial de todas!
- Onde você estava?
- Fui jantar com um amigo.
- Que amigo?
- Um amigo que você não conhece. É da faculdade.
- Hum.... e aí, como ele é?
- Legal, uma ótima companhia.
- Não foi isso que perguntei. Cê sabe o que eu quero saber...
- Ah, ele é bonitinho sim..
- E aí...
- E aí nada, ué. Ele é só meu amigo.
- Amigos transam...
- Eu nunca transei com meus amigos.
- Pensando bem eu também não. Só com os amigos do meu marido.
O Pianista
Ao som de um blue
Tirado de um piano solitário
Garrafas vazias de amor
Faziam companhia.
Depositou ali sua insustentável dor.
As esperanças sugadas
de suas ocas veias solitárias
Perturbadas
Solidão que transborda
Num toque de campainha
Estranha... Desconhecida...
Inusitada
Um barulho estúpido
Um coração extremo
Alguém que cansou de existir.
Do Engenho ao Paraíso
Desculpem passageiros
Incomodar sua viagem
Mas é que a realidade
Invade
E não há como conter
Desculpem minhas palavras duras
De fome, miséria e solidão
Mas não há como ser doce
Na minha situação
Eu estou desamparado
Venho abrir meu coração
Também estou desempregado
E se me derem vale transporte
Quem sabe eu me transporte
Para outra dimensão
E para que não mais me suporte
Aceito também, vale refeição
sábado, dezembro 06, 2003
Atos Impuros
Acabei de ler "Atos impuros" do Pasolini, no livro "Amado meu".
Vou começar a ler "Amado meu" daqui a pouco. Mas estou um tanto absorvida pela primeira parte:
É o aniversário de uma semana torturante. Há precisamente um ano estive a ponto de realizar aquele gesto que inconscientemente se reproduz em minha imaginação quando penso em meu pecado- o gesto de minha mão armada que se levanta contra mim.
Um livro que começa assim é realmente perturbador para alguém como eu.
Mundo pequeno:
Estava lendo uma resenha sobre poesia em que se dizia que os poetas de hoje ainda fazem poemas como há 50 anos atrás. No final da resenha, uma declaração de um poeta é citada...
E o poeta era Moacy Cirne.
O mundo realmente só tem dez mil pessoas e o resto é figurante!
Ou então, esse negócio de Internet é muito maluco!
Agora que o Semestre Acabou, vou falar de Literatura.
Estava procurando na net coisas sobre a geração 90 de escritores brasileiros. Eu tentei ler alguns textos dessa geração e percebi que a princípio o interesse comum de todos eles é chocar, contudo, percebi também, que o único choque é com a gramática. Não tem nada a ver com a chamada tentativa de escrita popular dos modernos do início do século XX: o que acontece aqui é um atentado para com a estrutura da língua. Guimarães Rosa muda o conceito de linguagem, mas todos os seus neologismos estão dentro da estrutura e perfeitamente possíveis dentro de sua proposta. Até mesmo os surrealistas com sua literatura formulada numa espécie de pré-consciente e suas metáforas aparentemente sem nexo, conseguem ser mais inteligíveis que essa geração.
Não é o tipo de literatura que me agrada, contudo, em uma coletânea, também da geração 90, um nome me chamou atenção: Milton Hatoum. Eu já estava achando que a década estava perdida, achava realmente que a literatura havia sido esquecida e tudo que sobraria era a imagem, mas "Relatos de um certo oriente" mudou tudo que eu achava sobre os novos escritores. Esse livro me fez voltar ao prazer de conhecer coisas novas. O livro é de 1989 e por isso o autor fora incluido entre os escritores da década de 90, mas não tem nada a ver com o que estão chamando de nova geração.
Foi um dos poucos livros que li, esse ano, por escolha, e recomendo. Estou louca para ler"Dois irmãos" , seu novo trabalho, lançado em 2001.
E se você ainda não leu Relatos de um certo Oriente, é uma boa opção para as férias, vai por mim.
Visão de São Paulo à noite
Na esquina da Rua São Luís uma procissão de mil pessoas
acende velas no meu crânio
há místicos falando bobagens ao coração das viúvas
e um siliêncio de estrela partindo em vagão de luxo
fogo azul de gin e tapete colorindo a noite, amantes
chupando-se como raízes...
correrias de maconha em piqueniques flutuantes
vespas passeando em voltas das minhas ânsias
meninos abandonados nús nas esquinas
angélicos vagabundos gritando entre as lojas e os templos
entre a solidão e o sangue, entre as colisões, o parto
e o Estrondo
(...)
(Roberto Piva)
Meu primeiro presente de Natal:
Nice: o meu presente de Natal pra você é intangível: a lembrança de um crepúsculo carioca, visto a partir dos jardins do MAM, no Aterro, ainda nos anos 80, quando o céu passou a ser, de ponta a ponta, uma inesquecível pintura abstrata de vermelhos e cores alaranjadas.
Um beijo /Moacy/.
06/12/2003 ? 09:34:54
ADOREI!!!
Sabe, para mim, as coisas mais preciosas que tenho são minhas lembranças. Guardo cada momento bom na minha caixinha de boas lembranças.
Embora concorde com uma das divas do cinema, cujo nome não recordo no momento, que disse que o segredo da felicidade é uma péssima memória, eu guardo todas as lembranças, os detalhes, e os cantos das histórias que vivi, que inventei e que emprestei. Afinal, fui condenada a ter uma ótima memória, só esquecendo as coisas práticas...
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Sexta -feira da Paixão
Alguns estão dormindo de tarde,
outros subiram para Petrópolis como meninos tristes.
Vou bater à porta do meu amigo,
que tem uma pequena mulher que sorri muito e fala
pouco, como uma japonesa.
Chego meio prosa, sombras no rosto.
Não tenho muitas palavras como pensei.
"Coisa ínfima, quero ficar perto de ti".
Te levo para a avenida Atlântica beber de tarde
e digo: está lindo, mas não sei ser engraçada.
"A crueldade é seu dilema..."
O meu embaraço te deseja, quem não vê?
Consolatriz cheia das vontades.
Caixa de areia com estrelas de papel.
Balanço, muito devagar.
Olhos desencontrados: e se eu te disser, te adoro,
e te raptar não sei como dessa aflição de março,
bem que aproveitando maus bocados para sair do
esconderijo num relance?
Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis?
Beware: esta compaixão é
é paixão.
(Ana Cristina César)
Ofereço esse poema para alguém que eu gostaria de dizer tais palavras, mas jamais terei coragem.
quinta-feira, dezembro 04, 2003
Agradecimento
Queria agradecer por ontem. Eu consegui dormir, finalmente. Hoje é um daqueles dias de andar na rua de olhos baixos para que ninguém desconfie que passei a noite inteira chorando.
Na verdade todos os dias têm sido assim, mas pelo menos eu consegui dizer o que estava acontecendo, eu consegui falar tudo e me senti menos sozinha, como sempre, graças a você. Não é à toa que eu o amo muito. Não importa o que aconteça, nem o que aconteceu entre a gente.
Lembra que você me disse que tinha a impressão de que estaríamos juntos para o resto da vida?
Naquele dia eu não levei muita fé, afinal, as suas décimas intenções estavam evidentes, contudo, hoje percebo que eu nunca ouvi algo tão sincero.
Pois é, não tem jeito, não desistimos, não tentamos, mas estamos e estaremos sempre juntos e isso, pode apostar, é um grande consolo para alguém como eu que se sente sozinha na maior parte do tempo.
Ah, outra coisa, sabe o Papai Noel do Banco real que tá tocando violão? Ele parece você! (Não tanto quanto aquele deitadinho que vimos, mas ele tem um óculos igual ao seu!)
quarta-feira, dezembro 03, 2003
Devaneios.
Eu queria que você viesse para me raptar.
Hoje passei nos lugares em que costumávamos ir, olhei para a cadeira em que você sentou e tive um desejo absurdo que ela não estivesse vazia. Queria que aquele silêncio que eu ouvia, fosse o seu. Como da primeira vez que nos vimos e seu sorriso tímido e sem graça denunciava o seu interesse por mim. Suas mãos querendo encontrar as minhas e seu olhar que insistia em não encontrar os meus, mas se fixava em mim enquanto eu fingia não prestar atenção em seus detalhes.
Contudo, minhas retinas fotografaram todos os seus movimentos, toda a sua insegurança e o seu desejo de me tirar daquele bar cheio de bancários. Percebia que a cada fala minha o desejo crescia e, mesmo sem perceber, seu desejo se realizou, pois para mim, não havia mais ninguém ali e até hoje quando sento na nossa mesa e observo o lugar, ainda que esteja sempre lotado após às 18h., nunca mais eu vi ninguém. O bar estará sempre vazio, assim como a sua cadeira.
Natal
Você é uma pessoa legal. Eu sinto isso... e sinto que nesse momento você está com uma vontade absurda de me dar de presente "A teus pés" da Ana Cristina César.
Eu sei disso...
E você, é, você outro aí que sentiu uma vontade ainda maior de me dar "A Hora da Estrela", não se envergonhe, eu vou adorar. Eu também só entendo felicidade nas metáforas de Clarice.
Oh! Que fofo, você quer me dar "Grande Sertão: Veredas", eu adoro esse livro também e não o tenho na minha biblioteca, vc é adivinho!
Ah, você outro aí, sentiu vontade de me dar em CD o White Álbum dos Beatles porque soube que minha vitrola continua quebrada e eu só o tenho em vinil? Que fofo! Pode dar também...
Mas se você, você e você outro não tiveram vontade de nada disso, tudo bem, pode me ligar e me deixar um beijo, que eu vou gostar do mesmo jeito, afinal, eu estou carente.
Esse post é só para que meus amigos saibam o que eu quero ganhar de Natal e se por acaso formos fazer esse negócio de amigo secreto, eu não preciso ter medo de ganhar maquiagem, enfeites de cabelo, ou outra coisa do gênero necessidades femininas...
:-)
fragmentos de um discurso qualquer
Não sou só isso e se eu estou errado, foi seu olho que entortou!
Menino Experimental e eu após uma ótima conversa.
terça-feira, dezembro 02, 2003
Pressentimento
Não sei, mas estou com um pressentimento de que depois da tempestade o sol nascerá...
Pressentimento
(Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho)
ai ardido peito
quem irá entender o seu segredo
quem irá pousar em teu destino
e depois morrer de teu amor
ai mas quem virá
me pergunto a toda hora
e a resposta é o silêncio
que atravessa a madrugada
vem meu novo amor
vou deixar a casa aberta
já escuto os teus passos
procurando o meu abrigo
vem que o sol raiou
os jardins estão florindo
tudo faz pressentimento
que este é o tempo ansiado
de se ter felicidade
No mês passado:
Disco que eu mais ouvi: "Fold your hands child, you walk like a peasant" - Belle&Sebastian.
A música que não saiu da cabeça: "Rapaz Folgado" (Noel Rosa)
Bagaceira 4fun: Tati quebra barraco.
O Livro: "Fausto" (Goethe)
O Poema: "Explicação" (Carlos Drummond de Andrade)
O Filme: "As invasões Bárbaras"
A frase: "Não importa se é verdade ou não, se está escrito é ficção" -(Todd Solondz no filme Storytelling)
O melhor beijo: Em uma mulher.
Saudade: Émerson - ficou tão pouco com a gente e eu nem me despedi...
O Presente: A varinha da conquista. (Segundo a lenda em quem eu tocar com essa varinha, se apaixonará por mim - presente que eu ganhei do Émerson, diretamente da Ilha de Marajó.)
E infelizmente o homem da minha vida ainda não apareceu, quero dizer, ele apareceu, mas como sempre, era gay.
segunda-feira, dezembro 01, 2003
Erótica é a Alma
Pernas entrelaçadas
as minhas, as tuas
sem saber de quem são.
as mãos!
língua aventureira
desvenda meus sonhos
molha minha pele
Tesão!
jogado na cama
passeio em teu corpo
como tua carne
em ritual
Oração!
Eros nos move
Baco nos guia
ao prazer sem pressa
até que eu morra em teus braços
renasça em tua boca.
Para que morras em meu corpo
e renasças
dentro de mim.
(postado ao som de "Dança da Solidão" - Paulinho da Viola)
domingo, novembro 30, 2003
Apenas mais um weblog...
A Adri e o Pê disseram que era para eu tirar a "descrição" do meu blógue (gostei de aportuguesar), porque eles disseram que não é dispensável.
Mas não consigo pensar em outra "descrição", alguma idéia para classificar isso aqui?
PS- esse post foi escrito só para voltar a colocar a Adri com link e também porque um dos grandes motivos do Jogo da Dama não ser dispensável, foi porque através dele eu fui me aproximando dessa moça que eu encontrava pelos corredores da faculdade, mas não imaginava o quanto ela é uma pessoa maravilhosa, simpática e ótima fotógrafa.
Detalhes antigos
Escrito no dia 06/02/2003, publicado nos antigos detalhes distantes. Está aqui novamente porque eu e o Menino Experimental conversamos ontem sobre o livro "Fragmentos de um discurso amoroso" e o Pê me disse que a parte que ele mais gostava era o da espera. Comentei sobre esse texto e o que eu penso sobre todo paulistano ter um rosto de espera e disse a ele que colocaria o texto aqui.
Hoje jantei num restaurante da faculdade. É, não tava tão sem grana assim e deu pra escapar do bandejão. Tinha acabado de ver um filme do Almodòvar que tava passando por lá. Um dos primeiros dele, muito engraçado.
Bom, voltando ao jantar. Fui sozinha. Gosto de fazer algumas coisas sozinha que os outros dizem ser chato, como ir ao cinema, jantar em restaurantes, tomar um café em um "café" e ficar estudando ou lendo jornal. A única coisa que me recuso a fazer sozinha é beber. O dia que fizer isso, saio do bar e vou direto pro AA.
Estava lá, fiz meu prato, odeio self service, mas tudo bem, a comida a essa altura já não era o importante. O mais legal foi ficar observando as pessoas que também estavam sozinhas. Lembrei de uma conversa com o sobrinho, comentamos uma vez que é interessante perceber que essas pessoas agem como se estivessem esperando alguém.
Elas olhavam para a porta como se a qualquer momento fosse chegar quem esperavam, terminavam seu jantar e ninguém aparecia. Saíam com cara de quem tinha levado um bolo. Poderiam realmente estar esperando alguém, contudo, em um restaurante em que nos servimos sozinhos, as pessoas às vezes dividem mesas, faltam cadeiras e as perguntas:
"Posso me sentar aqui?" - ou - "Posso pegar a cadeira ou você está esperando alguém?" - geralmente são ouvidas e a resposta é quase sempre a mesma: "sim, pode"- o que significa que não esperavam ninguém.
Então, já com a comida fria, comecei a rabiscar algumas hipóteses . É tão intrigante a reação de um paulistano, ou de alguém que mora em São Paulo, diante da solidão ou do fato de estarem sós.
1) Fazem de conta que esperam alguém para não admitirem pra si mesmos sua solidão;
2) Querem mostrar aos demais que não estão sozinhos, mas que a pessoa simplesmente não apareceu;
3) Talvez esperem realmente alguém, mas não alguém marcado, um alguém qualquer que os façam sentir melhor e por isso olham constantemente para porta. Quem sabe o "alguém" entra... e;
4) Esperam a si mesmos refletindo o desejo do outro.
sábado, novembro 29, 2003
Aniversário
Hoje é aniversário do Edu.
Se quiserem ler o que escrevi sobre, entrem nos Detalhes Distantes.
sexta-feira, novembro 28, 2003
Samba de intelectual
Hoje fui num sambinha. Um tempão que não ia num sambinha. Mas sei lá, não gosto de samba de intelectual. Sério mesmo. Gosto é de me enfiar no meio do povo e mexer as cadeiras. Gosto de sambar! Bom, todos dizem que eu não tenho cara de quem gosta de samba, não devo ter mesmo, mas tenho pé de quem gosta de samba e deixo muito negão de boca aberta quando começo a sambar.
E aí, tenho que me contentar, porque o tipo de samba que eu gosto só em roda de intelectual, e esse povo, além de não ir à praia, não sabe sambar.
Se alguém souber de um lugar que toque Cartola, Noel, Wilson Batista e que o povo também dança no local, me chama pra sair no outro final de semana? Esse agora não dá, mas no outro já estarei de férias...
Bem, o local de preferência deve ser em São Paulo, tá?
quinta-feira, novembro 27, 2003
Ecos
comumente é assim:
eu me mostro inteiro pra vc, mas só um pedaço do inteiro
eu tiro a roupa pra que vc nunca veja que eu sou o leão
(Menino Experimental)
comumente é assim... tiramos a roupa para que não nos vejam nus.
quarta-feira, novembro 26, 2003
Agradecimentos:
Primeiro quero agradecer publicamente ao Moacy pelo presente. Infelizmente ainda não tive tempo para começar a ler o livro, porque ando atrapalhada, atarefada, atabalhoada com trabalhos de faculdade, tendo que fazer esperar os livros que não estão nas bibliografias dos professores. Valeu mesmo, fiquei extremamente surpresa com seu gesto e, principalmente, lisonjeada por alguém tão conhecedor de poesia, prosa e, recentemente descobri, um dos maiores conhecedores de HQ, ser leitor dos devaneios dessa humilde beduína que, assim como os demônios, habita em desertos...
E segundo, quero agradecer a visita de Ricky Goodwin . Enfim, estou pra lá de feliz com o comentário, com a visita. Eu poderia escrever um enorme texto sobre minha admiração, mas estou sem graça.
Ah, sei lá, eu estou um tanto em estado de choque, porque nunca pensei que seria visitada por pessoas tão ilustres. Estou com medo de escrever minhas bobagens...
Fazendo conta:
30 anos de ditadura militar + 5 anos gorverno Sarney + 2 anos governo Collor = 37 anos de Direita pedindo arrego ao FMI
2 anos governo Itamar + 8 anos governo FHC = 10 anos de Centro pedindo arrego ao FMI
Hum...
1 ano governo Lula = 1 ano de esquerda pedindo arrego ao FMI.
E ainda dizem que tudo passa... tudo muda... "que não entrarás por duas vezes num mesmo rio..."
terça-feira, novembro 25, 2003
Cyber modernidade
Estavam todos numa rodinha conversando, aparentemente quase todos se conheciam, exceto uma garota baixinha, olhos azuis, cabelos longos negros. Começaram as apresentações:
- Oi, eu sou boneca.blogspot
- E aí, eu sou batatasfritas.blogger
- Oi, gatinha, eu sou o garanhao.com
- Prazer, eu sou whoiam.com.br
- Ah, legal, eu sou Suzana.
Todos responderam:
- Só Suzana?
- Suzana Meireles.
- Como assim? é ponto o quê? - disse boneca.blogspot
- Ponto nada.
- Você não tem blog???? - disse espantadíssimo garanhao.com, que havia se interessado pela garota.
- Não.
Imediatamente todos se afastaram, garanhao.com chegou a comentar:
- Garota estranha, bonita, mas muito estranha. Como assim? Não tem blog...
segunda-feira, novembro 24, 2003
domingo, novembro 23, 2003
Até o fim
(Chico Buarque)
Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
Inda garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro, acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro pronde mesmo que vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu tava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
sábado, novembro 22, 2003
Ah, seu olhar me fascina
à Rosa Julieta
Esse olhar que seduz
Conduz por vias tortuosas
entre espinhos feitos de palavras
e a pele macia qual pétala de rosa
Nas mãos delicadas de menina
um copo de caipirinha;
grande, cheio, pouco gelo
muita pinga
Destilado, seu veneno
E seu olhar que fascina
Ah, seu olhar me fascina
reflete a puta de várias esquinas
a virgem sóbria
a menina
a dor da realidade contida
o amor da irrealidade vivida.
Ah, seu olhar...
seu olhar me fascina.
Parabéns, minha amiga... esse é o sexto poema de aniversário. Esse é o sexto ano de amizade.
E só falta uma coisa: marcarmos um cinema, né? Porque só isso que a gente ainda não fez junto...
Te amo!
Mulheres que eu faria fácil:
David Bowie
Lou Reed
Mário Betão*.
*A Carol chamou Betha assim e eu gostei, afinal, quem precisa de pau com um nariz desses...
sexta-feira, novembro 21, 2003
Procura-se
Homem baixinho, na curva perigosa dos 50, que deixou meu quarto em desordem e que eu amo perdidamente.
Se alguém souber desse Sr sumido com problemas de invasão no seu computador, por favor, entre em contato comigo ou o avise que preciso muito dele, porque nessas horas em que só as lágrimas é que falam, somente consigo conversar com ele que muitas vezes não sabe o que dizer, mas fala um gostoso: "eu te amo" - com sua voz rouca de homem maduro, que me dá um conforto para conseguir dormir e levantar da cama no dia seguinte.
E eu pergunto: isso é vida?
As pessoas devem me achar "a deprimida". É, eu sou, eu sei.
A gente acha bonito dizer que não sabe da onde vem a tristeza: às vezes digo que é dor de poeta (ora, como se eu realmente tivesse a certeza de que sou poeta), às vezes falo que é porque tenho a sensibilidade de achar que tudo é um verso esperando para ser escrito ou recitado, e realmente acho isso, há tantos poemas e tanta poesia no cotidiano que meus olhos se encantam e querem refletir toda essa paixão (no mesmo sentido de "Paixão de Cristo", que não estava apaixonado por ninguém, é na verdade o sofrimento de Cristo.)
Fica bonito assim, fica mais fácil aceitar. Mas não é nada disso e dói, dói, porque seria mais bonito ser tristeza do desconhecido, ser abandono do amor reprimido, ser a possibilidade do impossível. Dores não menos doloridas, mas sim, muito mais bonitas...
Quem dera ser "Carolina", como alguns já disseram. Sinto-me Macabea: o pão adormecido que não dá vontade de comer.
Meus medos
Nem Deus ou o Diabo
amor, próximo ou paixão
nada disso temo,
nada disso tenho,
os meus medos estão
nas coisas do coração.
O pulsar, bombear
colesterol, o bom
o cigarro, do mal
a gordura, o peso
deixar de ser obeso
Adrenalina, endorfina
queria mesmo um pico de heroína
na hipertensão arterial
levada em Raio X de Tórax
num eco, eletro que diz:
Cardiopatia - Apatia!
Isquemática - faço conta
na medicina matemática,
pois os meus medos estão
nas coisas do coração.
O mundo moderno
que se destrói por erros do antigo
coração é grande e cabe todos os mundos,
mas as leis naturais a todo momento
repetem : é a vida!
E eu pergunto: Isso é vida?
Comida sem gosto - saudável
Vida sem desgosto- impossível
são as leis naturais - nada de emoção
E os meus medos estão
nas coisas do coração.
Constatação
Eu ando lendo o Velho Testamento demais!
PS- Isso não é uma coisa ruim, recomendo a leitura da Bíblia, especialmente aos crentes (no sentido de crer, nada a ver com religião), pois a maioria das pessoas que eu conheço que já leram a Bíblia são ateus. É meio o que acontece com os Marxistas, tá difícil encontrar um marxista que tenha lido Marx, a maioria lê autores do paradigma marxista, mas ir direto em Marx, ninguém vai, e ficam arrotando "frases" feitas, milhares de chavões, igualzinho ao povo que fica com a Bíblia debaixo do braço nos trens e ônibus da cidade gritando:"Jesus te ama!"; "Eu era homossexual, agora entrei para Universal" - e a Bíblia enfeitando o braço como Che Guevara andou enfeitando biquini de Top Model.
quinta-feira, novembro 20, 2003
quarta-feira, novembro 19, 2003
Lembram dele?
Para não deixar meus queridos dois leitores sem textos, um antigo de novo...
Ah, seu Zé virou roteiro para um curta, se alguém quiser filmar, entra em contato comigo.
Cê precisa conhecer "seu" Zé Leão.
Estava eu no ponto de ônibus, o de sempre, quando precisei entrar no bar do Barbosa para pedir fogo. Nunca tenho como acender meu cigarro, Barbosa já está acostumado. Pedi um isqueiro, desde que um cara do ponto me disse para não pedir fogo para um homem, sempre digo isqueiro ou faço um sinal. Barbosa me deu um fósforo e começou a puxar assunto. Eu estava sem pressa, ficamos conversando.
- Você precisa conhecer "seu" Zé Leão. Sabe aquele home grande que tava aqui?
-Qual, o de camisa azul?
- Ele mesmo, é o Zé. Home bom, eletricista, o melhor do bairro. O único problema é a Creuza.
- Quem é Creuza?
- A mulher dele, bate nele. Coitado do Zé, sustenta a família inteira, criou os filhos. Home bom, eletricista, o melhor do bairro. E a Creuza bate nele. Eu falo pra ele: "Zé, ela te bota chifre, home!", mas ele nem responde. Vai pra casa, coloca o salário todo na mão dela.
- Ele num liga? - comecei a me interessar pela história.
- Liga nada, a Creuza bebe todo o salário dele, bota chifre nele e pra ele tudo bem. Cê precisa conhecer ele, home bom, eletricista, o melhor do bairro!!! Criou os 2 filhos, tudo moço bom, um tá até na faculdade. Outro dia a Creuza veio aqui beber, num deixei. Afronta! Vem gastar o dinheiro do Zé no meu bar? Num deixei e nunca vou deixar. Ainda veio com um dos macho dela, afronta das braba. Eu avisei o Zé, mas ele nem disse nada. Também, ela bate nele. Outro dia, garrou no pescoço dele e num largava.
- Ela deve ser forte, um homem daquele tamanho.
- É nada, a mulé é baixinha e magrinha. Também não come, só bebe pinga. Mas o Zé Leão é home bom, não faz mal nem pras moscas. Só entra em briga pra defender os filhos e a vagabunda da mulé dele. Ele num gosta que eu fale assim, mas é vagabunda mesmo. Afronta! Vem beber no meu bar, o marido dela é meu amigo. Foi ele quem fez a fiação todinha daqui. O home trabalha bem... é o
- Melhor do bairro, né?
- É sim.
O ônibus chegou. Despedi-me do Barbosa e entrei. Os motoristas da linha já até me conhecem, tem dia que não preciso nem dar sinal.
Dias depois o Barbosa me chama pra dentro do bar:
- Num apareceu mais.
- É que consegui carona com uns amigos.
- Cê num sabe o que aconteceu.
- O quê?
- A Creuza morreu.
- Seu Zé quem a matou?
- Não, e o Zé é home de matar alguém?
- Pelo que o Sr disse, não mesmo.
- Quem matou foi o amante dela.
- O amante?
- Um dos... Ele conheceu o Zé, ficou com dó dele, não achou justo o que ela fazia. Pegou raiva quando, aqui mesmo no meu bar, ela veio beber e trouxe outro macho.
- O amante ficou com ciúmes?
- E quem vai ter ciúmes daquele bicho feio? Ficou é com raiva, pegou a Creuza pelos cabelos e disse na minha frente: "Cê num vale nada, mesmo, tem um marido igual ao Zé e fica aí desfilando com um monte de macho que só te usa pra pagar a pinga, eu mesmo fazia isso, mas não vou fazer mais. Seu marido é um home bom, é o melhor eletricista do bairro. Não merece".
- Nossa, ele gostou mesmo do "seu" Zé.
- E quem não gosta do Zé, home bom igual aquele... O cara saiu daqui levando a Creuza pelos cabelos, dois dias depois encontraram a mulé morta lá no matagal perto da igreja.
- E o amante?
- Ninguém mais sabe dele.
- E o "seu" Zé?
- Vive chorando pelos cantos, mas tá melhorano. Cê precisa conhecer o Zé Leão...
- Eletricista, o melhor do bairro, né?
- Anrã! E olha, quem conhece o Zé gosta muito dele.
- Eu tô vendo...
segunda-feira, novembro 17, 2003
Sorria: você vai ser capa de jornal e aparecer na TV
Idéia da minha amiga, companheira numa dupla sertaneja, Mara. Ela pensou nisso ao ver a reação do público no filme "Cronicamente Inviável" quando cenas que deveriam chocar, faziam a platéia rir.
Adorei a idéia, porque pensei a mesma coisa quando assisti "Cidade de Deus" e o público achava graça ao ver uma criança matando um monte de gente e na cena em que, por estar falando demais, um cara é morto.
Milhares de palavrões!
Quando fiquei por seis meses sem falar português, quando tudo estava errado eu só queria uma coisa: poder xingar na minha língua. Ali percebi o quanto um "FODA-SE" é importante, o quanto mandar alguém pra "PUTA QUE PARIU" faz bem e, principalmente, o quanto dizer:
Caralho! Puta que pariu! Que MERDA!!!, ao receber uma notícia péssima como a de hoje, alivia por alguns instantes...
domingo, novembro 16, 2003
Link
Lá vai a minha preguiça ficar brava, mas vamos aos links:
Primeiro uma beduína como eu, a Srta Layla que tem nome de fábula árabe: "Layla Badawya".
Correndo com Lobos
Agora dois links de um mesmo autor. Um dia recebo um e-mail de uma moço dizendo que havia se identificado com meu gosto para filmes e achou meu blog criativo. Disse também que não era blogueiro, mas era poeta. Na época do e-mail sim, só que agora é blogueiro e poeta, e aí vai os links para quem gosta de poesia escrita, visual e cinema:
Poema Processo;
Balaio Vermelho
Eu e a bola
Desde menina que sou apaixonada por futebol. Não tanto quanto meu irmão, cuja primeira palavra foi "GOL", mas sempre fui encantada por esse jogo que, aparentemente, não agrada as mulheres.
Estranhamente virei torcedora de um time que não é do meu estado, que há muito tempo não ganha coisa nenhuma e, pela lógica, não faz sentido nenhum ser torcedora do Fluminense. Já inventei milhares de desculpas, entre elas a sonoridade de "FlaFlu" e daí ter escolhido Flu, o fato de Chico Buarque ser tricolor, também já foi uma de minhas desculpas e, a mais romântica delas, que eu chamo de uma espécie de explicação mitológica: "não explica nada, mas que é bonita, é", foi o fato de ter nascido na cidade de São Sebastião, no mês de Janeiro e em plena balsa. Então quando me perguntam: como uma paulista pode torcer para um time carioca, eu respondo que não sou da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, mas sou da cidade de São Sebastião do mar de Janeiro.
Como vocês podem ver, essa explicação não tem fundamento algum, mas é bem bonitinha. E se você, caro leitor do sexo masculino, estiver pensando que isso é bem coisa de mulher que não entende nada de futebol, sinto decepcioná-lo, mas se há alguma coisa que eu entendo é futebol. Poucas coisas em mesa de bar me deixam tão à vontade quanto falar sobre o meu Flu, ou qualquer outro time que esteja em pauta.
Lembro-me de um quadrinho de "As cobras" do LFV, em que uma dizia à outra:
- "A Terra é redonda e chata nos pólos.
- É, e nos domingos sem futebol".
Há um tempo atrás, eu concordava plenamente, pois eu odeio Domingo e sem futebol então me dá depressão. As únicas coisas que me fazem sair de casa nesse dia são quando tenho que me despedir de um amigo, ou ir ao estádio ver um jogo. Uma das minhas maiores frustrações é nunca ter ido ao Maracanã. Contudo, hoje em dia, o futebol e o Fluminense não me trazem tanto prazer como antes - aliás, prazer é a melhor palavra para definir um GOL de seu time em final de campeonato.
Eu poderia dizer que isso acontece porque esse campeonato de pontos corridos é racional demais para o futebol brasileiro, a coisa fica matemática: o time ganha e calcula quando pode perder, e isso tem muito mais cara de europeu. Poderia dizer que é porque o Flu está ruim das pernas, quase caindo de novo, mas também não é, afinal, está muito mais emocionante a expectativa pra saber quem vai cair (além do Grêmio), que saber quem vai ganhar, embora eu tenha certeza de que o Payssandu está louco para reviver o clássico Paraense, PayssandyXRemo, e vai cair para série B, deixando o meu Flu em seu devido lugar. Além disso, o Flu já caiu até pra série C e eu continuei acompanhando e me empolgando, sem me importar com tiração de sarro de Juventino. (Pois é, até torcedor do Juventos tirou uma da minha cara e eu continuei fiel e apaixonada por futebol e pelo Fluminense.)
Poderia dizer que é saudade do futebol "moleque", do amor à camisa, e todos esses adjetivos que cronistas esportivos adoram dar para o jeito de jogar do Pelé, do Garrincha e do povo das antigas. Mas eu não vi nem a Copa de 70 (em vídeo não vale), que dirá as que o Garrincha jogou. A probabilidade de que eu viesse ao mundo, quando ambos estavam no auge de suas carreiras futebolísticas, era tão remota quanto a que eu tenho hoje de ganhar na loteria. (Um dia explico porquê).Vi a copa de 82, a de 86, vi Zico jogar, isso é um orgulho sim, só que não é o motivo do meu desencanto.
Meu desencanto é tão inexplicável quanto eu torcer para o Fluminense e agora que ele voltou à série A eu acompanhar menos os seus jogos do que quando estava na série C, e ter um gol de barriga, do atual técnico do Flu, como um dos mais bonitos que já vi. É tão estranho quanto o Eduardo ainda achar que o Grêmio tem chance de não cair. É tão esquisito quanto jogo do Flamengo ou do Corinthians com só meia dúzia de dois ou três torcedores com cartazes para aparecer na TV. É tão sem sentido quanto o Santos com poucas chances de vencer o campeonato. É tão sem noção quanto a reeleição do Eurico Miranda no Vasco. É tão idiota quanto Galvão Bueno gritando "Ronaldinho" na Copa do Mundo. E, na verdade, é tão chato e triste quanto domingo sem futebol!
Descrente
Se a paixão chegasse de repente
Abrisse a porta e a janela
Entrasse e ficasse na minha frente
Insistindo para olhar pra ela
Se suas mãos delicadas e singelas
Tocassem meu corpo
e sua boca gritasse meu nome
a me fazer juras eternas
Afirmaria, descrente,
que seu toque não me aquece
e sua boca mente.
sábado, novembro 15, 2003
O Amor
Filme de amor favorito: "Casa Blanca"
Peça de amor favorita: "Fausto"
Romance de amor favorito: não consigo lembrar! O único que vem à cabeça é "Amor nos tempos do cólera" e como não consigo lembrar de outro, não dá pra ser meu favorito. Claro que a maioria dos livros têm uma história de amor, o que eu quero dizer é que não consigo lembrar de um livro cuja história de amor seja o ponto que me chamou mais atenção. "O jogo da Amarelinha" tem a melhor trepada e o melhor beijo que já li. "Avalovara" tem a história mais louca sobre um homem e três mulheres, mas não posso dizer que nenhum desses livros o amor é o que chama atenção, como no do Garcia Márquez.
Percebo então que o Amor pra mim passa desapercebido nos romances, nos filmes eu gosto da lembrançca e em peças fico com as tragédias, mas não como em "Romeu e Julieta" que eles morrem por amor, mas em Fausto que apesar de redimi-lo, o amor o mata.
quinta-feira, novembro 13, 2003
Fica comigo essa noite.
Isso é tudo que eu gostaria de dizer a qualquer pessoa que batesse em minha porta, que eu encontrasse ao sair na varanda ou mesmo que estivesse online neste momento.
Não, não estou falando de amor ou sexo, eu só gostaria de encontrar alguém que pudesse me distrair, sem esse papo chato de "quer tc", "como você é" que a gente encontra na net.
É tão tarde para ligar para quem quer que seja... é tão tarde para sair de Macondo, ainda que eu pudesse sair... Eu só preciso esquecer, só preciso esquecer e, infelizmente, depois do que acaba de acontecer, sei que não vou conseguir dormir...
Ah, eu realmente queria encontrar alguém e dizer: "Ei, você aí, fica comigo essa noite?"
Grandes produções de esquerda:
Após ouvir alguns nomes de acampamentos do MSTS, perguntei:
- E eles sabem quem foram Lamarca, Anita Garibaldi...
- Ah, a gente explica, também se deixar vira acampamento "Carla Perez"
Voltei pra casa pensando: não é banalizar ainda mais um movimento, fazendo com que pessoas aceitem uma imposição de revolucinários com os quais eles não se identificam do que deixar um nome genuinamente popular? Não é Carla Perez mais representante do povo que Lamarca, já que a dançarina é o maior exemplo do que anos de abandono e descaso com uma classe social oprimida resultam?
quarta-feira, novembro 12, 2003
Cultura inútil
Tijuca vem de ty- iuka que em Tupi significa água podre.
Ipanema vem de y-panema que em Tupi significa rio imprestável.
Aí, fiquei me perguntando: será que desde o tempo dos Índios o Rio era poluído?
E falando em índios, em "As invasões bárbaras" tem uma hora em que o protagonista fala sobre os massacres dos Índios na América Latina. Há um tempo atrás, li documentos dos cronistas europeus dos séculos XVI e XVII, sobre os povos do "Novo Mundo" e pensei, exatamente, no que ele fala no filme. Meu professor de Tupi também já havia comentado algo parecido:
Um dos maiores massacres da Humanidade foi cometido com a benção da Igreja Católica, em nome de um deus (sim, com letra minúscula, porque esse deus aí é humano), e ninguém fala nada.
Se formos pensar em termos de quantidade, se é que isso faz alguma diferença, porque pra mim, matar uma pessoa já é terrível, o Holocausto e as guerras do Séc. XX não foram tão sangrentas quanto o massacre dos índios pelos espanhóis, portugueses, holandeses e franceses.
terça-feira, novembro 11, 2003
Visitas
Eu nunca tive tantas visitas originadas de um mesmo local (em um único dia), quanto no dia de hoje. Nossa, acho que se eu tivesse um número tão alto de visitas diárias, como esses "blogs famosos", ficaria com vergonha de postar qualquer coisa. Geralmente quando releio algumas coisas que escrevi, sinto vontade de chorar, tamanha a bobagem diante de meus olhos...
Enfim, agradeço o moço que provavelmente não lê isso aqui, mas que deve ter visto meu endereço em seu contador, já que o seu site está recomendado, e ratifico a recomendação, porque é bem legal. (Aliás, ele tem um filho lindo.)
domingo, novembro 09, 2003
...
À tarde, após o almoço, assistir um dia perfeito e ao findar o sol, a lua mais bela do mundo desponta no horizonte.
O nó, os nós, nós... o assistir do espetáculo da lua que dizem ser branca, mas aparece com tons avermelhados. As histórias de amor da realidade não são completas porque não há uma trilha sonora: pode haver garoinha fina, pode haver lua, encontro inesperado, mas não há aquela música que começa tocar nos filmes, começa baixinho e vai aumentando conforme os amantes juntam seus lábios...
Mesmo em momentos solitários em que a lua se faz companhia, não há essa música que torna tudo mais belo, mais simples e mais fácil de suportar.
Não há música e a cena se faz triste, se faz sem graça, sem expectativa de ponto de virada... não há o ponto de fuga que marca a perspectiva, o enquadramento é ruim, a fotografia, ainda que acompanhada de uma bela lua cheia, não é bem feita. O roteiro inacabado e o diretor, seja lá quem for, nem se preocupa com a edição.
Os que assistem a cena pensam: ainda bem que não paguei por isso...
A atriz pensa: se ao menos eu recebesse um cachê...
Calma, amigos
Eu não acabei com o blog, muito menos vou ficar uma longa temporada sem escrever. Eu só vou ausentar-me por alguns dias, porque estou em final de semestre na faculdade e peguei alguns trabalhos para fazer, apenas isso.
Aproveitando o post eu queria dizer uma coisa:
Eu estava lendo os posts escritos no antigo endereço dos detalhes distantes, blog coletivo em que escrevo com grandes amigos cujo link do novo endereço está aí do lado, sobre a vinda do Edu e da Fabi a São Paulo. Gente, que saudade é essa que não pára de crescer! Eu preciso vê-los de novo, preciso abraçar e beijar essas duas pessoas que fizeram de um momento ruim da minha vida, uma coisa boa para lembrar.
Ai, Edu, eu nem sei o que dizer... Fabi, minha pequena, que saudades...
AMO MUITO VOCÊS DOIS.
quinta-feira, novembro 06, 2003
Antigo de novo
Um poema feito por mim e Jovany, já postado, mas agora oferecido à Tiana que gostou tanto dele que se identificou.
É sobre mim, mas agora é também sobre essa moça que não me escreveu mais.
A Paradoxo
"Tão cheia de pudor que vive nua"
(Vinícius de Moraes)
Tão colorida que vive nas sombras.
Tão infeliz que vive rindo.
Tão dada que vive devoluta.
Tão linda que tem medo de espelhos.
Tão puta que se desdobra em esquinas.
Tão feminina que age como homem.
Tão menina que já se alucina como velha
A Beduína e o garotinho
Era uma vez uma beduína que vivia em um deserto concreto. Cercada de barracos, ela olhava da varanda de sua casa os passantes.
Um dia, avistou um garotinho negro de uns dois anos de idade. Ele era a criatura mais bela que surgira na face da Terra, aos olhos dessa beduína. O garotinho que tentava acompanhar os passos de sua avó que o arrastava sem perceber seu esforço, parou e começou a olhar para o alto. Avistou a beduína e a seguiu com o olhar enquanto ela caía. Antes que ela chegasse ao chão, o garotinho gritou:
- Vó, olha! uma estrela cadente.
quarta-feira, novembro 05, 2003
Expectativa e literatura
Não estou feliz por ter perdido o romance, mas não estou sofrendo tanto quanto eu poderia estar sofrendo. Sofro por uma criação minha ter ido embora, não porque uma possível carreira literária pode ter sido encerrada, porque ela jamais começaria.
Não estou sendo dramática ao dizer isso, apenas é uma constatação. Não sou boa o bastante e se sou, não tenho amigos o bastante para que um dia eu construa uma carreira literária. Além disso, a minha ficção parece não despertar interesse nem nos meus amigos, que dirá em pessoas que não me conhecem. Enfim, estou numa fase de querer parar de me agarrar às impossibilidades e encarar as possibilidades que a vida tem me apresentado.
Foi difícil começar a fazer uma faculdade, uma luta ainda maior continuar a fazer. Sou uma pessoa que não consegue fazer nada direito (o direito aqui está no sentido de seguir regras, ter uma disciplina...), mas nos meus caminhos tortuosos conquistei algumas coisas e é no que conquistei que quero me apegar.
Não quero criar expectativas mais, não quero ter que adequar meus sonhos o tempo inteiro. Cansei de ter que chorar no final, porque os sentimentos me impediram de alguma coisa. Deixo acontecer e o que a vida me trouxer, está bom. Os meus sonhos me fizeram sofrer demais, as imagens que criei para o meu mundo, a todo momento se mostram deformadas pela realidade.
Nietzsche dizia que "a Arte existe para que a realidade não nos destrua", mas a Arte tem me destruído mais que a realidade, pois percebo que as pessoas prestam muito mais atenção nas coisas que falo sobre mim, do que sobre a minha pseudo literatura.Não falo desse blog, falo de um contexto geral e isso tem me feito querer parar de sonhar.
Quero sofrer por amor, quero chorar por uma queda no ônibus. Não quero sofrer por sonhos vãos de um dia parar de escrever pra mim mesma, não quero chorar por quebras de expectativas vãs...
Agradeço a quem me ofereceu ajuda e aos que ficaram preocupados com o fato de que eu "perdi o gosto pela coisa", achando que estaria infeliz. Acho que sem expectativas não há frustração e certamente eu me sinto livre, ao menos. Daqui um tempo, talvez, mais feliz.
O Menino Experimental disse hoje: "O mundo não precisa de mais um cético" - ele tem razão, mas eu preciso, nesse momento, ser mais cética com relação ao mundo.
O livro de Jó
Comecei a ler a aposta entre Deus e o Diabo do livro de Jó, na Bíblia, por conta da mesma aposta, mas feita em Fausto, Goethe.
Depois disso, percebi que mesmo caindo em lugar comum, preciso dizer que Machado de Assis é sem dúvida um dos maiores escritores do mundo!
Já leram o conto "A igreja do diabo", pessoas? Não? O que estão esperando... digita no google "A igreja do Diabo Machado de Assis" e você vai encontrar uma porrada de sites com esse conto e comprovará que um grande escritor é aquele que pega um assunto aparentemente batido e o transforma em algo pra lá de genial!
terça-feira, novembro 04, 2003
segunda-feira, novembro 03, 2003
Pois é...
Perdi meu bonitinho romance.
O HD se matou, o outro HD também. Dois HDs mortos e um formatado e meu romance enterrado junto.
90 páginas do word escritas em 1 ano e meio perdidas pela tecnologia, tal qual no Filme do Woody Allen em que o cara escreve, só tem uma via, e a mina os joga no mar. (Não jogou, publicou ela o livro, mas blz).
Enfim, termina aqui minha carreira literária que nem começou, porque eu não vou escrever outro romance. Vou ser uma prostituta da educação mesmo. Terminar Licenciatura e quem sabe conseguir fazer uma tese meia boca de mestrado.
É... uma coisa me consola: não vou precisar passar pela triste situação de ouvir o "NÃO" dos editores.
Além disso, depois de ler "Fausto Primordial" que Goethe escreveu durante a infância eu percebi que meu livro seria como esse blog: totalmente dispensável!
domingo, novembro 02, 2003
Fama de Putona!
NÃO ADIANTA DE QUALQUER FORMA EU ESCULACHO
FAMA DE PUTONA SÓ PORQUE COMO SEU MACHO!
Tati quebra barraco é o que há!!!
Diz aí Menino Experimental!
Severina Xique Xique
(João Gonçalves/Genival Lacerda)
Quem não conhece Severina Xique Xique,
Que montou uma butique,
Para a vida melhorar,
Pedro Caroço, filho de Zefa Gamela,
Passa o dia na esquina,
Fazendo aceno pra ela.
Ele tá de olho,
É na butique dela,
Ele tá de olho,
É na butique dela.
Antigamente, Severina coitadinha,
Era muito pobrezinha,
Ninguém quis lhe namorar,
Mas hoje em dia só porque tem uma butique,
Pensando em lhe dá trambique,
Pedro quer lhe paquerar.
Ele tá de olho,
É na butique dela,
Ele tá de olho,
É na butique dela.
A Severina, não dá confiança a Pedro,
Eu acho que ela tem medo,
De perder o que arranjou,
Pedro Caroço, é insistente e não desiste,
Na vantagem ele persiste, finge que se apaixonou.
Ele tá de olho,
É na butique dela,
Ele tá de olho,
É na butique dela.
sábado, novembro 01, 2003
Comercial de Margarina II
No ritmo, como sempre...
O Edu é uma delícia...
O meu sobrinho é uma delícia...
O meu querido Márcio é uma delícia...
Minha filha Fabi é uma delícia...
A Mara é uma delícia...
A Lica é uma delícia...
MARCELO ANTHONY É UMA DELÍCIA... E QUE DELÍCIA!!!!!
A intelectual
Troca o óculos, muda as roupas, te chamam "moderninha" e não adianta...
Começa a ouvir "Tati quebra barraco", conta piada, come hot dog de barraquinha e não adianta...
Valoriza sua "evolução" aumentando o decote, corta o cabelo, sorri mais e não adianta...
É só alguém falar sobre algum livro, filme, movimento político e a bicha se empolga...
Todo mundo arregala os olhos e pensa: Como ela é intelectual...
sexta-feira, outubro 31, 2003
Miguilim
Hoje li alguns trechos da novela "Campos Gerais", Guimarães Rosa, para minha mãe e não consegui segurar as lágrimas.
Aliás, esse foi o último livro que me fez chorar. Fiquei impressionada como Miguilim ainda me emociona, mesmo depois de ter aprendido a me distanciar do meu objeto de estudo. (Sim, pessoas, literatura é o meu principal objeto de estudo, a coisa que mais faço na vida é análise de textos literários, crítica literária etc.)
Acho que nunca vou querer estudar Miguilim, pois será preciso não me emocionar mais com sua infância sofrida.
E se meu velho acordasse?
Se do seu sono eterno levantasse e viesse até mim?
O que dizer, o que pensar? Poderia eu com minhas palavras, tão vãs quanto a luta que se faz com elas, expressar o quanto desejei tal momento?
Poderia fingir o sentimento vivido sem parecer fingimento?
Não! Seria como encontrar a felicidade e dali não haver mais motivos ou sentidos para continuar escrevendo.
Se Drummond dissesse que meus escritos valiam qualquer coisa, eles já não valeriam mais nada. Se Drummond dissesse que meus escritos não valiam nada, eles continuariam não valendo.
Bom, pelo menos poderíamos brindar ...
quarta-feira, outubro 29, 2003
Outra Vez
Isolda
Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi, dos amores que eu tive
o mais complicado
e o mais simples pra mim
você foi o melhor dos meus erros
a mais estranha história
que alguém já escreveu
E é por essas e outras
que a minha saudade faz lembrar
de tudo outra vez
Você foi a mentira sincera
brincadeira mais séria
que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez
Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade sem nada a perder
Você foi toda felicidade
Você foi a maldade
que só me fez bem
Você foi
o melhor dos meus planos
e o maior dos enganos
que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez
Eu não queria...
Eu não queria ter que tocar no assunto, porque acho que isso aqui é um blog, visitado geralmente por amigos, pois eu raramente divulgo e muitas vezes até prefiro não ser "linkada" por outros blogs, justamente para que a coisa fique entre amigos mesmo. E como é uma coisa entre meus amigos, não precisaria passar por essas situações, afinal, quem me conhece ou teve vontade de me conhecer, sabe da minha vida e se não sabe, pelo menos sabe que tem a liberdade de perguntar qualquer coisa que eu não me ofendo em responder.
Também não ligo se me façam críticas (desde que assinem para que eu saiba quem está falando, não precisa expôr-se no blog, mas para mim sim. - Ah, nem adianta me mandar ouvir Sandy&Junior porque isso não rola, como já fizeram aqui, uma vez).
Pode falar mal de mim e até me xingar, desde que eu entenda o motivo, mas o que aconteceu foi ridículo. Recebi alguns e-mails ofensivos, com endereços diferentes, mas com textos iguais. Não vou transcreve-los, pois são de extremo mau gosto, mas adianto que falavam sobre a minha orientação sexual de forma vulgar e cheia de preconceito. Eu nunca falei aqui sobre a minha orientação, poderia dizer que omiti porque ninguém tem nada a ver com isso, o que é verdade, mas tenho um blog e de certa forma deixo uma parte da minha vida exposta aqui. O fato é que nunca falei disso, porque iria parecer aquele quadro do Casseta e Planeta onde um cara que frequenta a sauna gay fica repetindo: "Eu não sou gay".
Eu sou heterossexual, porque gosto de pessoas do sexo oposto, no caso, homens. Mas o fato de ter uma orientação sexual que não enfrenta preconceito, não me dá o direito de achar que está tudo bem, pois não está. Todo mundo tem o mesmo direito - e isso é garantido por lei - por isso que faço propaganda de sites que lutam para que todos tenham o direito de amar, de se relacionar e de demonstrar carinho em público.
Fora isso, frequento bares gays, vou todo ano na parada do orgulho gay e tenho amigos homossexuais. Meu primeiro emprego na área de jornalismo foi em um site de baladas gays (o projeto não foi pra frente, infelizmente) e visto a camisa da causa. Contudo, não separo meus amigos por orientação sexual, a maioria é homossexual, sim, mas antes disso, são meus amigos e com quem eles se relacionam não faz a menor diferença, o importante é que eu gosto muito deles e sei o quanto é difícil enfrentar preconceitos, pois eu também os enfrentei, em todas as suas faces, afinal, venho de uma cultura diferente, sou da periferia de São Paulo e sou uma mulher "bicha", como ressaltam alguns. (Só não sou corinthiana, mas aí já é demais, né?)
Eu gostaria de viver em mundo em que não fosse preciso fazer campanhas para que as pessoas aceitassem a diferença. Gostaria de não estar escrevendo esse post e, principalmente, gostaria que as pessoas fossem julgadas por sua honestidade, sinceridade e caráter, não por sua orientação sexual.
Esses e-mails me ofenderam, não por me chamarem de lésbica (não foi esse o termo, aliás), mas pelas ofensas contidas porque a pessoa achou que essa fosse a minha orientação sexual. Não é, mas e se fosse, porque as ofensas e a indignação dessa pessoa? O que isso interfere na vida dele ou dela, seja lá quem for ? Qual o motivo de tanto ódio?
A única resposta que eu encontro é que pessoas assim são tão covardes que odeiam quem tem a coragem de se aceitar, o que não acontece com alguém que ofende os outros por serem homossexuais e nem tem coragem de assinar, quanto mais se aceitar.
Desculpem, meus amigos, eu nem ia tocar no assunto, mas comentei o fato com meu mais que AMADO amigo Negro Anjo e ele achou que eu deveria falar sobre isso, como ele também falou sobre o assunto em seu Folhetim.
É isso, espero não mais receber tais e-mails e já aviso, qualquer comentário de homofóbico nesse blog será apagado. Eu respeito a liberdade de expressão, mas não respeito preconceito.